• Elio Gaspari, na Folha, 10/08/2015
  • 11/08/2015
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VEM AÍ NOVA PEDALADA NAS CONTAS DE LUZ

Vem aí uma nova pedalada, daquelas que passam despercebidas porque são complicadas e tornam-se simples quando aparecem como tungas. Cozinha-se uma pedalada elétrica que se materializará nas contas de luz dos próximos anos. Trata-se de jogar nos consumidores um espeto de R$ 20 bilhões que as empresas geradoras de energia hidrelétrica perderam por terem sido levadas a contratar serviços de usinas térmicas.

No Brasil criou-se um sistema maluco. Um órgão da burocracia do Estado, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), diz às geradoras quanta energia devem oferecer. As empresas não têm assento nesse comitê e só lhes resta obedecer. Se há chuva, há água e tudo vai bem. Se faltam chuvas, elas devem comprar energia mais cara às térmicas. Fazendo isso aumentam seus custos.

As empresas sustentam que compraram energia térmica porque o CMSE obrigou-as a operar numa situação financeiramente insustentável. A brincadeira teria custado uns R$ 20 bilhões. De algum lugar esse dinheiro deverá sair. Diversas geradoras conseguiram liminares na Justiça reconhecendo-lhes o direito de não pagar essa fatura.

Criada a encrenca, o governo e as elétricas poderiam expô-la publicamente, pois alguém terá que micar com pelo menos R$ 20 bilhões. Como ensina o bilionário Warren Buffett, quando você não sabe quem vai micar, procure um espelho. Cozinha-se em Brasília um jabuti para ser incluído na Medida Provisória 675. Ele dará às operadoras o direito de repassar a conta para as tarifas nos próximos anos.

Assim, a conta de luz ficou mais cara porque não choveu. Quando chover, continuará cara porque pedalaram nas contas.