Francisco Ferraz
Nota do editor do site
Este e-book interessa pelo autor, temário, conteúdo e capa.
O professor Francisco Ferraz, ex-reitor da UFRGS e nacionalmente conhecido cientista político, criador e diretor do site Política para Políticos, acaba de lançar pela Amazon um e-book sobre fatos e personagens da História Política.
São palavras do qualificado autor, como introdução e apresentação de sua mais recente obra:
Este livro é composto de artigos sobre temas políticos diversos que possuem em comum sua singularidade, sua importância e relativo desconhecimento.
Os temas abordados são os mais variados. Desde uma revisão dos sistemas totalitários – fascismo, nazismo e comunismo – expondo os limites doentios de declarações e frases com que Mussolini, Hitler e Stalin pronunciavam sobre seus povos, bem como as expressões de culto à personalidade à outrance ditadas pelo pavor, pelo medo da perseguição, mas também por uma admiração devota ou por um amor sentido ou teatralizado.
Também há capítulos que contêm a narrativa de alguns filmes que ilustram episódios de origem histórica como Os fantasmas de Goya (inquisição espanhola); e a Carga da Brigada Ligeira - que narra a última ocasião em que a famosa Brigada Ligeira foi usada (Guerra da Criméia).
A brigada ligeira era a elite da cavalaria. Somente os mais hábeis cavaleiros e os mais rápidos cavalos dela faziam parte. Sua missão era atacar canhões com espadas e armas de fogo leves e captura-los como símbolo de vitória. Era uma batalha entre canhões e espadas; peças fixas e cavaleiros em alta mobilidade; munição pesada que destroçava animais e guerreiros e animais em extrema velocidade que avançavam em direção à artilharia. Canhões eram lentos para recarregar e eram úteis quando atiravam à distância. A carga da brigada ligeira era suicida para a maioria dos cavaleiros que eram destroçados pelos canhões e para os seus artilheiros quando a cavalaria chegava próxima deles com a espada desembainhada.
Os canhões procuravam atingir o máximo de cavaleiros à distância, enquanto podiam atirar seus projéteis; os cavaleiros precisavam com o máximo de velocidade chegar próximo aos canhões que perdiam sua função num combate corpo a corpo, onde a espada tornava-se a arma letal.
O capítulo sobre, A que depois de morta foi rainha se refere à expressão tão usada em Portugal e no Brasil sobre Inês de Castro: “Agora é tarde, Inês é morta”. É a história de um amor que termina não na morte de Inês, e sim na remoção de seu cadáver, no trono em que foi posta, no traje de rainha que a vestiu, na coroa a que tinha direito e na macabra cena dos nobres ajoelhando-se e beijando a mão da morta, imposta pelo rei seu viuvo como gesto de submissão à rainha...como se estivesse viva.
No capítulo sobre os Intermináveis aplausos a Stalin, é descrita a situação tragicômica dos aplausos a Stalin que nenhum membro do público atrevia-se a parar de aplaudir. Presente ou ausente Stalin era o alvo do aplauso que, uma vez iniciado ninguém se atrevia a parar de aplaudir (sempre haveria alguém para denuncia-lo!). Usando a ardorosa narrativa de personagens russos - entre eles Solzhenitsyn e Pasternak - esta situação de frequente ocorrência na União Soviética é descrita até o seu desenlace.
Tinha-se como certo que o mais longo aplauso(6 minutos) fora dado a Pavarotti. Descobriu-se mais tarde que foi Stalin quem recebeu o mais longo aplauso (11 minutos). O texto traz também o endereço no YouTube para você acompanhar a gravação deste aplauso que durou 11 minutos.
Outra situação peculiar é a Orquestra Fabril. No auge do entusiasmo revolucionário na União Soviética (1917/1918) surgiu um movimento para substituir a música clássica por uma outra de origem e características proletárias. Não mais Mozart, Beethoven, Bach, Tchaikovsky a revolução exigia a música proletária. Mas não com os instrumentos burgueses como violinos, piano, cello, flautas, fagotes.
Os novos instrumentos musicais tinham que ser aqueles usados pelos proletários para trabalhar: martelos, apitos, gemidos de máquinas, sirenas de fábricas; também não cabia fazer toda esta mudança e pôr um maestro de fraque a rege-la. O regente então ficava no teto do mais alto prédio das redondezas e, com duas bandeiras (uma em cada mão) regia a melodiosa composição.
Não durou muito este lance de criação revolucionária.
Também o livro contém dois capítulos mais longos. A narrativa do período de terror anarquista que se espalha na Europa no início do século XX, antes da I Guerra Mundial –Anarquismo a propaganda pelo ato e, a Caça às Bruxas, como arquétipo de manipulação do poder totalitário nas ditaduras e autoritarismos.
A análise mostra a similaridade da tecnica medieval de caça às bruxas e seus métodos com a polícia política e o poder judiciário em governos totalitários.
Por fim, num momento em que tanto se discute a universidade no Brasil, o discurso de Unamuno em defesa da universidade de Salamanca (em que era reitor) e da Espanha, enfrentando o General Millan-Astray, franquista, fascista extremado, brutal e sádico cujo lema era Viva la Muerte.
Uma última observação. É óbvio que uma variedade de temas como esta resulta de escolhas individuais do autor. Espero que a sua leitura agrade seus leitores.
ÍNDICE
1. ENTENDER O SEU TEMPO: CHAVE DO SUCESSO POLÍTICO
2. OS FANTASMAS DE GOYA-
3. FASCISMO E NAZISMO: DUAS TRAGÉDIAS ANUNCIADAS
4. OS INTERMINÁVEIS APLAUSOS A STALIN
5. SINFONIA FABRIL NA RUSSIA DE 1917
6. O GRANDE INQUISIDOR FIODOR DOSTOIEVSKI
7. CRIMEIA: O EPISÓDIO DA CARGA DA CAVALARIA LIGEIRA
8. “AGORA É TARDE, INÊS É MORTA”
9. A RESISTÊNCIA ITALIANA NA II GUERRA MUNDIAL E SEU HINO BELLA CIAO
10. A TRADIÇÃO COMO A SABEDORIA POLÍTICA INGLESA
11. O ANARQUISMO: A PROPAGANDA DO ATO
12. A “CAÇA ÀS BRUXAS”, A TRAJETÓRIA DE DESTRUIÇÃO DA DEMOCRACIA
13. UNAMUNO DISCURSO EM DEFESA DA UNIVERSIDADE
14. A DESTRUIÇÃO DA CATEDRAL DE CRISTO SALVADOR EM MOSCOU
15. UMA CIDADE AO MAR