• Sílvio Lopes
  • 11 Julho 2024

 

 

Sílvio Lopes

        Sejam pré-socráticos ou pós Sócrates, os filósofos tiveram- todos eles, indistintamente- a influência da Bíblia Sagrada como norteadora de sua sabedoria e de seus ensinamentos. É só conferir. Portanto, citar Deus ou seus "escolhidos" para difundir a Palavra, é também- e, principalmente- filosofar ao melhor estilo de gente como Demócrito, Tales de Mileto, Heráclito e Pitágoras, entre outros; ou até mesmo Sócrates, Platão e Aristóteles.

Vejam este versículo de Isaías, 59 (14,15): " Por isso a justiça é posta de lado, o direito é afastado. A verdade anda tropeçando nos tribunais, e a honestidade está longe de lá. A verdade desapareceu e os que procuram ser honestos são perseguidos".

Tudo a ver, pois, com o que hoje vivenciamos no Brasil. Sem tirar nem por. E notem, o profeta Isaías viveu entre 765 e 681, antes de Cristo...Que profecia!

Digo e não canso de repetir, que o mais catastrófico legado dos tempos que vivemos hoje, quem sabe  por muitas décadas à frente, repousa na ação pensada da esquerda no desmantalamento ético e moral das nossas instituições democráticas- agora já nem tanto assim.

Restabelecer e limitar tais instituições em suas funções originais e recompor o seu caráter imparcial e de moralidade pública, será, portanto, tarefa hercúlea e que exigirá determinação e um verdadeiro espírito democrático de todo um povo. 

Este país, como se vê, de tão extraordinário potencial para ser uma nação das mais poderosas entre as demais, não perde a oportunidade de perder a oportunidade de, finalmente, decolar e se consolidar no concerto mundial das nações.

No dia em que imitarmos os animais, que " não escolhem qualquer estúpido para liderar a manada", como bem lembrou Winston Churchill, aí sim daremos o passo mais importante da nossa história. Claro que, então (e daí em diante), estaremos livres para sonhar o acalentado sonho de um dia transformar um este país numa grande e abençoada nação.

*    O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.

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  • Irapuan Costa Junior, no Jornal Opção
  • 07 Julho 2024

 

Irapuan Costa Junior

       É impossível ganhar um Nobel com o saber subordinado à ideologia. Seguiremos passando vergonha frente a nossos vizinhos mais pobres e menos populosos

A láurea mais cobiçada pela intelectualidade do mundo ainda é, sem dúvida, o Prêmio Nobel, da Real Academia de Ciências da Suécia e do Comitê Norueguês do Nobel, nas suas seis modalidades.

O Nobel é atribuído anualmente, desde 1901, para os maiores destaques internacionais em cinco áreas: Física, Química, Literatura, Fisiologia ou Medicina e Paz.

O Banco Central da Suécia atribui, desde 1968, um prêmio para Economia que ficou conhecido como um sexto Prêmio Nobel.

A premiação é um destaque intelectual ao qual só se pode chegar com pendor, inteligência, muito estudo de boa qualidade e muita dedicação. Vale dizer que a educação do candidato a Nobel deve ser excelente nos três níveis normais e sua pós-graduação deve apontar para um extraordinário esforço de aprofundamento em sua especialidade, chegando até a descoberta de algo benéfico à humanidade. A menos que seja um extraordinário autodidata.

As nações mais populosas tendem, teoricamente, a produzir mais prêmios Nobel ao longo de sua história, desde que, evidentemente, proporcionem à sua população qualidade de vida, ensino de excelência, apoio à cultura de maneira geral e à pesquisa científica em particular.

Essa reunião de circunstâncias explica por que os EUA — campeões em número de prêmios Nobel (mais de 400) — os conquistaram muito mais que China e Índia, nações bem mais populosas. E nos leva a constatar que em termos de prêmios Nobel per capita os campeões (logo campeões em ciência e cultura) não são os EUA, Inglaterra e Alemanha, os três que maior número de Nobel conquistaram, mas as nações europeias: Luxemburgo, Suécia, Suíça, Áustria, Noruega e Dinamarca, não por coincidência, todas com Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) acima de 0,920.

Os Estados Unidos, nesse critério de prêmios por habitante, caem para um bem mais modesto patamar: décimo terceiro lugar.

Há uma surpresa: campeã “hors-concours” em prêmios Nobel per capita é a pequenina república caribenha Santa Lucia (cerca de 200 mil habitantes) — que conquistou dois Nobel: um de Economia, outro de Literatura, mesmo tendo uma população mil vezes menor que o Brasil.

 Por falar nisso, é inevitável a indagação: por que o Brasil nunca conquistou um Nobel, mesmo populoso como é?

Por que não, se na América Latina temos a vizinha Argentina com cinco conquistas, mesmo tendo população cinco vezes menor que a nossa, o México com três Nobel para uma população uma vez e meia menor? E Chile e Guatemala, ambos com população próxima a 10% da brasileira, cada um com dois prêmios Nobel na parede, o mesmo acontecendo com a Colômbia, com população quatro vezes menor que a brasileira? Sem falar na pequena Costa Rica, que tem seu Nobel desde 1987 e tem população quarenta vezes menor que a nossa.

Em tempos melhores estivemos perto da premiação: o cientista Carlos Chagas esteve próximo do Nobel de Medicina, Cesar Lattes quase levou o de Física, Jorge Amado (e, segundo Antônio Olinto, o poeta Jorge de Lima chegou a ser cotado) esteve perto do de Literatura e o marechal Cândido Mariano Rondon chegou a ser recomendado por Einstein para o Nobel da Paz.

Mas o fato é que, para vergonha nossa, nunca conquistamos um prêmio desses. Não reunimos aquelas condições citadas lá em cima e, pelo que vemos a cada dia, com os governos “progressistas” que tivemos — e temos — cada vez mais nos afastamos dessa conquista cultural.

Nosso IDH é modesto (0,760), abaixo de Chile e Argentina, para falar de vizinhos premiados com o Nobel. Como o cálculo do IDH se baseia em renda, saúde e educação, e sem educação não existe Nobel, isso já explica muita coisa.

Mas a nossa educação caiu para níveis sofríveis no básico, no médio e no superior, como mostram as avaliações internacionais, estando nos últimos lugares entre as nações do planeta.

Os incentivos à pesquisa e à tecnologia praticamente inexistem no governo federal, que prefere premiar artistas indolentes.

A sociedade brasileira mostra os reflexos desse estado de coisas, que é urgente reverter, mas essa reversão não parece presente nas preocupações dos políticos.

Um desses reflexos brilhou no sucesso que fez a pornô-cantora Madonna dias atrás em Copacabana. A juventude brasileira aprendeu a apreciar esses espetáculos de baixíssimo nível, e não a música educativa e erudita apreciada na Europa, por exemplo.

Um outro índice de atraso intelectual pode ser obtido em uma pesquisa recente — e essa tem relação direta com o ambiente que deveria produzir os nossos prêmios Nobel. A pesquisa, feita pelo jornal “Gazeta do Povo” e pelo Google, examinou 7.000 trabalhos universitários brasileiros tomados aleatoriamente. São dissertações de mestrado e teses de doutorado de 93 faculdades e em mais de 200 áreas do conhecimento humano.

Advinha o leitor quem são os eruditos mais citados nessa miríade de estudos brasileiros sobre o conhecimento ao longo dos séculos? Platão, Aristóteles, Kant? Descartes, Newton, Einstein? Shakespeare, Dostoiévski, Victor Hugo? Machado de Assis, Lima Barreto, Ruy Barbosa? Nada disso.

A preferência do meio universitário brasileiro, mostrada de sobejo nesses trabalhos, recaiu sobre três figuras: Karl Marx, Paulo Freire e Michel Foucault.

Para que o leitor tenha uma ideia da profundidade científica desses trabalhos, Paulo Freire é citado mais de 700 vezes no conjunto examinado, enquanto Albert Einstein aparece em apenas cerca de 300 citações — menos da metade.

Em outras palavras, as fontes preferenciais onde nossos cientistas bebem conhecimento são: um filósofo (Karl Marx) que se provou totalmente equivocado em suas concepções em mais de oitenta experimentos sociais cujos resultados foram desastrosos e diametralmente opostos às suas previsões; um educador (Paulo Freire) cujo método educacional, um plágio desvirtuado, nunca foi adotado em nenhum lugar do mundo fora do Brasil (exceto em alguns bolsões esquerdistas), apesar da pirotecnia “progressista” em torno dele. E que, comprovadamente não educa, mas cria ativismo ideológico; um teórico social (Michel Foucault) para quem escolas, presídios e quartéis são instituições semelhantes, onde o poder estabelecido exerce o controle social sobre o conhecimento.

Em suma, três expoentes da esquerda, o que reflete a deficiência de nosso sistema educacional formal, tantas vezes provada nas avaliações internacionais a que se submeteu. Como conquistar um Prêmio Nobel nessas circunstâncias? Com o saber subordinado à ideologia? Impossível. Seguiremos passando vergonha frente a nossos vizinhos mais pobres e menos populosos. Nossos jovens continuarão a não aprender na escola o básico para o progresso individual e para o convívio social.

Mas nossas elites políticas não se preocupam com essas questões somenos importância. 

*      Em 23/06/2024

**  Reproduzido do jornal Opção: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/contraponto/entenda-por-que-o-brasil-ainda-nao-ganhou-e-pode-nao-ganhar-nenhum-premio-nobel-613916/

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 07 Julho 2024

 

Gilberto Simões Pires

LIVROS DE CABECEIRA

Algumas OBRAS, mesmo depois de lidas e compreendidas, por conta de seus conteúdos eleitos como MARCANTES precisam ficar sempre por perto, prontas e disponíveis para novas e repetidas leituras ou breves consultas. Como tal, mais do que sabido, essas seletas obras são eleitas e/ou consagrados como -LEITURAS DE CABECEIRA-. 

 CAMINHO PARA A SERVIDÃO

Pois, levando em boa, nítida e elevada conta a LENTA, GRADUAL E SEGURA -DEGRADAÇÃO ECONÔMICA- do nosso cada dia mais empobrecido Brasil, recomendo a leitura ou a releitura do livro -O CAMINHO DA SERVIDÃO-, ou o CAMINHO PARA A SERVIDÃO (The Road to Serfdom), de autoria do economista -liberal- Friedrich August von Hayek, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 1974, destacando-se como uma das obras de referência na defesa do LIBERALISMO ECONÔMICO. 

ENCAMINHAMENTO PARA A DITADURA

Numa curta resenha, que cabe como uma luva para a atual situação que o nosso Brasil está enfrentando, à olho nu, Hayek mostrou, em 1944, em -O CAMINHO DA SERVIDÃO-, que TODA DIMINUIÇÃO DA LIBERDADE DE MERCADO EM TROCA DO PLANEJAMENTO ESTATAL DA ECONOMIA representa uma DIMINUIÇÃO DA PRÓPRIA LIBERDADE HUMANA, encaminhando as sociedades, não para o -BEM-ESTAR SOCIAL- mas para uma DITADURA CADA VEZ MAIS BRUTAL. 

REGIMES BUROCRÁTICOS

Em suma, como bem refere a economista Mariana Peringer, do Instituto de Formação de Líderes de São Paulo: - na sua importante e irreparável obra Hayek demonstra que todas as formas de coletivismo, seja o nazismo ou o socialismo, levam, inevitavelmente, à tirania e à supressão das liberdades. De forma muito enfática, Hayek diz que em um sistema de PLANEJAMENTO CENTRAL DA ECONOMIA a alocação de recursos é de responsabilidade de um PEQUENO GRUPO, sendo este incapaz de processar a enorme quantidade de informações necessárias para essa tarefa. Face à gigantesca concentração de poder nas mãos de um limitado número de burocratas, divergências acerca da implementação das políticas econômicas levariam, de uma forma ou de outra, ao uso da força pelo governo para que suas medidas fossem toleradas, tese também defendida por Ludwig von Mises, que demonstrou a impossibilidade do cálculo econômico em uma comunidade socialista.

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 07 Julho 2024


Alex Pipkin, PhD

      Confesso que o saudosismo tem o seu "lado negro", na medida em que exerce uma apreciação exagerada sobre as coisas do passado. No entanto, como era bom quando a nação verde-amarela era reconhecida, internacionalmente, por suas praias afrodisíacas, por suas belas canções, e pelo nosso glorioso futebol!

A marca-país é o meio pelo qual uma nação se comunica, se diferencia e simboliza suas particularidades para o mundo. Gera-se um valor emocional, criando uma imagem que os consumidores têm do país como um todo. Marca é um ativo essencial para empresas, identificando seus produtos e serviços e, fundamentalmente, sua proposição de valor, ou seja, como uma organização cria e entrega uma solução diferenciada e melhor para resolver os problemas reais dos clientes-consumidores.

É evidente que o posicionamento de marca impacta, positiva ou negativamente, nos olhos, na mente e no coração dos clientes-consumidores, agregando - ou não - valor aos clientes e influenciando no alcance de uma lucratividade superior nas empresas.

O ex-presidiário retornou a cadeira do Planalto, tendo como uma de suas grandes narrativas para a “reconstrução” brasileira, a recuperação da imagem do país no exterior. De acordo com os “especialistas em ilicitudes”, o ex-presidente aniquilou a reputação tupiniquim no exterior.

É lamentável e, ao mesmo tempo, surreal, que esse desgoverno e seu partido da propaganda, a ex-mídia, agora coloquem os holofotes sobre presentes recebidos pelo ex-presidente de autoridades internacionais, além de supostas irregularidades com o cartão de vacinação do capitão. Chacota. Ainda acreditam que a maioria dos da terra de Macunaíma são legítimos idiotas!

Pois essas são as grandes, sensacionalistas e importantes notícias do dia, de acordo com o (des)jornalismo nacional. Decerto que todas eventuais irregularidades devem ser apuradas e, se materializadas, punidas. Entretanto, a imagem do país se encontra na sarjeta em razão, objetivamente, de fatos reais e que assombram, de verdade, o globo. O autoproclamado “negociador da paz mundial”, genuíno defensor de terroristas do Hamas, transformou-se em um cão sarnento no cenário internacional, em que todos os chefes de Estado desejam a máxima distância. Inquestionável.

A mídia mundial, de maneira certeira, identifica o Brasil como se postando do lado errado da história. O retorno escancarado da corrupção, dos abusos intervencionistas na economia e na vida das pessoas, da intromissão desastrosa em estatais, da incompetente má gestão pública, e de seu conluio com políticos de toga, disfarçados de ministros da Corte, são flagrantes. Esses, inacreditavelmente, regozijam-se, afirmando, abertamente, que presentemente dispomos de um STF socialista. Eles não julgam a lei, legislam de acordo com a cartilha vermelha.

Os verdadeiros radicais de “extrema-esquerda”, com suas genuínas narrativas e “fake news”, fazem o impossível para controlar, distorcer e atrapalhar a vida do empresariado e dos cidadãos.

Difícil escutar um pio da “grande imprensa” sobre a suja corrupção que retornou livre, leve e solta, sobre a asfixia imposta pelos escorchantes impostos, pela cada vez mais abusiva e maior regulação da economia, pela inconcebível censura prévia, e pela apologia aos direitos desumanos. A marca Brasil está bem no fundo da lata do lixo. Impossível ser diferente. O jornalismo mundial sério, com “J” maiúsculo, enxerga e informa os fatos e os dados como eles são, verdadeiramente.

Os estrangeiros sabem o que está acontecendo no país. Prova disso é a escassez de confiança e dos respetivos investimentos em terras do Pau Brasil. A marca Brasil, atualmente, sinaliza sua imagem e sua particularidade socialista, autoritária, incompetente e, acima de tudo, da tatuagem da corrupção e da prevaricação. Embora para a imprensa nacional o país seja uma reprodução de Nárnia, o mundo enxerga de maneira transparente o rápido caminhar em direção à destruição.

Minha esperança é a de que os eleitores-consumidores assim também o façam.

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  • Dartagnan da Silva Zanela
  • 04 Julho 2024

 

 

Dartagnan da Silva Zanela

          Num dia qualquer do ano de 1871, no Hospital de Montreal, um estudante de medicina tomou em suas mãos um livro do historiador britânico Thomas Carlyle e, desta obra, algumas palavras causaram-lhe uma profunda impressão. No caso, seriam essas as palavras: "nossa preocupação principal não deve ser a de divisar aquilo que se acha encoberto na distância, mas de executar o que se apresenta claramente diante de nós".

Bem, o jovem estudante, segundo as más línguas, veio a se tornar um grande médico e ele, já idoso, dizia que muito de sua carreira exitosa, e de sua vida bem vivida, devia-se ao impacto que essas palavras, do tinteiro de Carlyle, tiveram em sua alma.

 E é curioso como nossa cumbuca funciona diante das obrigações nossas de cada dia. Todos nós temos lá um punhado de tarefas que foram confiadas, pela Providência, em nossas mãos, para serem executadas com zelo. Tarefas que, diga-se de passagem, não são nem um pouco complicadas e, por isso mesmo, acabam não tendo aquele glamour, nem aquele ar desafiador, aventureiro, divertido, como gostaríamos que tivesse.

Por essa razão que muitas e muitas vezes nós acabamos dando de ombros a todas elas e, sem querer querendo, terminamos por não executá-las, por considerá-las atividades de pouco valor, de importância duvidosa, indignas de nossa "excelsa pessoa".

Ao fazermos isso, sem nos darmos conta, ao invés de abrirmos os portões da nossa alma para uma vida "épica", repleta de significado e fecunda de sentido, acabamos por nos embrenhar numa barafunda de mesquinhez, futilidades e mediocridades mil e, tudo isso junto e misturado, indevidamente justificado em nome dos mais elevados ideias que palpitam no coração humano.

Dito de outro modo, o sujeito que diz estar fervendo de indignação frente às injustiças do mundo, muitas e muitas vezes não é capaz de lavar a louça do almoço, de ajudar a organizar a casa ou de simplesmente limpar o quintal. O mesmo caboclo que diz tremer de indignação frente aos abusos que são cometidos por políticos, empresários e criaturas similares, não é capaz de agir de forma minimamente gentil e amorosa para com sua esposa, filhos, amigos e colegas de trabalho.

A lista de tarefas que são desdenhadas por nós, por considerarmos de pequeno calibre, são uma enormidade, mas é nelas, justamente nelas, que iremos nos realizar plenamente como pessoa porque, como nos ensina Viktor E. Frankl, é nas pequenas obrigações que realmente podemos absorver plenamente o sentido da vida, porque apenas nós podemos realizá-las. Apenas nós e mais ninguém.

Por essa razão, o sentido da vida não pode jamais ser inventado por nós; ele, necessariamente, precisa ser encontrado por cada um de nós.

Ao realizarmos, de forma silente, as nossas obrigações de cada dia, estamos nos entregando por inteiro ao cumprimento de ações que, efetivamente, vão impactar a nossa vida e, consequentemente, a vida dos nossos semelhantes.

Aliás, como bem nos lembra o poeta e escritor britânico Robert Louis Stevenson, todos podem carregar os fardos que foram colocados sobre seus ombros, não importa o quão pesados eles sejam, até o cair da tarde; e, com a chegada do fim do dia, podemos olhar o crepúsculo do astro e rei e dizer, para nós mesmos, que fizemos tudo que podia ser feito, com todas as forças que temos, da melhor forma possível.

Ao afirmar isso não estamos dizendo que não podemos tremer de indignação diante das mazelas do mundo; o que afirmamos, em alto e bom tom, é que não devemos, jamais, usar a justa indignação como justificativa para fazermos pouco caso das obrigações concretas que temos que cumprir em nosso dia a dia.

Enfim, como nos ensina o poeta alemão Johann Goethe, se não sabemos exatamente o que queremos fazer, cumpramos zelosamente tudo aquilo que é do nosso dever. Tal cumprimento, num primeiro momento pode até não nos agradar, porém, com o tempo, a sua contínua e zelosa realização preencherá o vazio que muitas e muitas vezes tortura o nosso coração e turva a nossa consciência.

*       O autor, Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.

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  • Sílvio Lopes
  • 29 Junho 2024

 

Sílvio Lopes

        A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa, sentenciou Karl Marx, lá atrás. Esse é o "embuste" que hoje sacode o Brasil, após um pequeno interregno em que alimentamos - inocentemente -a esperança de estarmos marchando rumo à apoteose de nos transformar, enfim, numa grande nação. Sonho lindo, mas... acordamos! E veio o pesadelo da desesperança.             

Não há como - e nem devemos - ignorar a história. No clássico " Declínio e Queda do Império Romano, Edward Guibbon retrata com inegável maestria, (inclusive de detalhes), as razões da queda do poderoso império romano, depois de 500 anos de conquistas gloriosas e incomensuráveis.

Arraso (destruição na economia), com base agrícola e, em especial, a desenfreada e promíscua corrupção dos imperadores. Deu no que deu!

Alguma coisa semelhante ao Brasil de hoje? Sinceramente, tudo a ver. Nossa economia desce ladeira abaixo- daqui pra frente, em crescente aceleração, se tudo se mantiver como está. E a corrupção corre frouxa e escancarada num processo avassalador e, por enquanto, imparável.

Uma nação jamais será autossustentável, caso erigida tendo o seu tecido social tomado, integralmente, pela corrupção institucionalizada. É esse, sem tirar nem por, o nosso caso.

Aqui, historicamente, idolatramos os que se utilizam do "jeitinho brasileiro", da "criatividade perversa de passar a perna no outro". Isso tudo virou uma espécie de "esporte nacional". Mesmo, mas principalmente, se esse alguém for figura pública de notória fama... É ou não é?

Impensável uma nação se tornar próspera e justa sem que seus dirigentes, pelo menos eles, sustentem um mínimo de integridade ética e moral. O exemplo tem seus papel pedagógico transcedental na formação moral da sociedade. A história comprova.

Enquanto permitirmos que nosso inconsciente coletivo, à la  Freud, decida por nós a escolha da classe dirigente, minguadas esperanças restam para tirarmos esse país do calabouço da corrupção institucional no qual se encontra.

Desalentador ver um país como o Brasil desperdiçar tantas chances de se tornar uma grande nação. A mais pujante entre todas.  Minha geração, certamente, está fadada a não ver, se isso, efetivamente, algum dia se tornar realidade.

Mantidas as atuais condições de temperatura e pressão dos níveis de corrupção e a total falta de discernimento político e ético da sociedade brasileira, continuaremos a sonhar com o mantra de " país do futuro". Um futuro que nunca chega. E nem chegará.

*O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante

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