• 13/11/2022
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Agora, faz um L.

 

Percival Puggina

         Em 2009, Lula cumpria o penúltimo ano de seu segundo mandato. Os anteriores foram de euforia. Moeda estável, commodities em alta, receita pública em rota ascendente. Meio bilhão de chineses haviam entrado no mercado mundial consumindo o que houvesse para comprar. O PIB sorria e o mundo não espirrava nem arquejava. A revista The Economist publicou a famosa capa em que o Cristo Redentor foi representado como um foguete cuspindo fogo e decolando do Corcovado. Sobre a cena, a manchete de capa: “Brazil takes off!”.

Oito anos depois, a mesma revista estamparia idêntico cenário, mas o Redentor era um foguete em queda livre, sob o título inverso: “Brazil blown it”.

Infelizmente, nada do que fora positivo podia ser creditado ao estadista de Garanhuns. Ele e os seus se haviam oposto ao Plano Real de onde vinham as virtudes da estabilidade monetária e da credibilidade. O acelerador da prosperidade interna fora pisado off shore, pelo mercado externo. Exatamente quando tudo ia bem com as receitas em alta, se revelou a irresponsabilidade e a incompetência da gestão petista. As despesas fixas acompanharam essa ascensão anunciando o déficit por vir. E ele veio. Veio com a Copa, com os Jogos Olímpicos, com as obras mal planejadas que não terminariam, com as novas estatais (41 para ser exato!); veio com a corrupção, com os empréstimos a Cuba mediante garantia em charutos e a outros mais do que duvidosos devedores (a maioria dos quais membros da fraternidade comunista do Foro de São Paulo).

Agora, enquanto o dólar sobe e a Bolsa cai, impulsionados ambos pelas declarações de Lula firmando compromisso com a irresponsabilidade fiscal e querendo gastar R$ 200 bi que nao existem, seu homem de então no Banco Central, Henrique Meirelles, disse que Lula “sinalizou uma direção à Dilma” e desejou sorte aos financistas que o escutavam. Li, tambpem, que Pérsio Arida estaria repensando sua participação na equipe de transição.

Aí, vêm à mente aquelas palavras de Luiz Inácio, na Etapa São Paulo do 6º Congresso do PT (1917), quando, após uma enxurrada de promessas que incluíam a regulação da mídia, afirmou que assim agiria não por ter ficado mais radical, mas por estar mais “Maduro” evocando o tirano da Venezuela (assista aqui). De lá pra cá, “amadureceu” ainda mais, se me faço entender.