• Percival Puggina
  • 12/03/2022
  • Compartilhe:

“É HORA DE BOTAR A CARA NA RUA!”

 

Percival Puggina

 

         “É hora de botar a cara na rua!”, conclama um entusiasmado Caetano Veloso. Conheço pessoas que gostam de ouvi-lo, assim como a Maria Gadú, Daniela Mercury, Nando Reis, e a tantos outros, mas nunca encontrei alguém que se deixe conduzir pela opinião de algum deles sobre qualquer assunto. No entanto, são sempre ágeis em se posicionar e sua ação política atrai gente para ouvi-los cantar. Aproveitam-se disso e falam com domínio de palco e cena.

Foi assim que cerca de 40 cantores e atores promoveram, no último dia 9, uma concentração em Brasília, diante do Congresso Nacional para protestar contra o que chamam “Pacote da Destruição” (e não se referem ao programa de governo do Lula).  Escolheram cinco projetos, entre os quais alguns que tramitam desde 2002, 2004, 2007, fizeram um pacote e colaram a etiqueta, à moda do marketing esquerdista. Li essas propostas. Alguns corrigem demasias da legislação em vigor; outros, aparentemente, propõem certas demasias e talvez por isso se arrastem no tempo sem lograr aprovação.

O que me traz a escrever sobre o evento não é a usual concentração de membros da fraternidade dos companheiros. Não são eles que importam.  O precioso sob o ponto de vista político é o fato de mais de duzentas entidades se unirem para o protesto, entre eles os óbvios MST, Conselho Indigenista Missionário, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, MTST, Mídia Ninja, Greenpeace, CUT e por aí vai. Entendam, leitores.

Enquanto vamos organizando, lentamente, núcleos conservadores e liberais para que possamos ganhar existência operacional, a esquerda, para promover um evento envolvendo temas relativos ao meio ambiente e ao clima, estala os dedos e junta, em Brasília, mais de 200 entidades de diferentes portes. As “celebridades” atraem o público e está feita a festa. Ela reflete o resultado de um longo e persistente trabalho que explica certos resultados eleitorais.