Percival Puggina
Existem veículos de mídia que terceirizam atividades não relacionadas diretamente com sua finalidade. E agem corretamente. Centralizam suas energias humanas e recursos financeiros naquilo que consideram fundamental ao melhor desempenho nas suas relações com o público.
Existem outros, contudo, e não são poucos, que terceirizam responsabilidades objetivas, como a correta interpretação de fatos e a denúncia de males que afetam a vida social, política e econômica dos cidadãos. Estou descrevendo uma situação comum. Jornais, emissoras de rádio e de televisão vêm, cada vez mais, transferindo para pessoas físicas, colunistas, comentaristas, colaboradores, a tarefa de emitir opinião mesmo sobre assuntos da maior relevância. É uma terceirização aplicada em situações onde a opinião do próprio veículo deveria ser entendida como exigência natural.
Quando o Diretório Nacional do PT, logo após a vitória da presidente Dilma na disputa para um segundo mandato, emitiu a Resolução que pode ser lida aqui, tudo que na mídia nacional se leu, assistiu e ouviu, salvo exceções, foi escrito, mostrado ou dito mediante autoria individual. Foi de modo terceirizado que a opinião pública recebeu informação e interpretação correta sobre o assustador conteúdo e significado do que foi resolvido pelo partido que nos governa.