• Percival Puggina
  • 03/01/2021
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UMA NOVA HISTÓRIA

 

Percival Puggina

 

            O esforço político despendido em muitas salas de aula para impregnar os jovens com ideias marxistas é de deixar sem fôlego um aluno atento.

            Toda história universal, dizem, deveria ser recontada na perspectiva dos oprimidos. E a história do Brasil faz parte importante desse novo  “cristal com que se mira” os acontecimentos.

Fui buscar meus livros. Eu precisava ver se deles constava alguma desinformação. Se ali dizia que os portugueses haviam comprado a terra dos índios, ou que Cabral foi um gentleman no bombardeio de Calicute, ou que os bandeirantes se faziam acompanhar de assistentes sociais e antropólogos em suas incursões pelo interior. Nada. Também não encontrei qualquer obra relatando que os negros tivessem vindo para o Brasil a bordo de transatlânticos, atraídos pelos  investimentos na lavoura açucareira. Tampouco li que as capitanias hereditárias fizeram deslanchar a reforma agrária, que Tiradentes se matou de remorso, ou que D. João VI foi um audacioso guerreiro português.

            Em livro algum vi ser exaltado o fervor democrático e a sensibilidade social da elite cafeicultora paulista. A única coisa que localizei foi uma breve referência ao fato de que a tentativa de escravizar índios não deu certo por não serem eles “afeitos ao trabalho sistemático” (e isso, de fato, era preconceituoso: ninguém, sem receber hora extra, moureja tanto, de sol a sol, quantos os índios).

            Mas a tal releitura vem impondo seus conceitos através da persistente ação de muitos professores ocupados com fazer crer que o conflito entre oprimidos e opressores, incluídos e excluídos seja o único e suficiente motor da história. Não é. Mas isso é outra história.