• Percival Puggina
  • 06/12/2022
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Bispos cubanos pedem libertação de presos no Natal

 

Percival Puggina

         De início por curiosidade, depois por profundas razões humanitárias e preocupações brasileiras, desde muitos anos acompanho de modo constante a situação política e dos direitos humanos em Cuba.

Percebi, desde logo, a imensa influência dos acontecimentos de Cuba e da chamada Revolução Cubana sobre o pensamento e ação política da esquerda brasileira. Desenvolveu-se, aqui, uma mitologia que na ilha é decadente, mas se fez perene nos partidos de matriz revolucionária, com pequeno ou nenhum apego às liberdades próprias do regime democrático. Este é o invólucro açucarado de um comprimido que faz mal à saúde social, política e econômica.

No meu livro “A tragédia da Utopia” conto toda essa história, conforme a observei em sucessivas viagens e nas informações que cotidianamente recebo.

Hoje (06/12), visitando o site da jornalista independente e dissidente do regime, Yoani Sánchez, me deparo com o apelo colegiado dos bispos cubanos no sentido de que o governo liberte “um bom número de presos”. É sabido que os protestos de julho do ano passado recolheram e mantêm no cativeiro um “bom número” de presos políticos que se somam ao “estoque” então existente.

Aqueles grupos, cujas imagens encheram de esperança os olhos do Ocidente, estão na cadeia e a metade ainda aguarda um julgamento que, a alguns, já distribuiu pesadas penas de prisão. Matéria de O Globo de 22 de julho deste ano menciona condenados por até 25 anos! Informa que 790 pessoas foram indiciadas e que, destas, 414 estavam condenadas em última instância a penas entre 10 e 18 anos.

Em seu site, 14ymedio, Yoani Sánchez relata:

A Conferência dos Bispos Católicos de Cuba publicou esta quarta-feira uma mensagem na qual apontava "a fome, a solidão e a falta de liberdade" vivida pelos cidadãos da Ilha e apelava uma vez mais à libertação dos presos políticos. O comunicado, cujo tema é a preparação para o Natal, recorda ainda que há 25 anos o Governo aceitou declarar o dia como feriado.

(...)

Em sua mensagem, os bispos chamaram o povo cubano – “em meio a tanta escuridão e desânimo" – à esperança e a se comprometer com a transformação da história "a partir de dentro".

No momento mais crítico do comunicado, os bispos mencionaram “aqueles que sofrem de fome, solidão, falta de liberdade e esperam de nós um gesto de clemência ou misericórdia”. "Quanta alegria traria para suas famílias e para as pessoas em geral saber que, neste Natal, um bom número de presos são libertados e voltam para suas casas para voltar à vida normal e assim começar o novo ano!”, desejavam.

Pense nisso. Os bispos cubanos sabem onde mora o perigo.