• Percival Puggina
  • 09/06/2022
  • Compartilhe:

Por que não apontam ao próprio peito?

Percival Puggina

 

         Durante dois anos li e assisti importantes meios de comunicação, cientes de sua influência junto à opinião pública, defenderem com unhas e dentes o “Fique em casa!” e suas consequências, como o “lockdown” e o “Para tudo!”. A economia (e a fome da população mais pobre) a gente veria depois. O Brasil precisava estacionar para o vírus não circular.

Qualquer contestação a essas práticas era tratada como conduta “anticiência”, desumana, criminosa, dinheirista e genocida. Sob tais conceitos e determinações, idosos eram presos sentados em banco de praça. Sumiram os pipoqueiros, os ambulantes, as bancas de jornal, os catadores. Despovoaram-se os canteiros de obras. Empresas foram constrangidas a demitir. A produção caiu e o PIB despencou.

Por isso pergunto: como ocultar a indignação, quando vejo noticiário de ontem e jornais de hoje produzirem matérias sobre o aumento da fome a patamares dos anos 1990 nos quais a causa é a pandemia “e as políticas dos governos”, sem qualquer menção ao modo desumano e ineficaz com que a pandemia foi enfrentada?  Sem explicitar a principal relação entre a causa e seu efeito?  Sem baterem no próprio peito?

Tenho bem presente o empenho do governo federal em prover recursos para atender as necessidades básicas da população. E tenho bem presente as acusações sobre o caráter eleitoreiro de tais medidas! Tenho bem presente os adjetivos, as etiquetas e o peso da militância midiática que jogava sobre o presidente da República os males do vírus, as dificuldades da economia, o “mau exemplo” de sua presença nas ruas e a cotidiana reprovação de seus clamores pelo retorno à normalidade das atividades produtivas.

Com esse jornalismo de subsolo, militante, a “mídia tradicional”, que tanto agrado causa ao ministro Alexandre de Moraes, vê e analisa a realidade nacional.

*      A imagem acima é de ZH de hoje, com conteúdo do Estadão.