Percival Puggina

 

Leio no site da Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, ficou em 0,13% em julho. A taxa é menor que as de junho deste ano (0,69%) e de julho de 2021 (0,72%).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou hoje (26), no Rio de Janeiro, que essa é a menor taxa mensal do IPCA-15 desde junho de 2020 (0,02%). O indicador acumula inflação de 5,79% no ano e de 11,39% em 12 meses.

(Íntegra da matéria da Agência Brasil, aqui.)

Comento

A turma que pisoteia na bandeira e chama os adversários de extremistas, lê essa notícia com pesar. “Puxa vida, que azar, logo agora!”, devem dizer.

Esquecem-se, mas eu não esqueço do imenso esforço e sacrifício da sociedade brasileira para que a economia nacional saísse da hiperinflação e entrasse nos trilhos. O aperto e as dificuldades decorrentes abriram caminho para a vitória de Lula em 2002.

O irresponsável colheu os frutos da estabilidade, beneficiou-se do ingresso da China no mercado mundial (de repente, meio bilhão de chineses se tornaram consumidores e a economia brasileira beneficiou-se enormemente com isso). Lula pensou que era uma espécie de rei Midas, que tudo que tocasse virava ouro e que a China continuaria a despejar centenas de milhões de novos consumidores no mercado, todos os anos.

Deu no que se viu. Em vez de poupar, o governo petista elevou o gasto público. O Estado inchou. Obras no Brasil e no exterior passaram a ser lançadas às pencas, com olho gordo nos comissionamentos. A corrupção cresceu acima do PIB. Aliás, passou a ser medida em percentagens do PIB.

Agora, contam com a repetição da estratégia. Desde o início, exploram as dificuldades causadas pela pandemia e, agora, pela guerra. Contam com a manutenção dessa realidade para colher o benefício do esforço nacional para vencê-las. Contam com a pouca memória do eleitor e torcem contra o Brasil para fazer tudo de novo. Estão anunciando exatamente isso.

Querem desfazer novamente com os pés o que outros fizeram com as mãos.

  • 27 Julho 2022

Percival Puggina

 

Chamou muita atenção o sapateio da suposta cantora sobre a bandeira do Brasil. A jogada, visivelmente, foi ensaiada. No vídeo, se pode perceber que ela faz uma preparação para o que viria depois. Acompanhada com fundo rítmico desnecessariamente prolongado, desloca-se até o ponto do palco onde alguém lhe entrega a bandeira que seria usada para o ritual absurdo.

Por que alguém levaria uma bandeira com haste de madeira, de bom tamanho, para o show? Como esse artefato entrou na plateia?

O ritual foi altamente simbólico, como pretendeu a transgressora. Apenas funcionou com sinal contrário ao pretendido por ela. Com o gesto repugnante, a lacradora lacrou-se.

No entanto, é importante observar que a repulsa ao gesto se estende a outras condutas análogas:

- às bandeiras queimadas em manifestações políticas de rua;

- à magistrada que pretendeu neutralizar o símbolo e proteger as bandeiras vermelhas do contraste que lhes é implícito;

- aos milhares de professores que, em sala de aula, em vez de suscitar amor à pátria, dedicam-se a depreciá-la para despertar animosidades sem as quais a militância se desliga de suas fontes de energia;

- aos que saem pelo mundo a falar mal do Brasil;

- aos sabotadores do governo e da sociedade;

- aos acionistas das corporações instaladas na administração pública;

- ao cortejo dos desmamados do seio da cultura amiga e companheira, entre os quais a própria sapateadora;

- aos cúmplices, por tantos anos, com a rapina dos cofres públicos e com a pirataria nas instituições e poderes da República;

- aos criminosos do país, entusiastas da impunidade, das legalizações e dos desencarceramentos;

- aos políticos fichas sujas, empoeiradas nas prateleiras do Supremo, ou desencardidas por súbitas e enigmáticas decisões judiciais.

Todos se alvoroçam e, com esse ânimo, se revelam em dias que já fluem, céleres, para as decisões de outubro.

A exemplo da lacradora do sapateio, lacram-se por conta própria.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

  • 25 Julho 2022

Percival Puggina

 

Há vários aspectos na informação de ISTOÉ Dinheiro reproduzida abaixo. O custo da suíte presidencial, R$ 6 mil, é exorbitante num país mergulhado nas contradições de nossa sociedade. Valores dessa ordem só são pagos, em hospedagens, por pessoas com acesso a fontes de recursos abundantes. Nada errado, se esses recursos são resultado do trabalho, do talento, das habilidades e competências de quem deles dispõem.

A situação, porém, começa a ficar muito esquisita quando o hóspede trabalhou como operário nos seus primeiros anos de vida adulta e passou todas as várias décadas subsequentes fazendo política. Ninguém enriquece honestamente nessa atividade e o hóspede da suíte presidencial do Meliá é um político que vive como os que habitam a aguda ponta da pirâmide de renda do país.

Tudo piora, não obstante, quando o hóspede dessa suíte, habilitado à corrida presidencial de outubro por uma sequência de esdrúxulas decisões judiciais, é crítico ácido e áspero dos padrões de consumo da classe média brasileira!

Se já não está ruim o bastante, leve em conta, agora, o destinatário da conta. O partido do hóspede, consultado a respeito, informou ser ele, o partido, o pagador da hospedagem regularmente comprovada ao TSE e de tantas outras milionárias despesas já ocorridas e por ocorrer. Mas... de onde vem o dinheiro do partido? Do Tesouro Nacional. Quem põe dinheiro no Tesouro Nacional? Você, eu, nós todos, a nação brasileira, ou seja, esta sociedade cujos desníveis sociais tonificam o discurso do hóspede da suíte de R$ 6 mil/dia.

Não sei quanto a você, leitor, mas a mim, a hipocrisia incomoda tanto ou mais do que a vida nababesca proporcionada pela política a certos indivíduos.

Lido em ISTOÉ Dinheiro

Nos dois dias em que passou em Brasília para contatos políticos, nesta semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, se hospedou na melhor suíte presidencial do hotel de luxo Meliá. Com 183 metros quadrados, o espaço é reservado na internet por uma diária de R$ 6 mil.

A suíte ocupada pelo petista, segundo anúncio do hotel, é destinada para hóspedes que vão se “sentir especiais”. Tem dois quartos, duas salas, uma cozinha completa, dois banheiros, um lavabo e dois halls. Há, ainda, uma sala de jantar para oito pessoas. A conta da hospedagem deve sair do Fundo Partidário. A socióloga Rosângela Silva, mulher de Lula, conhecida como Janja, se hospedou com o ex-presidente.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, Lula está na suíte que é oferecida a preço cheio por R$ 9,2 mil, sem o desconto da internet. A decoração é composta por móveis franceses e abajures de cristal. O hotel tem outras duas opções de suítes presidenciais – um apartamento de 86 m² e outro de 102 m² -, cada uma delas com diária de aproximadamente R$ 4 mil. (A matéria tem sequência no link acima).

  • 19 Julho 2022

 

Percival Puggina

 

         Como podemos qualificar a atitude de quem, perante um mesmo fato, adota duas atitudes opostas, uma após a outra, buscando benefício político em ambas? O nome disso, claro, é hipocrisia, a velha hipocrisia fingida, histriônica, que cada vez mais intensamente vem fazendo campo de prova na política brasileira.

A exemplo do que aconteceu no Senado, ao chegar à Câmara dos Deputados, a apelidada PEC das bondades foi recebida sob xingamentos da oposição. Acusavam-na de ser oportunista, demagógica, eleitoreira e de comprometer o equilíbrio fiscal. Discutiram e obstruíram. Como de hábito, apelaram para o STF (tipo menino mimado contrariado, que vai “fazer queixa pro papai”).

Tudo em vão. A discussão não convenceu, a obstrução não teve continuidade, o papai desta vez não se intrometeu.

O projeto venceu o corredor polonês ao som de impropérios e foi à votação. Votação nominal, palavrinha mágica que vincula para sempre o parlamentar ao voto que dá. O resultado de 393 a favor e apenas 14 contra a PEC das bondades equivale a uma sentença moral.

Era impossível votar contra, alegavam os oposicionistas, porque a proposta destinava auxílio aos setores sociais mais afetados financeira e economicamente pela pandemia, aos mais prejudicados pela alta dos combustíveis e aos mais atingidos pela consequente inflação.

No entanto, se era impossível votar contra, por ser a providência benéfica aos mais carentes, por que todo o empenho para impedir o governo de submeter a PEC ao Congresso, como manda a Constituição? Por que toda a discurseira hipócrita, demagógica e oportunista que seria desacreditada por eles mesmos com o voto pela aprovação?

Houve, no caso, dois grupos coerentes. O dos governistas que votaram com o governo concordando com as intenções benfazejas da proposta e o dos 14 oposicionistas que encararam as consequências do voto que deram e mantiveram sua rejeição. A aderência a princípios é sempre respeitável; a hipocrisia, não.

  • 13 Julho 2022

Giulio Meotti, em Gatestone Institute
Há uma substituição da civilização e a mídia sequer cobre o assunto.

Sept pas vers l'enfer ("Sete Passos Até o Inferno"), título do novo livro de Alain Chouet, antigo número dois da DGSE, o poderoso serviço de contrainteligência francês, é uma acusação às elites europeias. Chouet lembra:

"sou convidado todos os anos para proferir uma palestra sobre os problemas do mundo árabe em Molenbeek, subúrbio de Bruxelas. Um dia lá estava eu... quando Philippe Moureaux, prefeito socialista da cidade e chefão do Partido Socialista da Bélgica, ocupou a primeira fila ao lado de dois imponentes guarda-costas trajando jelabas (robes muçulmanos), de barbas e boinas brancas. Perante a plateia, Moureaux disse que eu não era a pessoa certa para me pronunciar sobre o mundo árabe, sendo eu de um país que torturou muçulmanos na Argélia. Sua forma de pensar é significativa no tocante à maneira, desde o final dos anos 1980, da esquerda europeia ter deixado se levar pelas sirenes do salafismo militante. A gestão de Molenbeek é exemplar neste sentido: autorizações facilmente concedidas, sem nenhum controle para a abertura de mesquitas, escolas islâmicas privadas, clubes culturais e desportivos generosamente subsidiados pela Arábia Saudita".

Dos 89 membros do Parlamento Regional de Bruxelas, 25 não são de origem europeia.

Chouet continua:

"eu acuso os líderes políticos de nunca se interessarem em entender a ascensão do Islã radical e de deliberadamente fazer vista grossa quanto a ele, por conta do eleitorado e da 'correção política'. Eu os acuso de permitirem que vários municípios incrementassem o radicalismo jihadista por anos a fio, a ponto de uma autoridade da bancada socialista dizer: 'temos ciência do problema de Molenbeek, mas você quer o que? É um eleitorado que não pode ser negligenciado'".

Agora é a vez da França. "o voto muçulmano é decisivo?" perguntou o escritor argelino Kamel Daoud no semanário francês Le Point.

A reeleição de Emmanuel Macron era previsível. O verdadeiro abalo da última eleição presidencial francesa foi o estrondoso salto da esquerda radical. O candidato Jean-Luc Mélenchon, do partido "La France Insoumise" ("França Rebelde"), pró-imigração, fez avanços dramáticos se comparados a 2017. Ele conquistou 22,2% dos votos, somente um ponto atrás de Marine Le Pen. Vale ressaltar que ele obteve 69% do voto muçulmano.

"Melenchon," salientou o filósofo francês Alain Finkielkraut em entrevista à tv francesa Europe 1 "está apostando na Grande Substituição para abocanhar mais poder". Finkielkraut também tinha mencionado a "Grande Substituição" em janeiro, quando ressaltou que a substituição dos povos europeus pelos africanos, asiáticos e os do Oriente Médio era "óbvia".

"Trata-se de fato de uma fragmentação e sim, o risco existe e, de qualquer maneira, acredito que a substituição demográfica da Europa é extremamente espetacular. Os que historicamente habitavam certos municípios e regiões estão virando minoria."

Os subúrbios e as grandes cidades da França com alto índice de imigração têm sido o coração do projeto político de Mélenchon, onde ele obteve 60% dos votos nas eleições.[1]

O que nos dizem esses números? Que muitos entraram na onda do Islã político e a sensação de solidariedade comunal produziu os resultados desejados. Mélenchon, que participou das "marchas contra a islamofobia" e comparou os muçulmanos de 2022 com os judeus de 1942, previu a "crioulização" da França: "em 2050, 50% da população francesa será mista".

*Tradução de Joseph Skilnik

**Leia mais em https://pt.gatestoneinstitute.org/18691/europa-demografia-democracia

Comento

            Essa é uma nova realidade demográfica, prenunciada há mais quando ocorreu o auge das migrações de refugiados provocadas pela guerra na Síria. E, sim, a demografia tem consequências políticas, mormente quando os europeus se afastam dos fundamentos cristãos de sua cultura e não querem mais se reproduzir. Os muçulmanos, por sua vez, são zelosos em relação à própria cultura e religião e se reproduzem aceleradamente.

O ambiente político se complica de parte a parte, com manifestações radicais eticamente desprezíveis, com o surgimento de preconceitos e ações terroristas, como já tivemos oportunidade de presenciar.

Quem estiver aí, observará as consequências dentro de duas ou três décadas. Uma coisa é o islamismo como religião, outra é o Islã político. O que ocorrerá quando essa peça do jogo assumir o poder dentro das regras do jogo democrático? Quem viver verá.

  • 12 Julho 2022

 

Percival Puggina

 

            Na última segunda-feira, a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do RS realizou uma audiência pública tendo como tema as Escolas Cívico-Militares já em funcionamento no estado. Com apoio do comando da entidade, que rejeita esse modelo, o tema foi proposto por um dos núcleos do CPERS-Sindicato.

Não estive na reunião, mas recebi um pequeno vídeo enviado pela vereadora de Porto Alegre, Comandante Nádia, que se manifestou entre os que defenderam o sistema.

Das imagens que vi, ficou-me uma impressão: o CPERS e os partidos que há décadas controlam pedagógica e politicamente a Educação no RS promovem, com exaltação e sem constrangimento algum, a defesa estridente do desastre que produziram.

A decadência da Educação no RS se expressa em sua atual posição no ranking dos Estados brasileiros, após ter sido uma referência nacional em educação pública. Segundo o IDEB 2019, o Rio Grande do Sul, na comparação com os demais estados, ocupa o 9º lugar e 16º lugar, respectivamente, nas séries iniciais e finais do ensino fundamental e o 11º lugar no ensino médio.

As escolas cívico-militares, infelizmente, estão obrigadas a manter as diretrizes pedagógicas e os currículos. Apenas, através de instrutores, incorporam ao convívio escolar conceitos de ordem, disciplina, respeito e amor à pátria que se traduzem em taxa de abandono muito menor, reprovação menor e IDEB maior.

Não por acaso, as comunidades das escolas consultadas aprovam, com 80% a 90% de votos favoráveis, sua transformação em escolas cívico-militares.

Contudo, o sequestro da Educação por partidos e organizações de esquerda, em todos os níveis, não admite a perda de nenhum de seus sequestrados!

  • 08 Julho 2022