• 21/07/2021
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OS FANFARRÕES DA CPI

 

Percival Puggina

 

            Segundo a mais surrada técnica, também na CPI do espalhafato, seus boquirrotos acusam os outros daquilo que estão fazendo.  O G1 do dia 7 de julho informou, com citação literal, devidamente entre aspas, e em negrito, que o senador Omar Aziz disse, durante a sessão da CPI:

Olha, eu vou dizer uma coisa, as Forças Armadas... os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo, fazia muitos anos".

A resposta do Ministério da Defesa foi áspera:

"Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos",

Na mesma linha de leviandade e irresponsabilidade, sempre querendo chamar a atenção pelo tom agressivo que é muito bem acolhido pelo jornalismo militante que invadiu a comunicação nacional, acusou a Polícia Federal de  ouvir testemunhas arroladas pela CPI para que estas possam se coloca na posição de investigadas e invocar o direito de ficar em silêncio. A PF contestou a presunção do senador.

A partir daí, matéria do G1 do dia 20/07 noticiou que “para a CPI, esse tipo de atrito tem sido estimulado pessoalmente pelo próprio Bolsonaro. Segundo senadores, a nota da Defesa sobre Aziz, por exemplo, teve a digital direta do Palácio do Planalto."

Então, segundo o Globo, um senador do grupo majoritário teria dito:

"Temos que ter o cuidado para não estimular esse tipo de tensão. Esse é o ambiente perfeito para Bolsonaro, que quer criar uma agenda paralela. Não podemos cair nessa armadilha”.

Vejam o total descompromisso com a sequência dos fatos e a ausência da mais comum percepção das relações entre causa e efeito. Simetricamente, quem fez a notícia calou o próprio senso crítico perante o que aconteceu e tornou informação para o país.

Esse tipo de jornalismo faz mal também a si mesmo, mas não percebe.