Dartagnan da Silva Zanela
Confesso que me causam risos – irônicos, é claro – quando leio que autoridades do executivo, de mãos dadas com seu secretariado, garganteiam aos quatro ventos que sua Unidade Federativa goza da melhor, da mais sublime e hi-tec educação da Via Láctea, quiçá, do Universo.
Não digo isso por maldade, cara-pálida. É que o cenário, infelizmente, é para lá de constrangedor, para dizer o mínimo.
Sim, eu sei, todo mundo sabe que essas figuras que se pavoneiam diante de todos os olhares e câmeras têm uma preocupação mastodôntica com a publicidade de suas não-realizações e de seus não-resultados. Alguns dirão que isso seria apenas uma expressão do narcisismo encruado dessa turma, mas eu não ousaria dizer uma coisa dessas. Jamais.
Mas, vamos em frente. Os fatos concretos são varridos para debaixo do tapete, para manter a boa imagem, fatos que refletem o que realmente está acontecendo com a educação em nosso triste país.
Dito isso, vem comigo e me diga uma coisa: entulhar alunos em salas superlotadas é uma política pública que denota uma abnegada preocupação com a educação das futuras gerações? Fomentar a promoção de alunos para séries mais avançadas, sem que tenham aprendido o mínimo indispensável para, ao final de cada ano, pavonear números vistosos, porém irreais, por acaso, seria um sinal de comprometimento com a formação das gerações mais tenras? Pois é, foi o que pensei: as ideias vendidas pelos donos do poder não correspondem aos fatos.
Sem dúvida, existem muitos problemas nas salas de aula, mas a maioria absoluta desses problemas, probleminhas e problemaços, foi injetada por figuras que ignoram o real sentido do ato de educar.
Ora, amigo leitor, de onde você acha que veio a ausência de regras que legitima a indisciplina escolar? Pare e pense, pense e pasme. Isso mesmo. Dos mesmos produtores da tal melhor educação do universo.
O sistema educacional vigente, com sua preocupação irracional com índices publicitários, está fomentando a formação de indivíduos inconsequentes. Tanto o é que todo mancebo aprende, rapidinho, que qualquer coisa que ele fizer, ao final, não dará em nada, nada mesmo, porque eles entenderam bem quais são as "regras" que não foram escritas pelo seu professor, mas sim pelos sujeitos ocultos que estão bem longe da sala de aula.
* O autor, Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.
Dagoberto Lima Godoy
Ao longo da história, os regimes autoritários surgiram sob os mais variados pretextos: proteger a ordem, combater inimigos externos, restaurar valores ou conduzir o povo rumo a um futuro prometido. Seja por meio da força, da manipulação ideológica ou da concentração de poder, o autoritarismo tem sido um fenômeno recorrente. Mas há uma constante histórica que não pode ser ignorada: todos esses regimes, sem exceção, um dia terminam — e quase sempre de forma trágica ou humilhante.
O exemplo de Roma já nos oferece um retrato claro: imperadores como Calígula e Nero governaram com crueldade, excentricidade e desprezo pela vida humana. Foram assassinados por seus próprios soldados ou seguidores. Nem mesmo o poder quase divino conferido pelo Império garantiu estabilidade diante da tirania.
Séculos depois, a Revolução Francesa encerraria de forma dramática o reinado dos Bourbons. Luís XVI e Maria Antonieta terminaram na guilhotina, após anos de privilégios descolados da realidade de um povo faminto. A monarquia que parecia eterna foi derrubada em poucos anos por um povo que disse: basta!
O século XX, por sua vez, foi o laboratório das experiências totalitárias mais radicais. Hitler ascendeu ao poder pela via democrática, mas rapidamente transformou a Alemanha num estado policial. Promoveu guerra, ódio e genocídio. Terminou enclausurado num bunker, cercado por escombros e traído pela própria ideologia que pregava supremacia. O Terceiro Reich, que prometia mil anos de glória, durou doze.
Na União Soviética, Stálin construiu uma ditadura marcada pelo medo e pela perseguição. Milhões de vidas foram perdidas nos campos de trabalho e expurgos ideológicos. Após sua morte, foi denunciado até por seus sucessores. E o regime comunista que parecia sólido como aço implodiu em 1991, em meio à bancarrota econômica e à sede de liberdade.
Na China, Mao Tsé-Tung, com o "Grande Salto Adiante" e a "Revolução Cultural", mergulhou o país em fome, terror ideológico e destruição institucional. Milhões morreram. Após sua morte, o culto a sua figura foi desfeito e parte de seu legado silenciosamente repudiado. O maoísmo, como regime pessoal e ideológico, chegou ao fim — ainda que a estrutura autoritária do Estado chinês tenha sobrevivido sob nova forma. Até quando?
A América Latina também conheceu bem as sombras do autoritarismo - regimes militares impuseram censura, tortura e repressão sob o argumento da segurança nacional, diante de movimentos antidemocráticos que também ameaçavam a liberdade. Mas também esses governos caíram, não por força das armas, mas por pressão popular e desgaste moral.
Hoje, assistimos a governos ainda presos à lógica autoritária em diferentes partes do mundo: Venezuela, Coreia do Norte, Irã, Rússia, Belarus. Alguns parecem resistentes, mas todos enfrentam o mesmo paradoxo que corroeu os anteriores: quanto mais se fecham ao diálogo e à liberdade, mais se fragilizam internamente.
A história mostra, de forma insistente, que o autoritarismo nunca é eterno. Ele pode resistir por um tempo — às vezes longo, às vezes curto — mas não sobrevive à erosão dos instrumentos de controle sobre o povo: o medo imposto, a mordaça, a narrativa mentirosa. Quando a estrutura de coerção começa a falhar — seja por crise econômica, revolta social ou simples desgaste moral —, o regime desaba. Pode cair de forma súbita ou lenta, mas sempre cai.
A lição, portanto, é vital: todo regime que avança contra as liberdades fundamentais e reprime as pessoas de bem está cavando sua própria cova. Pode contar com forças armadas, propaganda, e censura ou mesmo apoio externo. Pode dominar a mídia e violentar a justiça, mas o fim é sempre certo. Porque liberdade e dignidade humana , mesmo oprimidas, nunca se apagam — apenas se recolhem, aguardando a hora.
(Ou: Como ser antissemita e sair aplaudido)
Alex Pipkin, PhD
O novo antissemitismo não usa suásticas. Usa hashtags. Desfila por universidades e fóruns internacionais sob o disfarce de empatia e justiça social. Criticar Israel virou o último refúgio dos intolerantes que se acham virtuosos. O humanitarismo virou performance.
Hoje, não é mais preciso gritar “morte aos judeus” para ser antissemita. Basta entoar “Palestina livre do rio ao mar”, um slogan que não clama por coexistência, mas pela eliminação do Estado de Israel. E ele é repetido por jovens ativistas ocidentais que ignoram (ou fingem ignorar) história, geopolítica e geografia.
Em 2000, no Acordo de Camp David, o premiê israelense Ehud Barak, com apoio direto de Bill Clinton, ofereceu a Yasser Arafat 91% da Cisjordânia, Gaza, controle de Jerusalém Oriental e compensações territoriais. Arafat recusou. Porque o objetivo nunca foi a criação de um Estado Palestino. Foi o fim do Estado judeu. E a resposta foi uma nova Intifada. Mais sangue. Mais terror.
Mas essa realidade desapareceu dos campi universitários, hoje dominados por slogans e cancelamentos. Israel — uma democracia plural, com árabes no Parlamento e no Judiciário — virou “opressora”. Gaza, que é controlada por uma teocracia homofóbica, antissemita e misógina, virou símbolo de resistência. Não é solidariedade. É ignorância militante. Não é empatia. É ódio moralizado.
Enquanto isso, no mundo real, o adolescente israelense Daniel Boaron, de apenas 16 anos, conquistou o ouro no Grand Prix de Jiu-Jitsu, na Itália. Mas foi impedido de subir ao pódio. Recebeu sua medalha nos bastidores, às escondidas. A justificativa oficial foi “segurança”. A verdade? Um judeu premiado publicamente virou risco político.
Em 1936, atletas judeus foram silenciosamente removidos das Olimpíadas de Berlim. Em 2024, um adolescente israelense é removido do pódio europeu. Mudaram os símbolos. Não o gesto. O antissemitismo agora fala baixo, se veste bem e posa como defensor dos direitos humanos.
E o Brasil, o que dizer? Participa do G7 representado por Luiz Inácio da Silva, que já comparou Israel a Hitler e ao Holocausto. Um escárnio diplomático. Uma vergonha histórica. Enquanto os líderes do mundo livre reafirmavam o direito de Israel à autodefesa, Luiz Da Silva se alinhava — mais uma vez — com o Eixo do cinismo: Irã, Rússia, China.
Não se trata de diplomacia. Trata-se de covardia moral.
As universidades do Ocidente — outrora templos do pensamento livre — tornaram-se centros de censura disfarçada de inclusão. Estudantes judeus são perseguidos. Professores pró-Israel, silenciados. A liberdade de expressão protege todos, menos os judeus. O campo do saber virou campo de caça.
E tudo isso para quê?
Para que adolescentes entediados se sintam moralmente superiores por um dia? Para que ativistas de boutique multipliquem curtidas? Para que líderes decadentes arranquem aplausos fáceis da imprensa engajada?
Como disse August Bebel: “O antissemitismo é o socialismo dos idiotas”. Hoje, é o ativismo dos vaidosos.
Essa farsa performática não salva vidas. Alimenta terroristas, sabota a paz e fortalece regimes que odeiam judeus, mulheres, gays e qualquer traço de liberdade. Mas é aplaudida porque oferece uma ilusão de justiça instantânea. Barata. Pós-moderna. Instagramável.
Nós, judeus, já vimos isso. Sentimos o cheiro da fumaça da história.
Não aceitaremos mais que nossos atletas sejam escondidos. Que nossos mortos sejam relativizados. Que nossos filhos sejam chamados de colonos enquanto fogem de foguetes.
O lugar do judeu não é nos bastidores da história. É no palco da verdade!
Se o mundo quiser repetir os erros do passado, que o faça sem a nossa conivência.
Desta vez, estamos vivos, lúcidos — e de pé.
Eguinaldo Hélio de Souza
Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia.
Chico Buarque
Dentro de campos de concentração e de nações sob ditadura, a esperança é tudo o que resta. Essa esperança, às vezes foi frustrada, às vezes foi concretizada. Judeus viram a derrota do nazismo, mas Cuba e Coreia do Norte permanecem como nações-prisões de onde muitos tentam escapar e muitos morrem nessa tentativa. Mas nada é para sempre, nem mesmo o mal.
Já temos presos políticos e exilados, com jornalistas nas mesmas condições. Temos, inclusive, cabeleireiras, vendedores de algodão doce, moradores de rua e senhoras com Bíblias nas mãos, presos como golpistas. Se não é uma ditatura, então é uma pré-ditadura se assim preferem os otimistas e os passapanistas.
Mordaças, algemas, inquéritos, censuras, amizades com ditadores, arbitrariedades e anticonstitucionalidades. Consórcio de poder judiciário-executivo. Apoio do exército e da imprensa. Legislativo calado, conivente ou cúmplice. A caminho da Venezuela, China ou Cuba, o que for mais fácil. Só não enxerga isso quem quer cegar os outros.
Há escape? A barbárie terá fim? Podemos ter esperanças? Ou ela é ilusória?
Sim, sempre podemos ter esperança. Há vozes discordantes que não foram caladas. (Ainda?). Há alguns da classe falante que despertaram de sua letargia e não conseguem ficar quietos. Há livros, cursos, políticos, jornalistas, humoristas. Ainda. O trabalho de formiguinha de alguns anos, já se transformou em trabalho de formigueiro.
E há a realidade. Sim, a realidade. Como disse alguém, o maior inimigo do totalitarismo sempre foi a realidade. Não adianta a lutadora aceitar mentalmente que sua “adversária” é uma mulher porque seu soco doerá como o soco de um homem. A trans não escapará do câncer de próstata mudando seu nome, seu gênero ou mesmo sua aparência. O urologista é o seu destino. Palavras mudam percepções, mas não a realidade.
O governo Lula 3 quer fazer acreditar que o problema é comunicação quando seu problema é essência. Concordando sem relutância com seu vice, o ladrão voltou à cena do crime, com a mesma quadrilha e os mesmos crimes. E outros novos. Esse fato, enfiado urna abaixo sobre os brasileiros, não garante adesão, concordância ou aceitação. Não muda fatos. E os crescentes índices de rejeição provam isso.
Impérios celebravam sua grandeza, poder e força, às vésperas de suas quedas. Babilônia, Pérsia e Roma que o digam. O declínio e queda do terceiro mandato do Lula está aí, cambaleando como um bêbado (estou falando do mandato). A realidade explodirá como um vulcão adormecido e seus cúmplices de modo nenhum escaparão. Quando? Não sabemos, mas o mal traz dentro de si o próprio verme que o devorará. Quem viver verá.
Tenhamos esperança.
Dartagnan da Silva Zanela
"Apocalípticos e Integrados" é uma obra de Umberto Eco que, francamente, penso que todos que se preocupam com os efeitos da cultura de massa na formação da personalidade deveriam ler e, após isso, refletir serenamente a respeito dos seus apontamentos e considerações.
De todas as advertências, há uma que considero basilar: o fato de que boa parte das pessoas que reconhecem os males fomentados pela indústria cultural frequentemente são incapazes de perceber o quanto ela mesma afeta sua visão deformada e deformante da sociedade e de si mesmas.
Todos nós, em maior ou menor medida, fomos e somos afetados pela cultura de massa. Podemos afirmar, sem medo de errar, que ela é, para todos nós, como o ar que respiramos: está presente em tudo, em todos e, é claro, em nós também.
Por isso, como nos lembram tanto Umberto Eco quanto Vargas Llosa, devemos nos manter vigilantes com relação a tudo aquilo que cremos ser a nossa mais lúcida e crítica opinião, porque muitas vezes ela não passa de um simples subproduto da mentalidade massificante que passou a fazer morada em nossa consciência sem pagar aluguel.
Ou, como bem nos adverte Ortega y Gasset, muitas vezes aquilo que soberbamente chamamos de nossa opinião "criticamente crítica" não passa de um estranho que nos habita, apenas uma macaqueação de uma corrente de opinião que está circulando pelos quatro cantos digitais deste mundão de meu Deus.
Não apenas isso. Somos convidados pela cultura de massa a sempre ter uma opinião deformada sobre tudo, a respeito de incontáveis temas sobre os quais nunca paramos para refletir. Pior! Nossa opinião irrefletida sobre inúmeros assuntos, invariavelmente não tem relevância alguma para o desenrolar dos fatos, mas nos dá aquela falsa sensação de que estamos fazendo algo importante, que estamos agindo de forma crítica e, é claro, consciente.
Tanto é assim que o consumo conspícuo de produtos da indústria cultural não nos propicia um sentido de aprofundamento e compreensão, mas apenas um desejo de consumir mais traquitanas similares, num loop sem fim.
Aliás, essa é a forma como muitas vezes nós consumimos notícias e esse comportamento compulsivo, diga-se de passagem, não contribui em nada para a autonomia do nosso pensamento, da mesma forma que ficar em negação não muda em nada essa situação, não mesmo.
* O autor, Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.
Gilberto Simões Pires
EDITORIAL DE 16/06
No editorial de anteontem, 16, apontei para o ESTUDO -IRREFUTÁVEL- feito pelo IBRE-FGV- Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, dando conta que o PIB da REGIÃO SUL (PR, SC e RS) cresceu acima da média nacional no primeiro trimestre de 2025, com destaque para AUMENTOS expressivos do PARANÁ (5,9%) e de SANTA CATARINA (5,6%) e VARIAÇÃO -ZERO- do RIO GRANDE DO SUL.
INCONFORMADOS
Pois, dentro do esperado, inúmeros gaúchos -INCONFORMADOS- saíram em defesa do RIO GRANDE DO SUL, apontando a -ENCHENTE DE 2024- como CAUSA -IRREFUTÁVEL- do MAU DESEMPENHO DO ESTADO, em comparação com seus vizinhos integrantes da REGIÃO SUL DO BRASIL.
DINHEIRO PARA ESCOLA DE SAMBA
Ora, a bem da mais pura e incontestável VERDADE, o RIO GRANDE DO SUL, infelizmente, consegue ser -DESTAQUE NACIONAL- em AUMENTO DE IMPOSTOS E DO ENDIVIDAMENTO. E para desespero geral, o péssimo GOVERNO LEITE, além de aplicar um sonoro CALOTE na AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA COM A UNIÃO, achou por bem que o melhor para o POVO GAÚCHO é financiar o desfile de 2026 da -ESCOLA DE SAMBA PORTELA-, do RIO DE JANEIRO. Pode?
PRÍNCIPE CUSTÓDIO
Para quem não sabe, na última sexta-feira, 13, a PORTELA anunciou que o tema do enredo para o Carnaval de 2026, será: “O MISTÉRIO DO PRÍNCIPE BARÁ: A ORAÇÃO DO NEGRINHO E A RESSURREIÇÃO DE SUA COROA SOB O CÉU ABERTO DO RIO GRANDE". O fio condutor será o -PRÍNCIPE CUSTÓDIO- líder de origem africana que chegou a Porto Alegre no início do século 20 e se tornou uma figura de grande influência religiosa e política. Que tal?