• Percival Puggina
  • 10/03/2023
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Cadeira vaga no STF

 

Percival Puggina

         Os ministros do nosso Supremo são os trabalhadores-modelo de qualquer reforma da Previdência. Podendo aposentar-se antes, só saem do cargo quando, por terem completado 75 anos, a lei os expele para os chinelos e para o aconchego do lar. Joaquim Barbosa foi a exceção que me ocorre. Pouco adepto da tal colegialidade (nome simpático para o velho e astuto “espírito de corpo”), ele se retirou prematuramente após o julgamento do Mensalão e a saída foi festejada por seus pares.

Misteriosa atração pelo trabalho árduo e pelas tribulações inerentes ao exercício do poder! Dessa prisão dos autos, os titãs da juristocracia invertem a norma e só se libertam, mesmo, em última instância.

No próximo dia 11 de maio, Ricardo Lewandowsky soprará um fogaréu de velinhas e deixará o STF. Essas labaredas eu conheço bem porque meu mais recente bolo tinha 78 delas e um vizinho diligente chegou a chamar os bombeiros. A aposentadoria de Lewandowsky poderia ser um momento nacional relevante, não houvesse a certeza de que Lula designará ao Senado o seu substituto.

A escolha de ministros do STF e das cortes superiores tem evidenciado ser uma dessas ocasiões em que PT faz o de sempre: pensa em si mesmo. Quer alguém integrado à esquerda-raiz e evidências de fidelidade. Para afastar quaisquer riscos, o partido aprendeu a escolher gente nova, disposta a entregar no mínimo um quarto de século às fainas e vigílias do poder.

A disputa pela cadeira vaga já deve estar em curso nos bastidores jurídicos e judiciais do país.

O novo ministro pode sair da USP, que produz esquerdistas como forno de padaria faz cacetinhos de 50 gramas; pode sair dos sempre agradecidos e festeiros juristas do grupo Prerrogativas (Prerrô para os íntimos); pode sair da turma sempre ouriçada da AJD – Associação Juízes para a Democracia; e pode sair dos tribunais superiores, menos provável porque formado por pessoas mais idosas.

Vindo da caneta de onde vem, é inevitável que o futuro ministro seja esquerdista e marxista. Só rogo a Deus que não seja stalinista.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Décio Antônio Damin -   14/03/2023 16:09:53

Caro professor, Todos tem indicado ao STF candidatos simpáticos ao seu modo de pensar e que atendam com fidelidade os seus anseios...! Quando escrevi "todos"não excluí nenhum dos últimos Presidentes da prática egoística, interesseira e pessoal relacionada aos próprios interesses...! "Notável saber Jurídico"...? Depois a gente vê...!!

Menelau Santos -   11/03/2023 21:05:35

Havia um colega cujo irmão trabalhou muitos anos no plantão de uma delegacia. Quando tocava o telefone no meio da madrugada ele comentava ironicamente que uma certeza já se tinha: não era coisa boa. Neste caso do próximo ministro do SFT, é a exata sensação que desperta.

Sadraque Santos Lima -   10/03/2023 16:50:59

A USP produz esquerdistas na mesma quantidade que forno de padaria produz cacetinhos de 50 gramas. Muito oportuna essa sua afirmação. Infelizmente, cada vez menos essas univerdades produzem profissionais de excelência porque se empenham quase exclusivamente em produzir militantes.

João Alberto Martens -   10/03/2023 13:53:17

Apenas pra constar: Nelson Jobim também saiu antes. Ele imaginava ser lançado candidato a vice do MDB mas foi preterido.