Percival Puggina

       É impressionante a insistência com que a grande mídia, os partidos de esquerda, os filmes exibidos nos canais de streaming naturalizam o consumo de drogas. Está mais do que escancarada a intenção de apresentar o consumo como algo divertido, agradável, natural a um descontraído ambiente de festas e praticado por diferentes gerações. Amáveis vovôs e vovós divertidos e brincalhões, desses filmes são apresentados como consumidores habituais, aparentemente desejando mostrar que tais vícios não fazem mal algum... Os “companheiros” são terríveis, mas a verdadeira festa é de Satanás.

A assessoria de imprensa do deputado Federal Osmar Terra comunicou-me que o presidente do STF marcou para a próxima terça-feira (06/03), a retomada do julgamento do recurso que discute se o porte de drogas para consumo próprio pode ou não ser considerado crime.

Na linguagem do Supremo, trata-se de um julgamento. Na linguagem que eu entendo, trata-se de um ato normativo de competência do flácido Congresso Nacional. O STF vai se sobrepor ao parlamento para definir a matéria diferentemente do que foi legislado por quem tem a prerrogativa constitucional de fazê-lo. E fez.

A propósito, na matéria enviada por sua assessoria, o parlamentar gaúcho adverte que “o STF invade a competência do Congresso ao querer legislar e descriminalizar porte de maconha para uso pessoal. Este é um tema para o Poder Legislativo decidir. A lei foi votada por duas vezes no Congresso. O STF não está mais julgando se o artigo é constitucional ou não. Agora é a quantidade de maconha que a pessoa pode portar! Isto é função do Legislativo. Os ministros do STF extrapolam de sua atuação."

O deputado afirma, ainda, que se for liberado o uso de drogas, haverá más consequências. As pessoas vão andar com a droga, sem preocupação, levando-a a escolas e ambientes de convívio. E pergunta: “Ao aumentar o consumo da droga, cria-se um paradoxo: quem é que vende a droga? Vai aumentar o ganho do traficante. A venda é ilegal, mas usar droga é legal? Como se resolve isso? O próximo passo é legalizar tudo.”

O parlamentar, que foi Secretário da Saúde no RS durante oito anos, sustenta que “a droga é um fator de desagregação social, violência e morte em vida de milhões de brasileiros dependentes químicos. As comunidades terapêuticas, as Igrejas evangélicas e católicas sabem disso e estão se posicionando contra. A CNBB e as Igrejas estão se posicionando contra, pedindo ao Supremo que não aprove esse absurdo."

A Lei Antidrogas, diz ele, “foi aprovada no Congresso Nacional, e de novo referendada em 2019. Por duas vezes a Casa aprovou esse artigo.  Serão jogados ao deus-dará milhões de brasileiros que vão ficar à mercê do tráfico, da circulação da droga, do consumo, com a juventude iludida em relação a isso”.

 

Leia mais

 

Paulo Briguet 

       O projeto da esquerda para a educação das crianças está fundamentado no ódio ideológico e na negação da realidade.

Lembro-me como se fosse hoje. Há 39 anos, no Colégio Cidade de Araçatuba, tivemos nossa primeira aula de história no primeiro colegial. O professor indicou, como leitura obrigatória, o livro "A Ilha", de Fernando Morais, que trazia na capa uma foto do ditador cubano Fidel Castro. Esse livro — uma ode ao regime comunista — foi o nosso principal conteúdo naquele semestre. Ao final do ano, muitos de nós, inclusive este futuro cronista de sete leitores, éramos perfeitos militantezinhos socialistas.

De 1985 para cá, tive inúmeros professores de socialismo. No colegial, nem todos eram de esquerda, mas os mais populares eram. Na faculdade, já morando em Londrina, a esmagadora maioria dos docentes era esquerdista. Foram longos anos aprendendo a fazer revolução. Essa dominação mental foi rompida inicialmente por Paulo Francis e definitivamente por Olavo de Carvalho, o meu professor de realidade. Só abandonei a esquerda na virada dos 30.

As cenas tétricas da última Conae — onde a militância mostrou explicitamente o seu plano revolucionário para a educação brasileira nos próximos dez anos — abriram os olhos de muitos pais de família e educadores sérios para o tamanho do abismo em que estamos nos metendo. É lógico que esse plano não começou ontem — trata-se de algo que vem sendo construído há mais de meio século. Mas a esquerda pretende usar este quinto mandato petista para consolidar o seu domínio sobre as almas de nossas crianças. Acreditem: isso é ainda mais perigoso e nocivo que a Stasi do Alexandre de Moraes.

Em 1918, um ano depois do golpe de Estado que ficou conhecido como Revolução Russa, uma eminente educadora russa, Zlata Lilina escreveu o seguinte:

"Precisamos transformar os jovens em uma geração de comunistas. Crianças, como cera macia, são muito maleáveis e devem ser moldadas como bons comunistas... Precisamos resgatar as crianças da influência prejudicial da família... Precisamos nacionalizá-las. Desde os primeiros dias de suas pequenas vidas, elas precisam se encontrar sob a influência benéfica das escolas comunistas... Obrigar a mãe a dar o filho ao Estado soviético? esse é o nosso dever."

Na mesma época, a dirigente comunista e professora Nadezhda Krupskaia afirmou:

"A distinção entre a vida privada e a vida pública fatalmente levará a uma traição do comunismo".

Segundo Krupskaia, a ideia de uma vida privada separada da política não fazia sentido — e, portanto, a esfera pessoal deveria estar submetida ao controle público.

Krupskaia e Lilina eram respectivamente esposas de dois dos mais importantes líderes da Revolução, Vladimir Lênin e Grigori Zinoviev. Nos primeiros anos do regime soviético, a família era vista como a primeira arena em que se daria a luta pela construção do socialismo. Os comunistas consideravam a família como uma instituição nociva, egoísta e conservadora, "uma fortaleza da religião, da ignorância e do preconceito que oprimia mulheres e crianças".

Não é por acaso que, cem anos depois, os militantes socialistas da Conae continuem centrando seus ataques na família. "Os pais não são donos das crianças", vivem repetindo os militantes. Para formular essa frase, parte-se da premissa de que alguém pode ser dono de alguém. E a tese hegemônica da esquerda é de que as crianças são propriedade do Estado.

Os ataques à educação domiciliar (homeschooling) e a virulência da militância LGBT nos debates da Conae mostram que a família continua sendo o grande inimigo da educação socialista. A esquerda "denuncia" a proposta de "descriminalizar" o homeschooling (ou seja, educar as crianças em casa é um crime para eles), ao passo que a difusão da agenda LGBT para crianças é um direito sagrado e inquestionável. Afinal, como disse um delegado durante a Conae, "precisamos garantir a inclusão de nossos corpos e nossas corpas".

A educação socialista é inteiramente fundamentada no ódio e na negação da realidade. No Documento de Referência da Conae, os alvos do ódio são explícitos: a extrema-direita, o conservadorismo, o cristianismo, as escolas confessionais, as escolas privadas, as escolas cívico-militares, o agronegócio, o homeschooling. O verdadeiro problema da educação brasileira — a baixíssima qualidade do ensino — é ignorado em nome do combate a espantalhos ideológicos. A qualidade de ensino foi substituída, no Documento de Referência da Conae, por uma enigmática "qualidade social". Em outras palavras, a educação de qualidade é aquela que segue o programa socialista.

Nossa única esperança é que os congressistas venham a coibir esses abusos no Plano Nacional de Educação, em 2025. Mas será que vai existir direita no Brasil até lá?

*    O autor, Paulo Briguet, é escritor e editor-chefe do BSM. Autor de Nossa Senhora dos Ateus e O Mínimo sobre Distopias.

Leia mais

 

Leandro Ruschel

        Ontem, uma corte de NY decidiu multar Donald Trump em US$ 355 milhões por suposta fraude contábil num processo civil, além de suspender seus negócios em NY por três anos, o que é uma sentença de morte ao negócio.

Segundo a procuradora de extrema-esquerda que levou o caso adiante, Trump inflou o valor dos seus ativos para tomar empréstimos bancários.

Trump contesta de forma veemente as acusações. O fato é que os empréstimos foram pagos, e ninguém foi prejudicado.

O caso girou em torno do valor da sua propriedade em Mar-a-lago, na Flórida. A avaliação da casa oficial de Trump é complexa, porque parte da propriedade é tombada.

O fato incontestável é que esse processo jamais existiria, se o dono da empresa questionada não fosse Donald Trump. A esquerda quer destruí-lo de qualquer forma, e estão utilizando o Judiciário como ferramenta para atingir o objetivo.

No mês passado, uma mulher que acusou Trump de estupro, sem nem mesmo se lembrar ao certo o ano em que o abuso teria ocorrido, ainda na década de 90, foi agraciada com uma indenização de US$ 88 milhões. A própria defesa dela, bancada por um bilionário globalista, tinha pedido US$ 8 milhões...

Para deixar claro o caráter de show trial do caso julgado ontem, o juiz participo de uma sessão de fotos para a imprensa, em que ele aparece sorrindo para as câmeras. O aparelhamento dos tribunais significa a morte da Justiça. Os EUA ainda não chegaram no nível brasileiro de captura da Justiça pela esquerda, mas o caminho está traçado.

*       Reproduzido de postagem do autor na plataforma X.

Leia mais

Declaração de Westminster

141 personalidades internacionais

03/02/2024

Declaração assinada por 141 personalidades internacionais

         Escrevemos na qualidade de jornalistas, artistas, escritores, ativistas, profissionais da tecnologia e acadêmicos para fazer um alerta a respeito do aumento da censura internacional, que ameaça corroer normas democráticas centenárias.

Vindo da esquerda, da direita e do centro, estamos unidos pelo nosso compromisso com os direitos humanos universais e a liberdade de expressão, e estamos profundamente preocupados com as tentativas de rotular a expressão protegida como ‘desinformação’ e outros termos mal definidos.

Esse abuso de termos resultou na censura de pessoas comuns, jornalistas e dissidentes em países de todo o mundo.

Tal interferência no direito à liberdade de expressão suprime discussões legítimas sobre questões de interesse público urgente e mina os princípios fundamentais da democracia representativa.

Em todo o mundo, agentes governamentais, empresas de mídia social, universidades e ONGs estão cada vez mais trabalhando para monitorar cidadãos e roubá-los de suas vozes. Esses esforços coordenados em grande escala são às vezes chamados de ‘Complexo Industrial da Censura’.

Este complexo muitas vezes opera através de políticas governamentais diretas. Autoridades na Índia[1] e na Turquia[2] se apossaram do poder de remover conteúdo político das redes sociais. O legislativo da Alemanha[3] e o Supremo Tribunal Federal do Brasil[4] estão criminalizando o discurso político. Em outros países, medidas como o Projeto de Lei de ‘Discurso de Ódio’ da Irlanda,[5] o Ato de Crime de Ódio da Escócia,[6] o Projeto de Lei de Segurança Online do Reino Unido[7] e o Projeto de Lei da ‘Desinformação’ da Austrália[8] ameaçam restringir severamente a expressão e criar um efeito inibidor.

Mas o Complexo Industrial da Censura opera através de métodos mais sutis. Estes incluem filtragem de visibilidade, aplicação de rótulos e manipulação de resultados de mecanismos de busca. Através de suspensões, banimentos e denúncias, os censores das redes sociais já silenciaram opiniões legalmente permissíveis em assuntos de importância nacional e geopolítica. Fizeram-no com o total apoio de ‘especialistas em desinformação’ e ‘checadores de fatos’ na mídia convencional, que abandonaram os valores jornalísticos de debate e investigação intelectual.

Como os Arquivos do Twitter revelaram, empresas de tecnologia frequentemente realizam ‘moderação de conteúdo’ censória em coordenação com agências governamentais e a sociedade civil. Em breve, o Ato de Serviços Digitais da União Europeia formalizará essa relação, fornecendo dados das plataformas a ‘pesquisadores credenciados’ de ONGs e da academia, relegando nossos direitos de expressão ao arbítrio dessas entidades não eleitas e imunes a escrutínio.

Alguns políticos e ONGs[9] estão até mesmo visando aplicativos de mensagens criptografadas de ponta a ponta como WhatsApp, Signal e Telegram.[10] Se a criptografia de ponta a ponta for rompida, não teremos mais nenhum canal restante para conversas privadas autênticas no âmbito digital.

Embora a desinformação estrangeira entre estados seja um problema real, agências projetadas para combater essas ameaças, como a Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura nos Estados Unidos, estão cada vez mais sendo voltadas para dentro, contra o público. Sob o pretexto de prevenir danos e proteger a verdade, a expressão está sendo tratada como uma atividade permitida em vez de um direito inalienável.

Reconhecemos que palavras podem às vezes causar ofensa, mas rejeitamos a ideia de que sentimentos feridos e desconforto, mesmo que agudos, são motivos para a censura. A expressão aberta é o pilar central de uma sociedade livre e é essencial para responsabilizar governos, empoderar grupos vulneráveis e reduzir o risco de tirania.

Proteções à expressão não são apenas para pontos de vista com os quais concordamos; devemos proteger vigorosamente a expressão para os pontos de vista a que mais fortemente nos opomos. Somente na praça pública essas visões podem ser ouvidas e devidamente desafiadas.

Além disso, repetidamente, opiniões e ideias impopulares ao fim se tornaram sabedoria convencional. Ao rotular certas posições políticas ou científicas como ‘desinformação’, nossas sociedades correm o risco de ficar presas em paradigmas falsos que roubarão a humanidade de conhecimentos conquistados a duras penas e eliminarão a possibilidade de adquirir novos conhecimentos. A liberdade de expressão é a nossa melhor defesa contra a desinformação.

O ataque à expressão não diz respeito apenas a regras e regulamentos distorcidos — é uma crise da própria humanidade. Toda campanha de igualdade e justiça na história dependeu de um fórum aberto para expressar discordância. Em inúmeros exemplos, incluindo a abolição da escravidão e o movimento pelos direitos civis, o progresso social dependeu da liberdade de expressão.

Não queremos que nossos filhos cresçam em um mundo onde vivam com medo de expressar suas opiniões. Queremos que eles cresçam em um mundo onde suas ideias possam ser expressas, exploradas e debatidas abertamente — um mundo que os fundadores de nossas democracias imaginaram quando consagraram a liberdade de expressão em nossas leis e Constituições.

A Primeira Emenda dos EUA é um forte exemplo de como o direito à liberdade de expressão, de imprensa e de consciência pode ser firmemente protegido pela lei. Não é preciso concordar com os EUA em todas as questões para reconhecer que essa é uma ‘primeira liberdade’ vital da qual todas as outras liberdades se seguem. É só pela liberdade de expressão que podemos denunciar violações de nossos direitos e lutar por novas liberdades.

Também existe uma proteção internacional clara e robusta para a liberdade de expressão. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)[11] foi elaborada em 1948 em resposta às atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. O Artigo 19 da DUDH afirma: ‘Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de manter opiniões sem interferência e de procurar, receber e transmitir informações e ideias através de qualquer meio e independentemente de fronteiras’. Embora possa haver necessidade de governos regularem alguns aspectos das redes sociais, como limites de idade, essas regulamentações nunca devem infringir o direito humano à liberdade de expressão.

Como é deixado claro pelo Artigo 19, o corolário do direito à liberdade de expressão é o direito à informação. Em uma democracia, ninguém tem monopólio sobre o que é considerado verdadeiro. Em vez disso, a verdade deve ser descoberta através do diálogo e do debate — e não podemos descobrir a verdade sem permitir a possibilidade de erro.

A censura em nome de ‘preservar a democracia’ inverte o que deveria ser um sistema de representação de baixo para cima para um sistema de controle ideológico de cima para baixo. Essa censura é, em última análise, contraproducente: semeia desconfiança, incentiva a radicalização e deslegitima o processo democrático.

No curso da história humana, ataques à liberdade de expressão foram um precursor de ataques a todas as outras liberdades. Regimes que corroeram a liberdade de expressão sempre, inevitavelmente, também enfraqueceram e prejudicaram outras estruturas democráticas centrais. Da mesma forma, as elites que hoje defendem a censura também estão minando a democracia. O que mudou, no entanto, é a escala ampla e as ferramentas tecnológicas através das quais a censura pode ser posta em prática.

Acreditamos que a liberdade de expressão é essencial para garantir nossa segurança contra abusos de poder do Estado — abusos que historicamente representaram uma ameaça muito maior do que as palavras de indivíduos solitários ou mesmo grupos organizados. Pelo bem-estar e florescimento humano, fazemos as seguintes três reivindicações.

  • Pedimos aos governos e organizações internacionais que cumpram suas responsabilidades para com o povo e defendam o Artigo 19 da DUDH.

  • Pedimos às corporações de tecnologia que se comprometam a proteger a praça pública digital conforme definido no Artigo 19 da DUDH e se abstenham de censura politicamente motivada, censura de vozes dissidentes e censura de opinião política.

  • E, finalmente, pedimos ao público em geral que se junte a nós na luta para preservar os direitos democráticos do povo. Mudanças legislativas não são suficientes. Também devemos construir uma atmosfera de liberdade de expressão desde a base, rejeitando o clima de intolerância que incentiva a autocensura e que cria conflitos pessoais desnecessários para muitos. Em vez de medo e dogmatismo, devemos abraçar a investigação e o debate.

Defendemos o seu direito de fazer perguntas. Discussões acaloradas, mesmo aquelas que podem causar angústia, são muito melhores do que não ter discussões.

A censura rouba-nos da riqueza da própria vida. A liberdade de expressão é a base para criar uma vida de significado e uma humanidade próspera — através da arte, poesia, drama, história, filosofia, música e mais.

Esta declaração foi o resultado de uma reunião inicial de defensores da liberdade de expressão de todo o mundo que se reuniram em Westminster, Londres, no final de junho de 2023. Como signatários desta declaração, temos discordâncias políticas e ideológicas fundamentais. No entanto, é apenas pela união que derrotaremos as forças crescentes da censura para que possamos manter nossa capacidade de debater e desafiar abertamente uns aos outros. É no espírito da diferença e do debate que assinamos a Declaração de Westminster.

*         Traduzido por: Eli Vieira, jornalista e biólogo genético

**        Transcrito do original acessível em https://westminsterdeclaration.org/portugues, que inclui nomes, credenciais dos signatários e notas de rodapé.

Leia mais

 

Peter Kwasniewski 

          Todo o mundo diz que "a educação é a chave para o futuro, a solução para os nossos problemas, a única maneira de formar o destino da nação". Mas quem realmente entende o que é a educação? 

Para os burocratas do governo, muitas vezes é uma palavra da moda que significa: gastar muito dinheiro com profissionais que buscam interesses próprios, mesmo que muitas pesquisas demonstrem que os estudantes estão ficando cada vez mais imbecilizados, sem capacidade de raciocínio e conhecimento cultural — de fato, nem mesmo caligrafia legível, grafia correta ou gramática básica. Sem falar na imoralidade desenfreada que é promovida por "educadores" e legisladores, que evidentemente querem que a sociedade seja tomada por hordas de homens e mulheres escravos de suas paixões. 

Educação, do latim ex ducere, significa "liderar" [1] — então, a questão lógica é: liderar a partir de quê e para quê? Da ignorância, do erro e do pecado, ao conhecimento, à verdade e à santidade. A educação deve refletir a trajetória do povo de Israel, conduzido da escravidão, no Egito, à liberdade em Canaã. A verdadeira educação pressupõe a revelação cristã da situação decaída do ser humano e da sabedoria do alto que pode curá-lo e elevá-lo. 

A educação deve refletir a trajetória do povo de Israel, conduzido da escravidão, no Egito, à liberdade em Canaã. 

Este é, de fato, o significado mais básico do tempo do Advento, com o qual a Igreja Católica, em seus ritos ocidentais, começa cada novo ano litúrgico: recomeçamos repetidas vezes a partir do desejo de libertação da escravidão, que perdura há muitos séculos e é também o nosso desejo. Como afirma São Paulo: "Sabemos que toda a Criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo" (Rm 8, 22-23). 

É necessário admitir que entre os seres humanos não existe um mestre que esteja completamente livre de ignorância, erro e pecado, por mais inteligente ou bem-intencionado que seja. Entretanto, alguns pecados são qualitativamente piores que outros; alguns erros são mais densos e nocivos que outros; e alguns tipos de ignorância são muito mais terríveis que outras. Os professores não precisam ser perfeitos para serem instrumentos eficazes da Sabedoria Eterna e Encarnada, que está além de todos nós. Basta que estejam atrelados à verdade que nos liberta; que indiquem a beleza da santidade; e que demonstrem a aspiração constante por descobrir a realidade das coisas. Se assim for, bem-aventurados serão os seus alunos, que compreenderão o que significa viver plenamente em Cristo. 

Em 15 de dezembro de 2011, o Papa Bento XVI fez uma homilia, durante a oração das Vésperas com universitários de Roma, partindo da Carta de São Tiago (5, 7): "Tende, pois, paciência, meus irmãos, até a vinda do Senhor. Vede o agricultor: ele aguarda o precioso fruto da terra e tem paciência até receber a chuva do outono e a da primavera" (5, 7). Aí ele falou da "atitude interior de nos prepararmos para ouvir e acolher novamente o anúncio do nascimento do Redentor na gruta de Belém, um mistério inefável de luz, amor e graça". Como professor, muitas vezes fico impressionado com quanta paciência, dedicação e atenção são necessárias, tanto por parte dos alunos quanto por parte das instituições de ensino, para se acolher a espantosa verdade de que a Palavra Eterna do Pai — a Sabedoria Divina em que e para quem todas as coisas existem — tornou-se homem, a fim de que possamos nos tornar como Deus, sendo "divinizados" através de sua graça. 

Entre os seres humanos não existe um mestre que esteja completamente livre de ignorância, erro e pecado. 

Esta é a verdade determinante para a nossa salvação, é a premissa fundamental do cristianismo. Cada Advento nos recorda a necessidade que temos do auxílio de outrem — não apenas de outras pessoas, mas, de forma mais precisa, de outra fonte que não seja a humanidade decaída ou qualquer elemento da ordem natural. Cada Natal nos lembra da bondade inefável de Deus para conosco, não porque merecemos, mas porque necessitamos. Essa é uma verdade que qualquer pessoa — até a mais simples, pobre ou iletrada — é capaz de a ouvir e acolher, nela crer e se alegrar. 

Infelizmente, também se trata de uma verdade que o mundo, a carne e o diabo odeiam ouvir e se esforçam incessantemente para suprimir com uma variedade de ferramentas: programas governamentais progressistas, doutrinação secularista compulsória, descrédito social, desprezo profissional, refutações sofísticas, alternativas ilusórias, ameaças violentas ou o velho silêncio. É por isso que, em todas as épocas, houve a necessidade e, sempre haverá, de que os católicos se formem como professores, pregadores, apologistas, escritores, testemunhas e líderes de referência. Porém, não haverá formação de católicos sem o mesmo tipo de trabalho árduo e persistência paciente que caracteriza o agricultor mencionado na Carta de São Tiago. 

Santo Agostinho, um dos maiores pregadores e mestres de todos os tempos, compreendeu muito claramente que, para alcançar um entendimento básico dos mistérios da Revelação divina, é preciso dedicar-se a todo um grupo de discípulos com constância, energia e concentração. O trabalho é gratificante e desgastante para a nossa natureza humana; geralmente não vemos o que está por vir, de onde viemos ou como teremos sucesso. Nesse sentido, o Papa Bento XVI afirmou aos estudantes universitários na homilia supramencionada: 

A exortação do Apóstolo à constância paciente, que no nosso tempo poderia deixar-nos um pouco perplexos, é na realidade o caminho para acolher profundamente a questão de Deus, o sentido que Ele tem na vida e na história, porque precisamente na paciência, na fidelidade e na constância da busca de Deus, da abertura a Deus, Ele revela a sua Face. Não temos necessidade de um deus genérico, indefinido, mas do Deus vivo e verdadeiro, que abra o horizonte do futuro do homem a uma perspectiva de esperança firme e segura, uma esperança rica de eternidade e que permita enfrentar com coragem o presente em todos os seus aspectos.  

Certamente é disso que a nossa época precisa: a revelação do rosto de Deus, para que possamos ter esperança. O mundo, tão amado por Deus e tão contrário a Ele, não conseguirá aquilo de que necessita sem homens e mulheres sedentos de Deus, que desejem ver sua face, e viver unidos a Ele, confiantes nas suas promessas  — e que, ao mesmo tempo, estejam capacitados para "responder em vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança" (1Pd 3, 15). 

As palavras do Papa emérito são fundamentais para prosseguirmos com o "cultivo" da vida intelectual, onde os resultados não são instantâneos e onde a tecnologia não pode substituir o caráter e a sabedoria: 

A paciência é a virtude daqueles que confiam nesta presença na história, que não se deixam vencer pela tentação de depositar toda a esperança no imediato, em perspectivas puramente horizontais, em programas tecnicamente perfeitos, mas distantes da realidade mais profunda, aquela que confere a dignidade mais excelsa à pessoa humana: a dimensão transcendente, ser criatura à imagem e semelhança de Deus, trazer no coração o desejo de se elevar a Ele. 

O objetivo da educação liberal não é formar seres perfeitos a partir da instrução de seres que já são perfeitos; mas iniciar uma vida de aprendizado com o único e verdadeiro Mestre, Jesus Cristo, libertando a mente e o coração dos escombros de uma civilização que está em colapso, porque é escrava de suas paixões. Os estudantes que recebem essa educação têm a oportunidade de encontrar uma liberdade espiritual mais preciosa do que todas as riquezas deste mundo. 

Hoje, são as escolas católicas mais novas e geralmente muito pequenas e independentes que oferecem a seus alunos um ambiente católico propício à oração e ao discernimento, um currículo relevante, com professores dedicados, a oportunidade de amizades honrosas e a inspiração para buscar as verdades perenes sobre Deus, o homem e o mundo, sem as quais perecemos na miséria de nossos confortos materiais e em nosso desespero existencial. 

Sem a Verdade, perecemos na miséria de nossos confortos materiais e em nosso desespero existencial. 

Quando Natanael, de forma cética, pergunta: "Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré?" (Jo 1, 46), Filipe, ao responder, não inicia uma discussão, mas lhe faz um convite, e até um desafio: "Venha e veja". Sim, precisamos ir e ver o que essas escolas estão fazendo a crianças, adolescentes e jovens adultos, futuros cônjuges, padres e religiosos. Elas estão atendendo a um chamado que é semelhante ao do Advento: praticar um cultivo paciente, fiel e inabalável dos corações e das mentes, para o bem das almas e a glória de Deus. 

*         Publicado originalmente em https://padrepauloricardo.org/blog/ainda-e-possivel-uma-educacao-de-fato-catolica, no dia 17 de dezembro de 2019.

 

Leia mais

 

Leandro Ruschel

        Há uma matéria no portal UOL que demonstra a total incapacidade da militância de redação em compreender como a economia funciona, por conta da sua mentalidade socialista.

A reportagem em questão apresenta o fim da lei de aluguel na Argentina, determinada por Milei, como uma ameaça à moradia de milhares de pessoas.

A lei colocava uma série de limitações nos preços dos alugueis, promovendo preços artificialmente baixos, o que obviamente RETIRA do mercado um grande número de imóveis, além de desestimular a construção de novas moradias.

No próprio texto, é mencionado que há um grande número de imóveis desocupados em Buenos Aires, mas a autora não parece fazer a conexão entre esse número e a antiga lei que produzia, na prática, subsídios às moradias, bancados pelos proprietários.

Agora, com o fim da lei, o mercado volta a funcionar livremente, o que produzirá preços realistas. Obviamente, o primeiro choque é doloroso para quem estava acostumado a preços artificialmente baixos, mas no médio e longo prazo, a medida aumentará a oferta, pois produzirá incentivos para que o estoque seja disponibilizado ao público, além de incentivar novas construções, o que deve provocar uma diminuição do preço e maior acesso.

É a mesma lógica do tabelamento de preços: num primeiro momento, há uma percepção de produtos mais baratos, mas os produtos com preços tabelados rapidamente se esgotam, gerando a falta de tudo, já que não vale a pena para qualquer produtor vender abaixo do preço de custo.

Na cabeça dos socialistas, a riqueza cai do céu, e o único trabalho deveria ser distribuí-la de forma "justa". Na verdade, a riqueza precisa ser criada, o que só acontecerá num ambiente de livre mercado, com o estímulo do lucro.

Depois de décadas de uma população acostumada a todo tipo de intervenção estatal, será dolorosa, num primeiro momento, a volta à realidade, especialmente para aqueles que orbitam a máquina estatal e têm acesso às regalias bancadas pelo resto da sociedade.

Mas se Milei conseguir implementar as reformas, vencendo a revolta dos parasitas de sempre, a Argentina voltará a ser um país rico, e livre, o que beneficiará todo o povo.

 

Leia mais