ATIVIDADE POLICIAL E A CONDENAÇÃO DE SÍSIFO
Há dois ou três dias, dirigindo no lento, mas nada sonolento, trânsito de Porto Alegre, ouvi parte de uma entrevista com o secretário de segurança do Rio Grande do Sul. Percebi que ele lastimava a benevolência de nossa legislação penal, notadamente nas progressões de regime. Se não foi bem isso, peço perdão, mas foi o que entendi (ou gostaria de ter entendido) do fragmento que escutei. Na sequência, relatou ele um fato impressionante, que revela outro aspecto do mesmo problema: certo PM, num único turno de trabalho, havia prendido duas vezes o mesmo assaltante! Ele prendera, levara à delegacia, fora registrado flagrante que o juiz não homologara, o bandido voltara às ruas, praticara novo assalto e fora outra vez preso pelo mesmo policial. Tudo isso em poucas horas.
Agora exclamo eu: assim não dá para se cogitar de segurança pública! Assalto à mão armada é crime grave não pode ser objeto de tanta benevolência. Se o aspecto curioso desse fato é que os dois eventos contaram com a intervenção do mesmo policial, episódios semelhantes ocorrem diariamente com atores distintos, levando os agentes policiais à exaustão. Eles se sentem reproduzindo a condenação estipulada por Zeus a Sísifo: rolar uma grande pedra morro acima, vê-la despencar morro abaixo, e tornar a elevá-la ao cume, por toda eternidade.
Se isso acontece porque as leis determinam (pessoalmente não creio que seja tanto assim), mudem-se as leis. E se o eleitor/leitor destas linhas quiser ajudar o Brasil, verifique, entre muitas pautas que devem inspirar a escolha dos parlamentares (deputado federal e senador) em quem vai votar no dia 5 outubro, o que eles pensam sobre a brandura de nossa legislação penal.
Já escrevi várias vezes sobre o fato de que o governo vale-se de bilionários e rumorosas lançamentos de programas e obras públicas para soterrar acontecimentos que lhe sejam politicamente prejudiciais. É uma estratégia surrada. Se a população ficou desgostosa com alguma revelação da imprensa investigativa, ofereça-se a ambos - imprensa e população - alguma notícia alvissareira.
Esses lançamentos ocorrem em vista de si mesmos. São festa para comemorar a festa. E os bilhões anunciados simplesmente passeiam de festa para festa, anunciando uma ponte aqui, um porto ali, um programa de creches acolá, uma centena de carros-pipa mais adiante.
Escreve-me um leitor sobre o ocorrido com a refinaria Premium I, em Bacabeira, Maranhão. Deveria ser a "maior refinaria do Brasil", coisa para mais de 600 mil barris diários. A pedra fundamental foi concretada em 2010, em plena campanha de Dilma à presidência. Presente ao ato la crême de la crême da política maranhense: Rosana Sarney, José Sarney, Dilma Rousseff (então chefe da Casa Civil) e o ministro da área, Edison Lobão. Passados quatro anos, apenas uma parte da terraplenagem e diversas auditorias do TCU. E para o período 2013 a 2017, está prevista, apenas, a continuidade da fase de projetos. E o povo vai atrás de todo esse papo-furado.
Esse símbolo tem aparecido frequentemente nas redes sociais. Trata-se da letra arábica N, utilizada para representar a palavra Nasrani (Nazareno). Em árabe é um sinônimo de cristão.
No Iraque, notadamente na cidade de Mossul, onde ocorre severíssima repressão contra os cristãos, essa letra é pintada na porta das moradias onde eles vivem, servindo para identificá-los, tornando-os alvos de ataques contra suas vidas, liberdade e patrimônio. Mais de 300 mil cristãos já abandonaram o Iraque desde 2003, fugindo das três possibilidades que lhes são oferecidas para que possam permanecer: a) converterem-se ao islamismo; b) pagarem impostos especiais exorbitantes; c) serem mortos. Obviamente, milhares abandonam o país, onde a cristianismo chegou no ano 33 a.C., através de São Tomé. Em Mossul, onde o martírio é mais intenso, quase não há mais cristãos após 2 mil anos de história. Pergunto: o que faz a diplomacia brasileira a esse respeito? O que faz a ONU? Que tipo de pressão impõem sobre nossos governantes os seus conselhos de direitos humanos? O Brasil já escolheu seu lado no conflito em Gaza. Ficou com os terroristas do Hamas. A quem beneficia seu silêncio sobre o que ocorre no Iraque?
CASO SANTANDER - O ANALISTA, O GOVERNO DILMA E O BANCO
O que mais chamou a minha atenção nesse episódio não foi que uma análise sobre conjuntura sócio-econômica tenha causado tamanho rebuliço e desconforto nas altas esferas governamentais. Eu sei que essas esferas devem apreciar muito mais as "Análises de Conjuntura" elaboradas pela assessoria da CNBB e publicadas, acriticamente, no site da Conferência. A essas, em algumas edições, só falta pedir um Pai Nosso e três Ave-Marias pela reeleição de Dilma.
O que me chama a atenção é o fato de um banco ser constrangido, pelo poder do governo central da República, a demitir o analista e a alterar para pior o trabalho de quem que nada mais fez do que analisar o cenário e apontar seu prognóstico. Em outras palavras: o ex-analista do Banco Santander cumpriu seu dever funcional afirmando que os indicadores nacionais que devem ser positivos são descendentes, que os indicadores que devem ser descendentes não param de subir, e que, na manutenção das atuais políticas, a situação só pode piorar. O Santander, pressionado pela repercussão que o governo burramente produziu, afirmou, contra toda realidade, que as coisas vão bem e só podem melhorar.
E viva a mentira, a simulação, a enganação. Afinal, é tempo de eleição e o império da mentira vai fazendo suas vítimas.
"Coisas mortas podem seguir com a corrente. Somente coisas vivas podem fazer o oposto".
Não surpreende que um gênio como Chesterton tenha prognosticado, no início do século passado, o quanto serviriam à civilização aqueles que, compreendendo o sentido de suas palavras, se tornassem, no tempo presente, adversários do politicamente correto.
Muitos pensam que essa tentativa de disciplinar a linguagem seja coisa de esquerdista brasileiro, esquisitice de gente como o senhor Nilmário Miranda, que criou a Cartilha do Politicamente Correto, quando ministro do governo Lula. Mas não, o Google mostra a força desse estrupício também nos Estados Unidos, exibindo quase dois milhões de referências à expressão "political correctness", contra 860 mil em língua portuguesa. Nadar contra a corrente exige vitalidade e firmeza de caráter e é por isso que a oposição é tão diminuta no Brasil. Aqui, apesar de tudo que se sabe e se vê, a esquerda invocou para si a correção política, tornando politicamente incorreto, por exemplo, dizer que os movimentos sociais cometem crimes quando eles estão fazendo exatamente isso, ou afirmar que lugar de bandido é na cadeia, ou, mais simplesmente ainda, chamar comunista de comunista.
O COMUNISMO SEGUNDO MILLÔR FERNANDES
Brilhante a frase do nosso Millôr Fernandes. Se buscarmos os porquês dessa constatação, vamos verificar que o comunismo tem, como ponto de partida, um erro antropológico incorrigível. Ele desconhece a natureza da pessoa humana. Ele precisa de um homem novo, que não é o homem do Evangelho, mas é um homem que se define pelas mutilações que o regime lhe impõe, como muito bem, à luz da Razão, sintetizou Millôr nessa sentença condenatória.
O comunismo exige um tipo humano inexistente na natureza, um tipo humano que aceite ser privado da liberdade, das vocações naturais, dos próprios bens, dos também naturais sentimentos familiares, e que transfira para o Estado a fé que tenha em Deus e em si mesmo. É tão anti-natural e intelectualmente desonesto o comunismo que, após seus sucessivos fracassos ao longo do século 20, raramente se apresenta como o nome próprio.