Ontem, no Salão Júlio de Castilhos da Assembleia Legislativa, recebi a medalha do Mérito Farroupilha das mãos do deputado Mateus Wesp, autor da proposição que levou meu nome à consideração da Mesa Diretora do parlamento gaúcho.
Embora não me julgue possuidor de méritos para tanto, honrou-me receber tal reconhecimento através do jovem e ilustre parlamentar e professor, pós-doutor em Direito, líder da bancada estadual e presidente de seu partido (PSDB) no Rio Grande do Sul.
Temos as mesmas convicções sobre as causas institucionais dos problemas políticos, sociais e econômicos brasileiros. Esse traço de união e esse trabalho quase missionário que partilhamos há décadas está certamente na razão da presença de muitos outros amigos que, naquele nobre recinto, testemunharam o ato.
Ali estavam, também, irmãos de sangue e de fé cristã, amigos do Partido Progressista ao qual dediquei um quarto de século de minha vida, membros do movimento de cursilhos, da ADCE, da ADESG, defensores, todos, da democracia, da liberdade e do estado de direito. De fato, não de rótulo ou falso argumento.
Ao agradecer a honraria, depois de exaltar a brilhante carreira profissional e intelectual do deputado Wesp, apontei a tirania instalada no país, suas causas e o histórico empenho de muitos ali presentes em promover uma adequada reforma institucional no Brasil. As atuais deficiências, gravadas na pedra constitucional, compõem terrível armadilha pela qual somos periodicamente atraídos à danosa sucessão de crises sociais, econômicas e políticas cuja culminância estamos atingindo. A íntegra do solene ato, com os dois pronunciamentos, meu e do deputado Wesp, pode ser assistido AQUI.
Encantou-me particularmente algo que de modo fortuito percebi numa das fotos enviadas para mim nestas últimas horas. Nela estão três jovens e brilhantes deputados estaduais gaúchos – Mateus Wesp, Marcus Vinícius Almeida e Guilherme Pasin –, Leonardo Paschoal, prefeito reeleito de Esteio, e o ex-vice-prefeito de Porto Alegre, Gustavo Paim. No início do milênio, quando se ensaiavam para as atividades políticas a que se sentiam vocacionados, todos foram alunos da Fundação Tarso Dutra, da qual, por sugestão de Celso Bernardi, fui organizador e presidente ao longo de seis anos dedicados à formação de tais lideranças. Um trabalho do qual muito me orgulho pelos excelentes frutos, alguns dos quais luzindo entre os melhores do cenário federal. Que Deus a todos conduza e inspire, sempre, para o bem do Brasil, minha paixão e meu chão.
Percival Puggina
Anuncia o inesgotável senador Randolfe Rodrigues:
“O ministro Gilmar Mendes acabou de acatar um pedido da Rede Sustentabilidade para tirar do teto de gastos programas de combate à pobreza e à extrema pobreza. Uma vitória contra a fome e a favor da dignidade de TODOS os brasileiros!”.
Contesta o senador eleito General Mourão:
A decisão do Ministro Gilmar Mendes, excluindo o Bolsa Família do teto de gastos é mais uma clara interferência no equilíbrio entre os poderes, buscando reduzir a pressão da votação da PEC da transição ao mesmo tempo em que ignora qualquer preocupação com o equilíbrio fiscal.
Digo eu:
Como brasileiro, tenho vergonha dessa política feita através e pelo Poder Judiciário, de onde o disparate requerido sai fantasiado de bom Direito e de Democracia.
Para certas manobras contábeis, diz-se que “o dinheiro apenas troca de bolso”. Neste caso, autoriza-se que a falta de dinheiro em um bolso, troque para o outro.
Por vezes, vislumbro espasmos de genialidade nessa gente tão nociva ao país.
Percival Puggina
No fato mais comentado do dia, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que ainda tem muita gente para prender e muita multa para aplicar em relação a “atos antidemocráticos” e disseminação de “fake news”. Grandes veículos noticiaram a frase sem a mais tênue avaliação do que relatavam, sem perceber que faziam mais uma página do necrológio das instituições brasileiras.
O ministro havia participado do "Seminário STF em ação" ao lado de outros colegas, entre os quais o ministro Dias Toffoli, que falou antes dele. Ao falar, Toffoli chamou a atenção de Moraes para dados relativos a condenações nos Estados Unidos de pessoas que invadiram o Capitólio para impedir a posse de Joe Biden e de outras por propagar fake news.
Em sua vez de falar, o presidente do TSE, rindo, saiu-se com esta: “Fiquei feliz com a fala do Toffoli porque comparando os números ainda tem muita gente para prender e muita multa para aplicar”. (Ao fundo, ouvem-se aplausos...).
Tudo isso é tão cubano! Tão venezuelano! Essa “justiça” que opera em impenetrável circuito fechado e se diverte com a irrecorribilidade de suas decisões não é a justiça do Direito brasileiro, não é a justiça do devido processo, não é justiça de um estado de direito e, menos ainda, de um estado democrático de direito. Aliás, não tem ânimo nem alma do que seja uma justiça de verdade.
Ana Paula faz a radiografia de Tite
Não há nada mais comum no esporte do que as derrotas e as dores, lágrimas e lições que elas trazem. Derrotas fazem parte do próprio contexto do êxtase que existe nas glórias.
Para mim, com mais de 20 anos dedicados ao esporte, o que não é aceitável é a suprema covardia de quem abandona seus comandados, de quem, em um rompante narcisista e egoísta, abandona seus soldados em campo depois de uma batalha perdida.
O que Tite, técnico da seleção brasileira de futebol fez hoje depois da eliminação para a Croácia na Copa Mundo, é o degrau mais baixo que um técnico ou dirigente pode cruzar: o abandono de campo com seu batalhão ainda preso na trincheira pelas lágrimas, frustração e tristeza diante da derrota.
Eu poderia tentar elucidar de maneira mais elegante e não tão direta o que penso sobre o abandono de campo - e de seus jogadores ainda em campo - de Tite, mas não vou dourar pílula alguma: Tite é um covarde e o Brasil, apesar de brilhantes jogadores, perdeu para um técnico arrogante e covarde.
O esporte, assim como a vida e, por isso, profundas lições aprendidas ali são carregadas por onde você caminha, não premia covardes porque a covardia é repugnante, abjeta e inesquecível. E é exatamente nas derrotas que os covardes mais aparecem.
Tite deveria aprender com o técnico da seleção japonesa, também eliminada pela Croácia nos pênaltis. Após a frustrante e dolorosa eliminação, ele foi até a torcida, agradeceu com o tradicional gesto japonês, voltou ao meio do campo, falou com o grupo que estava unido em um círculo e depois cumprimentou cada um dos jogadores com lágrimas e gratidão nos olhos.
No esporte, há uma GIGANTESCA diferença entre ser um técnico ou um comandante e ser um LÍDER. Líderes deixam lições e memórias que você carregará para a eternidade.
Lições de companheirismo, lealdade, princípios, ética.
Assim ele narra o ocorrido:
Fui censurado!
Mais uma vez. Sim, mais uma vez, ou vocês acham que ser o escritor do Desconstruindo Paulo Freire é sinônimo de incomodar pouca gente?
Por aqui, há calo no lombo. Gritar trincheira não é só replicar o meu herói Hemingway, mas um estado de vida. Somos os novos punks.
Vejam isso, pessoal: eu e minha equipe, por meses, elaboramos a divulgação do meu novo curso A Era Vargas: o Brasil que não morreu - que vocês podem se inscrever no link disponível aqui no perfil. Meses! Não sou o sujeito que ejacula cursos, mas o professor que tem um cronograma estruturado de temas para os meus próximos anos. Posso não estar vivo, mas a organização existe. Então, hoje, sim, fui muito prejudicado, afinal, no momento da live inaugural, fui informado que estou bloqueado. Exatamente no momento! Todo um planejamento jogado pelo ralo em instantes. Segundos. Fiz o que pude para remendar o ferimento. Houve triunfo, mas com danos.
Faço o que posso diante dessa banalização do mal: ministro aulas gratuitas, restauro patrimônios, edito livros e tento montar cursos acessíveis financeiramente. Tudo isso pouco importa pois sou o vilão antidemocrático.
Hoje, fui muito prejudicado por uma plataforma que, na relação profissional que estabeleço com ela, não poderia ter feito isso. Vivemos em tempos de Guerra cultural. De um lado, o establishment nas suas variadas formas. De outro, uma resistência, quase mínima e que faço parte, formada por historiadores que romperam com a bovinagem.
De um modo muito pessoal eu peço: esteja comigo nesse novo curso. Vivemos o efeito do que Vargas semeou, e você precisa saber disso.
Obrigado aos que estiveram comigo.
Hoje a trincheira foi testada. Que Osório nos ajude.
Comento
Conheço o historiador Thomas Giulliano desde seus tempos de estudante. É um desses casos em que o sucesso é arrancado desde o âmago do ser humano, num contexto de severas dificuldades, com muito suor, chuva e sol no lombo, pestana queimada em livros, e livros, mais e mais livros que se erguem em pilhas porque não há espaço na horizontal.
Assim nasceu um historiador cujo trabalho é produto simbiótico de sua fé no que faz e de sua fé em Deus; historiador que ajuda a fazer a história de seu tempo sobre a análise constante dos fatos e a repetitiva coreografia dos atores.
De uns tempos para cá, a censura política (seja a oficial, seja a das plataformas) foi se tornando mais e mais ideológica. Formas refinadas de censura são fascismo, sejam de que cor forem.
Meus leitores certamente conhecem Thomas Giulliano através de suas participações em produções do Brasil Paralelo. Conheçam-no, também, através do seu site e dos seus cursos em www.thomasgiulliano.com.br.
Percival Puggina
Há, realmente, um contingente numeroso de pessoas que cujo respeito aos símbolos nacionais e cujo afeto ao Brasil são definidos pelo governante da hora. Se o presidente joga no seu clube ideológico, ele levanta a bandeira, põe na janela, torce pela seleção. Se o presidente é adversário, ele vira as costas para a bandeira ou sapateia sobre ela, imita o Tite e não canta o Hino Nacional, torce para que Neymar quebre a perna, para que a seleção nacional se desclassifique, quer que tudo de errado para o país
Desculpe a linguagem, um tanto fora do meu feitio, mas isso é sintoma de uma colossal debilidade de mente e espírito. Pessoas assim são incapazes de organizar um arquivo, de classificar, perceber diferenças e separar coisas distintas. Ou são submissas a um pacote homogêneo e fechado de ideias prontas e não querem reconhecer diferenças que ele desaconselha identificar.
No caso, trata-se de não confundir uma pessoa com a pátria. Trata-se de perceber que a pátria não é alguém e que o inverso também é verdadeiro. Fica evidente assim, do mesmo modo, que o amor à pátria é submisso à política, ou seja, é um amor de ocasião, tipo sexo casual.
Que pelo menos esses cidadãos cíclicos saibam: a gente vê o que fazem e temos palavras para descrever o que vemos.