• Dartagnan da Silva Zanela
  • 20 Dezembro 2024


Dartagnan da Silva Zanela

 

       Manter-se vigilante, eis aí uma das lições que o Tempo do Advento nos apresenta. Lição que, infelizmente, entra ano, sai ano, nós insistentemente deixamos pra depois. Um depois que nunca chega.

Cristo, no horto das oliveiras, conclamou os apóstolos a orarem com Ele e a manterem-se vigilantes. Bem, todos conhecemos o fim desse episódio. A rapaziada pregou os olhos enquanto Jesus, em agonia, orava.

Ao falarmos em vigília, não estamos aludindo aos desafios que a vida nos apresenta em seus caminhos e encruzilhadas, referimo-nos às sedições e seduções que se fazem presentes no âmago do nosso coração que, por pura distração de nossa parte, vira e mexe, acabam por ditar o rumo e o prumo dos nossos passos.

Ora, quantas vezes tomamos decisões tontas por termos dado ouvidos aos nossos caprichos, medos, ressentimentos e desejos desordenados? Com toda certeza o número não é miúdo. Aliás, nós realmente refletimos sobre isso? Pois é.

Sim, somos muito mais impulsivos que reflexivos e, por sermos assim, imaginamos que nossa reatividade infantil seria sinônimo de "bom senso".

Vigiamos, atentamente, a vida alheia, especialmente daqueles que têm a infelicidade de estarem na lista dos nossos desafetos; mantemo-nos atentos a todas as miudezas, que fluem de boca em boca, pelas malhas do whatsapp e similares, para ficarmos bem informados sobre tudo aquilo que não nos diz respeito e, por isso, acabamos sempre subtraindo o pouco valor que tínhamos em nosso peito por um preço vil.

Agindo assim, fragmentamos a consciência que temos a respeito dos nossos semelhantes e, de quebra, terminamos por nos alienar de nós mesmos, por ignorarmos a presença e o poder das inúmeras inclinações tortas e desordenadas que atuam através de nós, como bem nos lembra Louis Lavelle.

Alienados, com o olhar turvado, acreditamos ser pessoas "do bem", ou "de bem", ao mesmo tempo que torcemos pelo cancelamento da humanidade daqueles que não caminham dentro do nosso riscado.

Por essa e por outras razões, o filósofo Leszek Kolakowski nos lembra que aquele que nunca parou para considerar a possibilidade de ser uma farsa é o mais infeliz dos homens, porque rendeu-se por inteiro aos inimigos da alma humana.

E quanto a nós, seríamos uma dessas pobres almas ou não? Eis aí o ponto que deveríamos levar em consideração.

*O autor é professor, escrevinhador, bebedor de café e autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 20 Dezembro 2024

 

Alex Pipkin, PhD


        Tenho posto que à discussão sobre redução da pobreza no Brasil assemelha-se a um verdadeiro “papo de bar”.

É imprescindível mencionar que o elixir “mágico” para retirar as pessoas da pobreza é, sem dúvidas, o crescimento econômico. Para tanto, o foco de políticas públicas deveria estar no aumento da produtividade nacional, essa aportando mais oportunidades, mais empregos e melhores níveis salariais.

O grande imbróglio é que em razão de uma “nova consciência benevolente” - e interesseira -, abdicou-se da preocupação com as alavancas da produtividade e do crescimento em favor de um assistencialismo contraproducente, sentimental e desmedido. De maneira genuína, a lógica ilógica passou a ser o centro na redistribuição de renda, transferindo-se renda - e responsabilidades - daqueles que produzem para aqueles que pouco ou nada produzem.

Os indivíduos são imanentemente diferentes, dotados de recursos, de habilidades e de atitudes distintas, vivenciando diferentes circunstâncias na vida. Diga-se de passagem em determinadas situações, naturais e transitórias. É claro que existem reais incapacitados, que merecem acessar uma rede de proteção e auxílio do aparato estatal - e das “comunidades” envolvidas” -, a fim de sanar suas necessidades e sofrimentos. No entanto, é necessário tratar tal questão com lógica, conhecimento e ciência “de verdade”, além de um humanismo racional, para distinguir entre aqueles incapacitados e aqueles capazes de assumir suas próprias vidas e responsabilidades correspondentes.

Comprovadamente, não há uma relação direta entre assistencialismo e redução da pobreza. O resultado prático e efetivo é, sem dúvidas, o aumento de barreiras à criação de mais empregos, mais oportunidades, à inovação, e ao incremento da produtividade, obstaculizando o “salvador” crescimento econômico.

O Leviatã, “salvador” dos fracos e oprimidos, com sua gastança inconsequente em programas sociais, acaba intervindo com a mão pesado do Estado, interferindo abusiva e equivocadamente na economia, gerando exatamente consequências não intencionais - e intencionais -, que redundam em uma série de barreiras e problemas para o alcance da criação de empregos, para o aumento de produtividade e para o vital crescimento econômico.

Pior do que isso, cria-se um ciclo vicioso, em que a justificativa de aplacar às dificuldades dos mais necessitados, faz com que o Leviatã siga intervindo e gerando ainda mais problemas para a vida, em especial dos mais pobres, e de todos. Objetivamente, é o Estado grande quem gera disfunções na esfera privada e na economia, e que, posteriormente, posiciona-se com o responsável para solucionar os dificuldades geradas por ele próprio.

Governos populistas e irresponsáveis, especialmente aqueles da “esquerda bondosa”, miram, trivialmente, nas consequências de suas políticas esdrúxulas e “bem-intencionadas”, abstendo-se das reais causas da pobreza e do fracasso na direção do legítimo crescimento econômico.

É mister dar um “basta” na explosão infrutífera de benefícios àqueles que, seguramente, podem e devem ser estimulados a trabalhar, a assumir suas responsabilidades e a conquistar à dignidade individual. Por via de consequência, direcionando as políticas públicas para iniciativas que criem liberdade individual e econômica para às pessoas, interferindo menos na vida privada e na economia, a fim de que os agentes econômicos possam estabelecer relacionamentos colaborativos e voluntários mais lucrativos, em um ambiente propício e favorável aos negócios e a respectiva geração de empregos, de renda, de produtividade e de mais prosperidade para todos.

Como realizar tal objetivo? Deixando-se de lado o populismo, a inconsequência e a incompetência, intervindo menos e mais acertadamente. Simples assim. É fundamental melhorar em muito à qualidade da educação, em especial, a dura, na base. É preciso inovar em parceria com a iniciativa privada, criando centros de treinamento técnico nas amplas e variadas áreas industriais, gerando programas efetivos para inserção de jovens - e velhos - no mercado de trabalho e, principalmente, tirando dos ombros da iniciativa privada o fardo de um ambiente econômico repleto de normas, de regulamentos e de legislações risíveis e absurdas. Essas últimas, geradoras de aumento de tributos e custos insustentáveis para o aumento de empregos, das inovações, da produtividade e do alcance do necessário crescimento econômico.

Passou da hora de separar o joio do trigo, de inverter os incentivos para o “andar com as próprias pernas”, ao invés da nefasta “dependência planejada”!  Os brasileiros do bem e aqueles que produzem, não suportam mais financiar à ideologia do fracasso, o populismo e a incompetência estatal, via um assistencialismo ideológico e contraproducente.

Chega de intervencionismos baratos, do incentivo à cultura da dependência, e da gastança inconsequente do dinheiro dos reais criadores de empregos e de riqueza. Definitivamente, o foco nacional deve ser colocado na geração de empregos sadios, na geração de novas ideias e inovações, e no vital incremento da produtividade nacional.

São esses fatores que induzem a verdadeira solução para a redução dos níveis de pobreza.

É o crescimento econômico, estúpido!

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  • Sílvio Lopes
  • 12 Dezembro 2024

 

Sílvio Lopes

       Uma nação que se preze, é a tal que ofereça uma bem montada e diversificada estrutura econômica que permita à população experimentar a estimuladora mobilidade social.

Mobilidade social é, talvez, o maior instrumento de motivação humana dentro de uma sociedade livre. Nos modelos totalitários, tanto o individual quanto o coletivo, o propósito de crescimento dos humanos- pessoal e profissional- fica subordinado (e até absorvido), aos interesses do aparelho estatal, suas ideologias e idiossincrasias. Platão já a isso se referia. Sim, ele mesmo.

Crescer no intelecto, se realizar como pessoa detentora de direitos como o livre pensar e se expressar, e agir conforme sua vontade, são prerrogativas e princípios impostergáveis e inegociáveis numa sociedade democrática e livre, verdadeiramente.

Pois bem. O Brasil, ao longo do tempo, promoveu justo o casamento entre uma virtude social desejável - a mobilidade - e um defeito perverso - a iniquidade. Nosso desafio é, portanto, eliminar o defeito sem, no entanto, comprometer a virtude.

Temos tudo, porém, capaz de nos auxiliar no sentido de desmontar  essa

armadilha histórica que nos vem aprisionando desde sempre. O desafio é perseguir com firmeza e determinação ao expurgo dessas elites nefastas que nos escravizam e condenam ao subdesenvolvimento que origina injustiças no tecido social pelas ações iníquas que praticam.

A verdade é que nosso Brasil tem sido conduzido, há séculos, em suas várias instâncias (política, empresarial e institucional em geral), por bandos de fanfarrões que, na condição de tiranos brutais, desperdiçam os recursos do Estado e mantém o país em situação de agitação e incertezas.

As ações antidemocráticas emanadas a partir da principal Corte jurídica do país e imitadas por outras instituições antes respeitáveis, assemelham-se, sem tirar nem pôr, à tirania de imperadores como Augusto, Calígula e Nero, que levaram à ruína o poderoso império romano.

 A luta é sem quartel (no sentido que o leitor quiser emprestar à expressão), e de todos nós. Vamos resistir. Nada nos irá deter.

*      O autor, Silvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 12 Dezembro 2024

 

Alex Pikin, PhD

     Tenho opinado que os pregadores da “cartilha ideológica progressista”, aquela do politicamente correto, haviam exterminado com o essencial humor em nossas vidas.

É mister enfatizar que é por meio do humor que existe uma facilitação das relações sociais, necessária para a aproximação das pessoas. Sobretudo, para aumentar o nível de aceitação e confiança entre pessoas e/ou grupos sociais.
Atual e tristemente, tudo se transformou em algo ofensivo, tudo é a tal de micro agressão.

Dou a mão à palmatória. Equivoquei-me.

Na verdade, faz parte desse mesmo modus operandi, dividir a sociedade em facões menores, genuinamente, obcecadas com o melodrama holofotizado, berrando e demonstrando sua suposta superioridade ideológica.
Errei. A esquerda festiva, utilizadora das pautas identitárias para fins puramente partidários e eleitoreiros, é a piada que já vem pronta!


Ninguém aguenta mais tamanha hipocrisia em relação a badalada indústria da “diversidade e inclusão”. A banalização e o oportunismo “progressista” foi tão avassalador, que as grandes corporações estão, de fato, abandonando a brincadeira séria de transformarem suas lideranças em “estadistas”, salvadores da humanidade.


Repito. Quanto mais os “guerreiros sociais” enfatizam a estratégia de dividir, mostrando diferenças, menor é a probabilidade de que as pessoas se atentem legitimamente para tais diferenças. Há mesmo um desmagnetismo, representando um convite para aqueles que não engolem tais falácias identitárias politizadas, voltarem-se contra tais aberrações. Ou melhor, são legítimas comédias hollywoodianas.


O fetiche identitário da turma progressista é hilário. A (des)elite progressista branca, dos “grandes” intelectuais (ungidos) e artistas - e seus seguidores - agora pode expor suas pseudovirtudes, transpirando seus sentimentos culposos, buscando aliviar suas consciências pesadas. Mas foram eles que, por exemplo, escravizaram negros e brancos em séculos passados? Não há como reconstruir o mundo vivido!


Tenho assistido verdadeiras óperas dantescas. É tragicômico ver cidadãos negros discordarem de pautas apropriadas e politizadas pela burguesia branca “progressista”, como assisti em recente debate televisivo. É preciso comentar o comportamento do mediador da “grande mídia”? Piada!


Tais militantes partidários dão de ombros para a essencial solidariedade e empatia - que necessita de real coesão social -, mostrando somente boas intenções, sem que haja efetivo comprometimento no aprofundamento de temas importantes, embora controversos. Eles querem mesmo é fazer barulho e espuma “vermelha”, abordando tal qual a casca de um ovo, ao invés do fundamental conteúdo, a clara e a gema.


De fato, as pautas identitárias politizadas pela esquerda, servem, de maneira fervorosa, de suporte para o real objetivo “progressista”, ou seja, o alcance do total controle estatal sobre às vidas sociais e econômicas das pessoas. Só a liberdade individual é legitimamente capaz de fazer com que os indivíduos sejam livres para pensar e tomar às suas próprias decisões - e se desenvolverem com as próprias pernas, braços e mentes.


Além de ser uma grotesca piada para aqueles que não se alinham às tribos esquerdistas, esses partidários vermelhos acabam gerando um tremendo desserviço para às minorias de LGBTQIA+++, de negros, de feministas de verdade, entre outras. Funciona como um contra remédio para a verdadeira batalha contra a discriminação e o preconceito.


É quase impossível não enxergar que negros, gays, feministas e outras minorias, são só negros, gays e feministas se estiverem em conformidade com as várias tribos esquerdistas. Se não pensarem de acordo com a manada progressista, eles mudam de cor, gênero, raça e/ou pauta.


A hipocrisia e os clichês utilizados têm sido tão transparentes e repugnantes, no sentido de colocar luz sobre as narrativas e falácias referente ao sofrimento e opressão dos grupos minoritários, para benefício da eliminação de culpa das elites brancas - e do propósito do controle do Estado (este não tão nítido) -, que se transformaram em motivo de chacota.


Seja honesto consigo mesmo! Como pode a trupe esquerdista apoiar terroristas sanguinários do Hamas, Hezbolah e outros, desejando limpar o Estado de Israel do mapa e, por via de consequência, varrer os “judeus opressores” do globo? Escárnio total. O ódio do bem vermelho, além de tirar o antissemitismo do armário, proclama livremente o retorno de práticas nazistas, entoadas junto com bandeiras vermelhas com a suástica. Escárnio total.


Como a piada já vem pronta, percebo que a conscientização social sobre tais encenações dantescas, especificamente referente à politização canhota, vem crescendo substancialmente, enquanto que a hipocrisia identitária vermelha tem perdido fôlego proporcional.


É necessário discussão profunda, científica e séria sobre esses temas relevantes para a sociedade, em especial para reestabelecer os vínculos de confiança e coesão social.


Pautas legítimas precisam ser tratadas com severidade e respeito, não como fantasmas de mentiras e falácias voltadas unicamente para os propósitos espúrios e partidários de progressistas de araque. Tomara que meu prognóstico seja certeiro - para o bem de todos.

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  • Olavo de Carvalho
  • 10 Dezembro 2024

Nota do editor: O artigo abaixo, do saudoso amigo Olavo de Carvalho, publicado do Diário do Comércio em 15/12/2015, é reproduzido por seu imenso valor pedagógico se lido na cerração do tempo presente.

Olavo de Carvalho

       Jamais esqueci a cena do filme “O Massacre de Chicago” (St. Valentine’s Day Massacre, 1967) em que Al Capone, representado por Jason Robards, esmigalha com um taco de beisebol a cabeça de um companheiro traidor.

Robards, ator impecável, transmite com precisão a ambigüidade do ódio vingativo que se adorna de uma encenação histérica de indignação moral ao ponto de confundir-se com ela.

É um quadro bem conhecido, banal até, nos anais da psicanálise e da psiquiatria forense: a consciência moral do assassino, sufocada e manietada no fundo do inconsciente, vem à tona em forma invertida e se transmuta em inculpação exagerada e teatral dos seus desafetos.

Quanto mais crimes hediondos o sujeito carrega no seu currículo de horrores, mais eloquente e persuasiva a sua afetação de dignidade ofendida.

Mil vezes descrito nos tratados médicos, o fenômeno, no entanto, continua desconhecido da maior parte dos analistas políticos, que não o enxergam nem mesmo quando ele fornece a explicação cabal e óbvia da conduta de certos grupos, facções e partidos.

O critério para reconhecê-lo é simples e infalível: quando o discurso de inculpação moral hiperbólica provém de alguém que cometeu crimes piores do que aqueles que aparentemente o indignam, você está diante do episódio de St. Valentine’s Day Massacre reencenado.

E aí duas séries de fatos paralelos, ambas abundantemente comprovadas, não têm como deixar de por à mostra a conexão íntima que as liga no fundo mais tenebroso da consciência histérica:

(1) Quem são os campeões absolutos na produção de discursos de indignação moral no mundo? Os comunistas.

(2) Quem são os campeões absolutos na prática do genocídio, da tortura, das prisões em massa, do assassinato de inimigos políticos, da escravização de populações inteiras? Também os comunistas.

Há nisso, é claro, um elemento de premeditação manipulatória: “Xingue-s do que você é, acuse-os do que você faz.” Mas isso é só na cabeça dos mandantes supremos, dos engenheiros sociais pavlovianos, dos próceres da KGB, da Stasi ou da DGI.

Nas almas dos militantes, o que veio de cima como truque publicitário se converte em reação emocional espontânea, num modo de ser e de sentir habitual e automático, sem premeditação alguma: cada um deles sente que esmigalhar as cabeças dos adversários é uma obrigação moral sublime, uma graça santificante.

Se o adversário vê nisso algum mal, é a prova definitiva de que ele é um fascista sanguinário e, portanto, mais um motivo justo para lhe esmigalhar a cabeça.

A naturalidade quase ingênua com que essa gente se sente ofendidíssima com meras opiniões e reage mediante apelos ao assassinato político seria inexplicável sem a “síndrome de Al Capone”. A desproporção entre estímulo e resposta revela que, além do estímulo aparente, está em jogo uma motivação suplementar oculta.

Essa motivação é um mecanismo circular: Nada sufoca mais eficazmente o clamor da consciência moral do que sua imitação histérica invertida –alimentada, por sua vez, pelo próprio clamor sufocado que lateja no fundo do inconsciente.

Toda semana aparecem novos exemplos. Desta vez foi a chuva de ameaças de morte a Donald Trump porque quer vetar a entrada de muçulmanos no país até que sejam investigados e liberados.

A proposta do candidato tem ampla base constitucional reforçada por vasta jurisprudência da Suprema Corte, mas a massa esquerdista indignada não aceita sequer discuti-la: quer suprimi-la matando o seu autor.

A “síndrome de Al Capone” deitou raízes tão fundas nas almas dos militantes esquerdistas, que até aqueles que jamais cometeram crime algum estão sempre em guarda contra a mera possibilidade de tomar consciência dos horrores praticados por seus correligionários, defendendo-se dessa perspectiva temível mediante o mesmo reflexo de inculpação projetiva hiperbólica.

Mesmo o mais inocente e bocó dentre os idiotas úteis do petismo ferve de indignação cívica contra o deputado Eduardo Cunha, como se os delitos menores e não provados que a este se atribuem fossem a causa da desgraça nacional, muito acima do Petrolão, do Mensalão e do rombo das contas públicas.

Sentindo-se acusado por tabela, arma-se de um taco de beisebol verbal e sonha em rachar cabeças como se fosse uma miniatura de Al Capone.

*  Publicado no Diário do Comércio, em 15/12/2015 e reproduzido no site olavodecarvalho.org - https://olavodecarvalho.org/category/artigos/page/3/

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  • Afonso Pires Faria
  • 10 Dezembro 2024

 

Afonso Pires Faria

         Quando tudo isso começou e quando terminará isso tudo?

Dependendo da expectativa de solução, devemos prolongar a pesquisa para tão longe da origem quanto a vontade de solucionar.

Penso que o momento político nacional tem origem quando nos deixamos iludir pelas narrativas do presidente Lula eleito pela primeira vez, falando inverdades de ter acabado com a fome no país pelo programa “fome zero”. Até aí nada de ilegal, foi apenas enganação. Os problemas começaram a se agravar quando tentou-se eliminar de forma abrupta e de uma só vez, toda a corrupção no nosso país.

A lei começou a ser corrompida quando se impediu pela primeira vez, o presidente da República de nomear um ministro. Depois foi executada manobra indecente para que a presidente que sofreu impeachment não perdesse seus direitos políticos.

O atentado contra a vida de um candidato virou quase uma simples contravenção e um dos três poderes ganhou musculatura. Impediu-se que o Presidente nomeasse um diretor da PF, que era sua exclusiva atribuição e foi considerado normal.

Este poder, cheio de empoderamento, perdeu o temor e foi em frente. Quando da votação para se implantar o voto impresso, mesmo fora de suas atribuições, atravessou a Praça dos Três Poderes e sem o menor temor de reprimendas, interferiu descaradamente na votação. Depois, nas eleições, agiu sem o menor escrúpulo e sem medo de ser sequer admoestado.

Agora ficou muito difícil retroceder. Seria como fazer um foguete dar ré. Se bem que...

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