• Fernão Lara Mesquita, em O Vespeiro
  • 24/06/2022
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Eleições democráticas x eleições brasileiras – 2

 

Fernão Lara Mesquita, em O Vespeiro

 

O Brasil discute apaixonadamente a insegurança das urnas e tem boas razões para isso. Ninguém recheia pacientemente um supremo tribunal com militantes, anula irreversivelmente as três instâncias do Poder Judiciário abaixo dele resgatando um criminoso condenado para enfia-lo diretamente na eleição e mata a pau o Poder Legislativo inteiro ao derrubar três votações democráticas maciças dos representantes eleitos do povo mandando imprimir um comprovante do voto alegando razões futeis porque esteja bem intencionado. Tirar da eleição o caráter de argumento indiscutível da pacificação nacional que a transparência da contagem dos votos lhe confere em todas as democracias do mundo certamente não vale os caraminguás que se quer "economizar" negando ao eleitorado brasileiro um comprovante do voto que ele possa ler.

Mesmo assim, na merda em que estamos a questão da urna chove no encharcado!

A "fraude", quando "aparece", verdadeira ou "falsa", consiste na pessoa votar num nome e seu voto ser transferido para outro pela máquina. Mas o fato é que o otário do eleitor brasileiro vota numa pessoa e elege outra sem o concurso de qualquer hacker. No sistema do voto proporcional essa transferência fraudulenta já é operada PELA LEI. Só 15 a 20% da fauna que habita os legislativos brasileiros, conforme lembrou artigo publicado ontem por José Serra em O Estado de S. Paulo, foi eleita por votos em sua pessoa. 80 a 85% dela ganhou o poder de ditar-nos leis "de carona".

Hoje essa fraude sistematizada está delimitada ao interior de cada "partido político" criado e sustentado pelo Estado. Até 2020 rolava até entre partidos diferentes, desde que estivessem mancomunados numa mesma "coligação".

O resultado é esse que está aí. O eleitor não sabe quem elegeu e o eleito não deve lealdade a ninguém senão ao "dono" do partido em que se homiziou. E sua única missão na vida passa a ser a de defender o sistema sem o qual jamais se elegeria e reelegeria, os menos ruins para ter privilégios vitalícios e hereditários às custas do favelão nacional, os mais iguais à média para assaltá-lo impunemente. 

E enquanto rasga-se assim, já não digo a nossa constituição drogada e prostituída, coitada, mas até a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos, a imprensa nacional das redações franqueadas aos "jornalistas" formados no "sistema educacional" criado pela fauna dos 15 a 85%, dança em frenesi a dança do "estado democrático de direito" em torno da fogueira da ignorância (e não só da ignorância) como um bando de anacrônicos pajés de uma tribo institucionalmente primitiva.

O resto da tragédia nacional é mera consequência.

Leia o restante do artigo aqui: https://vespeiro.com/2022/06/24/eleicoes-democraticas-x-eleicoes-brasileiras-2/