UMA ENTREVISTA QUE NUNCA IRÁ ACONTECER, COM PERGUNTAS ÓBVIAS, QUE O JORNALISMO BRASILEIRO JAMAIS FEZ E NUNCA SERÃO RESPONDIDAS.

 

O Antagonista, blog de Diogo Mainardi e Mário Sabino, publicou, em fins de fevereiro, matéria relatando que Renato Duque fora solto a pedido de Lula. O ex-presidente interviera quando informado de que a mulher de Duque ameaçara Paulo Okamoto de contar tudo que sabia se o marido continuasse preso. Lula teria, então, solicitado a um ex-ministro do STF que falasse com Teori Zavascki. Motivo alegado: Lula seria injustamente acusado, pela mulher do preso, de envolvimento no propinoduto. 


Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, enviou mensagem aos autores da matéria, afirmando que as informações nela contidas eram "completamente inverídicas, tanto no que me diz respeito quanto ao ex-presidente Lula. O que, aliás, os senhores comprovariam se tivessem tido a dignidade de me perguntarem antes, frente a frente, diretamente, o que queriam saber. Mas não o fizeram, preferindo publicar injúrias não só contra nós, mas também contra o Supremo Tribunal Federal".


O Antagonista voltou a carga, reafirmando a denúncia e propondo uma entrevista com ambos, com Lula e Okamoto, frente a frente, para que, "além de darem a sua versão sobre o fato reportado por nós, esclareçam nossas poucas dúvidas a respeito dos seguintes assuntos: mensalão, a acusação de que o senhor ameaçou Marcos Valério de morte, petrolão, uso abusivo de cartões corporativos da Presidência da República, atuação de Rosemary Noronha como lobista, sucesso empresarial de Lulinha, financiamentos do BNDES a empreiteiras com contratos em países africanos, as ligações com o grupo JBS/Friboi e a ameaça de usar a turma do Stedile para promover um banho de sangue no país".


Tal entrevista jamais acontecerá. O que surpreende é que as pautas propostas por O Antagonista, jamais tenham sido abordados pelos grandes veículos do país nos muitos contatos que têm com os mencionados figurões da República. Parece haver liberdades naturais que a imprensa brasileira, paradoxal e misteriosamente, não se concede.

 

  • 22 Março 2015

Imperdível. Matéria de Josie Jeronimo (josie@istoe.com.br), a quem vão todos os créditos!

OS ESQUEMAS DO DUQUE

“Se o senhor é o duque, quem é o rei?”

O questionamento foi feito pelo deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a rede de corrupção instalada dentro da maior estatal brasileira. Preso pela Polícia Federal (PF) na segunda-feira 16, o ex-funcionário da petrolífera prestou depoimento à CPI três dias depois. A PF prendeu Duque após a inteligência da instituição descobrir que ele tentou movimentar mais de 20 milhões de euros de uma conta da Suíça para vários países, entre eles o Principado de Mônaco – não poderia haver, afinal, lugar mais apropriado para um duque. Na comissão, o ex-diretor não revelou quem é o monarca supremo nem respondeu às outras perguntas dos parlamentares. Pelo menos momentaneamente, o silêncio confortou as hierarquias do Palácio do Planalto e do PT. Se confirmasse o teor da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) sobre o aparelhamento da Petrobras por uma quadrilha, o reinado petista sofreria abalos irremediáveis. 

 

Leia mais em http://www.istoe.com.br/reportagens/410182_OS+ESQUEMAS+DO+DUQUE?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

  • 21 Março 2015

 

FHC NA GLOBO NEWS. PANOS QUENTES E CALDO DE GALINHA.
Percival Puggina


 Ontem, dia 19, assisti a entrevista de Fernando Henrique Cardoso a Mario Sérgio Conti, na Globo News. Tão previsível quanto lamentável.

 

 O ex-presidente é um daqueles muitos personagens, existentes mundo afora, que saíram do comunismo, mas dos quais o comunismo não saiu. Ele tem nostalgia dos good old days em que era o príncipe dos sociólogos, o bam-bam-bam da esquerda brasileira. E nada lhe doi tanto na alma quanto ser chamado de neoliberal pelos seus parceiros de anteontem.

 

 No programa, então, instigado por Mario Sérgio, antigo militante da Libelu, FHC fez o que todos esperavam. Chegou ao programa carregando uma sacola cheia de panos quentes para jogar em cima de todas as pautas levantadas. Rigorosamente, segundo Fernando Henrique, nada é grave, nada exige reação, tudo se resolve, basta ter calma e beber caldo de galinha.

 

Estava ali, no vídeo, maquiado e com laquê, vendendo saúde, o responsável pelas insuficiências cardíacas e a falta de energia do PSDB em sucessivas campanhas eleitorais contra a fúria devastadora dos petistas. FHC é o adversário dos sonhos do PT.

 

Quando ele disse que as multidões do último domingo, 15 de março, ao clamarem "Fora Dilma!", expressavam irritação, mas não uma intenção real, dei-lhe o devido clic e fui assistir Mad Men.
 

  • 20 Março 2015

 

TOFFOLI LEVA JEITO PARA A LAVA JATO?
Percival Puggina

 


 O novo presidente da turma que vai julgar os denunciados da Operação Lava Jato dispensa apresentações. Não sei se alguém já convidou o jovem ministro como palestrante, mas seu currículo é daqueles que não se anunciam para não constranger o convidado. O currículo de Sua Excelência tem pouco de Direito e muito de esquerdo, com largo tempo e muito serviço prestado ao Partido dos Trabalhadores que, impropriamente, o designou para o Supremo Tribunal Federal.

 

 Sua mais recente distinção corresponde ao exercício da presidência do TSE na mais discutida e controversa eleição presidencial brasileira, marcada por pouco convincente e sigilosa apuração dos votos colhidos.

 

 Pois eis que o ministro enviou o ofício acima ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski (aquele com quem Toffoli muito cochichava no julgamento do Mensalão), manifestando, como se lê, seu "interesse em compor a 2ª Turma" daquela corte. O ministro não manifestou desejo, vontade. Manifestou "interesse". Dentre todos os seus colegas ele deveria ser único impedido de expressar vontade. E, mais gravemente ainda, "interesse".

 

Mesmo que, por indulgência, se considere que o ministro usou inadvertidamente vocábulo impróprio, estamos diante de nova evidência de despreparo. Ministros do STF não podem enredar-se com o léxico.
 

  • 17 Março 2015

 

OS PORTO-ALEGRENSES CUMPRIRAM COM ENTUSIASMO O QUE ENTENDERAM SER SEU DEVER MORAL.


Numa tarde quente e úmida, cem mil porto-alegrenses saíram hoje de casa e fizeram uma longa caminhada de quase 5 km. Andei um trecho na posição privilegiada, sobre o carro de som. No meio do caminho desci e fiz o restante a pé, reagrupando aos poucos a minha família que se dispersara na multidão.


Diversas vezes precisei secar as lágrimas que teimavam em surgir perante o entusiasmo que percebia nos olhares, nos abraços, nas palavras e nos gestos das pessoas. A gente sente quando há pureza e elevada intenção naquilo que se está fazendo, não é mesmo? Pois era isso que se percebia.


Não muito longe dali, pela manhã, uma centena de apoiadores do governo assaram coxinhas e distribuíram à população. Motivo: ridicularizar, ironizar a marcha que aconteceria a tarde.


Sem querer, proporcionaram excelente parâmetro para comparação. De um lado a seriedade, de outro a molecagem. De um lado a responsabilidade cívica, de outro a marotagem, a falta de seriedade. De um lado, cem mil, de outro cem. De um lado, cidadãos engajados em ato organizado às próprias custas. De outro, até as coxinhas foram compradas com dinheiro dos impostos que nós pagamos e que o PT, de algum modo sorrateiro, transfere para seus "companheiros". O que, em outras palavras, é a própria cara do governo petista. Ou não?


A vida continua. E a mobilização persiste até que as engrenagens do poder comecem a rodar e se disponham a fazer o que a consciência nacional exige,


(Foto: Caetanno Freitas/G1)

  • 16 Março 2015

QUE VERGONHA, CNBB!

(Matéria origina G1, o título é meu)

A Conferência se posiciona claramente ao lado do governo. Para deixar isso bem claro, vai ao encontro da presidente num momento em que até os ratos  evitam as dependências e os locais onde ela se encontra. Como católico, esses senhores me envergonham. São infiltrados. Sua causa não é católica, não é cristã, não é evangélica. É política e é ideológica.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou nesta quinta-feira (12) que o país passa atualmente por uma crise "ética e moral" na política, mas que não há indícios que justifiquem um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que poderia "enfraquecer" as instituições do governo. Bispos da entidade se reúnem nesta tarde com a presidente, a convite dela.

"Existem regras para se entrar com um pedido inicial de impeachment. Creio que não chegamos a esse nível", disse o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner. "A reação que nós sentimos também é que as manifestações de rua são de discordância, muitas vezes ideológicas, o que é normal e necessária e democrática, mas propor um impeachment seria enfraquecer um pouco as instituições."
"Pelo que a gente tem como informação do Supremo Tribunal [Federal], não há nenhum indício de algum ato que possa justificar qualquer denúncia quanto à presidente da República", disse o presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis.
"Segundo o STF, a presidente só poderia ser indiciada depois de uma investigação, um processo, caso houvesse algum delito, alguma denúncia contra algum fato cometido por ela durante o seu mandato", afirmou Damasceno.

Para a entidade, a organização de manifestações públicas, como as marcadas para este fim de semana em várias cidades do país, são resultado do escândalo de corrupção na Petrobras somado às medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo, inflação alta e a crise entre o Executivo e o Legislativo, que causaram um "mal-estar" na sociedade.
"Vemos denúncias novas a cada dia e vamos ficando, de certo modo, assustados. Isso vai gerando um mal-estar em toda a população, diante da crise ética e da moral do nosso país", disse o presidente da CNBB. "Sabemos que a corrupção sempre existiu, continua existindo, e não só no Brasil, mas em toda parte, mas é fundamental que a Justiça realmente puna os condenados e os corruptores."
Existem regras para se entrar com um pedido inicial de impeachment. Creio que não chegamos a esse nível"


Em nota, a CNBB disse que as denúncias de corrupção devem ser “rigorosamente apuradas” e os corruptos e corruptores, punidos. "Enquanto a moralidade pública for olhada com desprezo ou considerada empecilho à busca do poder e do dinheiro, estaremos longe de uma solução para a crise vivida no Brasil", diz a nota. No texto, a entidade também pede o fim do fisiologismo político e uma reforma política.

O secretário-geral Dom Leonardo afirmou ainda ser importante o diálogo entre o Congresso Nacional e a presidente para tentar superar o momento de crise. "Há um mal-estar da sociedade de um modo geral, ainda mais nessa crise ética e moral a qual estamos passando, em relação à [operação] Lava Jato e outros setores também", disse.

"Por isso, insistimos na importância do diálogo da presidente do Executivo com o Congresso Nacional e com as organizações da sociedade civil e da igreja, que não se furta a participar desse diálogo quando necessário e oportuno."

  • 12 Março 2015