• 12/01/2023
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O sigilo e a turma do fuxico

 

Percival Puggina       

         Quando o PT chega ao poder, vem com aquilo que chamamos “fome ao pote”. Deixem o Lula solto para falar e o “amor” sai derrotado na primeira frase. Com a honra de ser “absolvido” em três instâncias na Globo e em duas na ONU (ou algo com semelhante peso judicial), ele se sente em condições de despejar sua ira contra quem pensa diferente dele, usando o salto alto da dignidade ferida.

No tempo das antigas vitórias petistas aqui no Rio Grande do Sul, a percepção comum era de que haviam obtido ganhos revolucionários e não sucessos eleitorais. A revolução, como se sabe, tem motivos e não precisa ter razão. Ela passa por cima de detalhes éticos e estéticos que são do agrado da “burguesia” derrotada.

É o ânimo que observo nestes primeiros dias de um novo governo petista no país. Puxa a carreta para o passado! Há que trazer o calendário para algum momento anterior e retomar tudo a partir daí, inclusive o caos em que deixaram o país. Querem, como eu, o Brasil de volta, mas nos pandarecos em que o perderam.

Para chegar a esse estágio, vale tudo. Inclusive o fuxico, o mexerico, a busca maligna e maliciosa na intimidade alheia. Vale, até mesmo, atrair a dadivosa Justiça para o despenhadeiro da judicialização daquilo a que chamam “política”.

Bolsonaro havia decretado sigilo de cem anos sobre certos documentos. Acabar com esse sigilo, pelo jeito, estava entre as grandes e urgentes prioridades do governo Lula. Tarefa relevantíssima saber, por exemplo, quem eram as 565 pessoas que visitaram a Sra. Michelle Bolsonaro no Palácio do Alvorada. Nossa! Assunto para os fuxiqueiros antifas. Neste momento e por muito tempo, essas pessoas são vítimas de uma pescaria. Numa perspectiva racional, são elas que ficaram injustamente desprotegidas com o alarido em torno da abertura do sigilo “de cem anos” até agora estabelecido. São elas que estão tendo a vida devassada e não é a ex-primeira-dama.

Mas, quem se importa com isso? Afinal, dizem, “a luta é política”. Com isso, explicam qualquer coisa e para delineá-la bastam os motivos. A razão, bem como a correção dos meios e dos fins são zelos da “burguesia”.