• 01/08/2014
  • Compartilhe:

SUJEITO OCULTO. E TROUXA.

 

 O ex-presidente Lula, nos últimos anos de seu mandato, desenvolveu o hábito de criticar as inspeções realizadas pelo Tribunal de Contas da União, da mesma forma como, nas suas campanhas eleitorais, fazia troça das multas aplicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. São fatos que valem por uma biografia. Tribunais atrapalham, vistorias também.

Outro dia, durante um debate em emissora de tevê, ouvi de um debatedor, em defesa do status quo nacional, que nunca se fiscalizou tanto as obras públicas e que o TCU, em inspeções recentes, havia gerado uma economia da ordem de R$ l bilhão. Todo contribuinte a par de como se dessangra a população com a imposição de tributos só pode se sentir ofendido com esse número. Por quê? Porque ele é representativo do que acontece em centenas de obras e serviços contratados pelo poder público, Brasil afora.

E não se trata, apenas, de superfaturamentos. Tampouco se trata de comprovação sobre, digamos assim, corretagens, paga a intermediários. Nem de fraudes concorrenciais mediante prévio acordo entre os licitantes. Em muitos casos, como nos noticiados hoje pelo Estadão, o TCU elabora relatórios demolidores apontando obras mal feitas, defeitos de projeto, rachaduras, afundamentos de pisos. Noutros, o tribunal indica deficiências de organização, de controle e da fiscalização exercida pelo próprio órgão contratante.

Nada surpreendente. Estamos habituados a ver obras recém inauguradas apresentarem defeitos que saltam aos olhos até do observador leigo. No entanto, receberam aprovação técnica, foram pagas e inauguradas com espocar de foguetes. Quando digo que as obras foram pagas eu estou usando um verbo com sujeito oculto. No caso, sujeito oculto e trouxa, ou seja, nós mesmos.