(Publicado originalmente na Folha de Londrina)
Eu e o Pedro gostamos das histórias do pequeno príncipe. Ontem lemos mais uma vez a passagem em que ele visita o planeta do homem bêbado.
– Por que você bebe? – pergunta o principezinho.
– Para esquecer – responde o homem.
– Para esquecer o quê?
– Para esquecer que tenho vergonha.
– Que tem vergonha de quê?
– Que tenho vergonha de beber.
Aquele triste homem, de quem o principezinho sente muita pena, é a imagem do nosso mundo moderno. Exatamente assim se comportam os defensores do aborto: voltam sempre a fazer a mesma coisa. A cada nova oportunidade, a cada novo pretexto, lá estão deles de novo, defendendo a sua tese absurda. A diferença é que não parecem sentir vergonha do que fazem.
Agora, por causa do zika vírus, os militantes querem liberar o aborto de bebês com microcefalia. Para isso, contam com o apoio de poderosas e milionárias fundações internacionais. Mas com um apoio não podem contar: o da maioria esmagadora do povo brasileiro, contrário à liberação do aborto.
É MELHOR MATAR?
Quando jovem, eu também defendia o aborto – e isso me fez cometer o maior erro da minha vida. Hoje meus pensamentos vão para a multidão de crianças que não nasceram, no mundo inteiro, porque seus pais descobriram que elas tinham algum tipo de má formação ou problema genético. A tese de que essas crianças "defeituosas" não devem nascer tem nome: eugenia. É a tese que deu origem aos campos de concentração e aos genocídios modernos.
O jornalista Edson Ferreira, da FOLHA, publicou ontem nas redes sociais um belo e comovente relato sobre a sua filha Esther, que nasceu com a síndrome de Edwards e tinha microcefalia. Escreve o Edson: "Não podemos medir a liberdade pelo tamanho do crânio. Não posso concordar que alimentemos o desejo de matar: é melhor matar do que cuidar do quintal para evitar os focos do mosquito? É melhor matar do que sentir o bebê se mexendo na barriga? Eu me lembro que Esther se manifestava na barriga de minha esposa quando eu chegava em casa do trabalho. Eu encostava a cabeça e acho que ela me acariciava! Esther deveria ser impedida de nascer?"
AMOR E ETERNIDADE
O nome Esther significa estrela da manhã. Na Bíblia, a rainha Ester salva o povo judeu do genocídio após fazer a oração que começa com as seguintes palavras: "Meu Senhor, nosso único rei, assisti-me no meu desamparo, porque não tenho outro socorro senão vós, e o perigo que me ameaça eu o toco já com as mãos".
Nós vamos permitir que os movimentos abortistas prevaleçam sobre a vida? Vamos aceitar que outras meninas e meninos deixem de nascer? Vamos fechar os olhos para as crianças que tanto nos ensinam sobre o amor e a eternidade? As respostas, deixo aos meus sete leitores. Mas encerro com as palavras do amigo Edson: "Sem fanatismos religiosos ou pensamentos revolucionários, proclamemos a vida!"
* Jornalista
Algumas objeções à entrevista do sociólogo José de Souza Martins às páginas amarelas da Veja de 03/02/2016.
A entrevista do professor José de Souza Martins intitulada O PT do Poder demonstra o posicionamento da esquerda intelectual que pretende descolar o pensamento de esquerda e os movimentos sociais do Partido dos Trabalhadores governista, afirmando que o PT do Poder não é o PT dos movimentos sociais, colocando o Partido dos Trabalhadores do Poder como um partido católico. Esta visão de mundo expressa pelo sociólogo Martins é resultado da necessidade de resgatar a capacidade de direção intelectual e moral da esquerda ilustrada, que conseguiu fazer por um certo tempo com que sua visão de mundo tenha superioridade sobre as demais, conseguindo a supremacia na organização da cultura, sobretudo acadêmica. E é justamente esta primazia esquerdista que os intelectuais não querem perder, por isto que diante dos escandalosos de corrupção, tentam descolar a imagem da esquerda do PT.
O PT se apresenta como uma alternativa socialista ao próprio socialismo e não uma oposição. Ele se diferencia dos demais partidos comunistas do Brasil pelo fato dele apostar numa estratégia de poder diferente da luta armada, a tática-política democrática e legalista. Com isto eu quero dizer que a esquerda e o PT não são democráticos e nem legalistas, somente enveredam pela legalidade e pela democracia como formas mais convenientes de alçar o poder. A democracia e a legalidade são o instrumental ou melhor a arma de conveniência para chegar ao poder, em vez de optar pelas armas de fogo o PT optou pela via eleitoral e crítica moral da corrupção para chegar no poder.
A democracia e a legalidade são para o PT um meio de se chegar ao poder, assim como metralhadora, não são um fim em si mesmas e ainda menos um princípio, só tem valor tático-político. Portanto o PT das Lutas Sociais é o PT do Poder.
O PT não é um partido antiquado como afirma Martins, mas um partido de esquerda tipicamente moderno aos moldes da New Left e da Socialdemocracia. Aos moldes da New Left por incluir além da luta de classes, a luta racial, étnica e LGBT, e se equivale a socialdemocracia por se utilizar dos meios democráticos e legais para chegar ao poder.
O PT é um partido esquerdista aclimatado aos novos tempos, antes de ser uma organização de classe, é um órgão aglutinador capaz de unir movimentos sociais, grupos e personalidade de diversos segmentos da sociedade, nele está presente os movimentos de moradia rural e urbana, LGBT, movimento negro, indigenistas, feministas, sindicatos, intelectuais, celebridades, evangélicos e católicos de esquerda. Por isto que a dicotomia e a ambivalência fazem parte do jogo de linguagem política do PT para garantir a maior quantidade de eleitores e até mesmo de adeptos, representando assim uma frente política de esquerda, a união dos “progressistas” da sociedade.
O PT em sua raiz é tudo menos um partido católico e conservador como quer demonstrar o sociólogo José de Souza Martins. O PT do ponto de vista formal só é um partido católico para um adepto da teologia da libertação, o PT é sobretudo uma Hidra vermelha, não são dois PTs o PT do poder e o PT das lutas sociais, mas são vários os PTs reunidos sobre o PT de Lula. O PT não é um partido duas caras, mas de diversas facetas, para o pobre o PT é assistência social, para o católico ele é caridade do político, para o Negro a luta pela igualdade, para a Mulher a igualdade de gênero, para o trabalhador aquele que melhora sua condição de vida, e assim por diante, o PT tem muitas mascaras.
O PT não é um partido católico porque a doutrina social do PT não é a doutrina social da Igreja que tem por base a Encíclica Rerum Novarum, sobre a condição dos operários de 15 de maio de 1891 do Papa Leão XIII. Que foi resumido por João Paulo II como princípio de Solidariedade que é o princípio elementar da fraternidade humana que possibilita a existencial social; não existe sociedade sem solidariedade. Nós termos de João Paulo II: “A solidariedade é também uma verdadeira e própria virtude moral, não «um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas próximas ou distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos». A solidariedade eleva-se ao grau de virtude social fundamental, pois se coloca na dimensão da justiça, virtude orientada por excelência para o bem comum...”
É por isto que o PT não realiza uma mediação conservadora das lutas sociais, como afirma Martins, o PT é uma mediação esquerdista e governista das lutas sociais, sua lógica de mediação não se pauta na solidariedade social que é um dos pilares da doutrina social da igreja, mas no antagonismo social; o ato de agudizar as contradições entre brancos, mestiços, índios e negros, homens e mulheres, heterossexuais e homossexuais, com a intenção de transformar as contradições em antagonismos através do seu discurso de ódio.
Caro Professor Martins o PT é de esquerda sim, nele se articulam as diversas bandeiras ditas “progressistas”.
O PT demoniza o adversário político, não por estar influenciado pela visão de mundo Deus e Diabo da igreja católica como afirma Martins, mas por possuir um raciocínio político típico do marxismo como expressa Lenin, Gramsci, Trotsky e Lukács, que não basta demonstrar ter supremacia econômica e militar é necessário demonstrar a superioridade intelectual e moral, portanto é necessário falar que o seu adversário é um burro truculento, analfabeto político e além disto que ele é racista, fascista e sexista. Para o PT o adversário político não é um concorrente, mas um inimigo que deve ser vencido, por isto que o PT não concorre com o seu adversário, mas faz guerra contra seu inimigo, ele só não pega em armas, porque a democracia e a legalidade são uma tática mais conveniente para a esquerda vencer, como já provou a história para os guerrilheiros.
A Esquerda só é democrática e legalista por conveniência e limitações. Por limitações porque existe Constituição e forças armadas que freiam as vontades arbitrarias. E por conveniência porque a democracia e a legalidade são instrumentos menos perigosos para alcançar o poder político.
Já a relação entre Lula e PT é de coexistência, apesar de Lula preponderar nesta relação toda a sua biografia é marcada pelo PT, sendo a sua popularidade e mesmo o seu sucesso pessoal condicionado pela presença deste partido, e vice-versa. Ainda que a personalidade de Lula queira ficar por cima de todos os acontecimentos, no final das contas Lula não existe sem PT e PT não existe sem Lula.
Numa definição sintética, capaz de captar as facetas da hidra vermelha, o PT é o partido político que associa o caudilhismo e a filantropia com o aparelhamento ideológico e burocrático da sociedade.
Para o sociólogo Martins o PT deveria ter se mantido na missão de fiscal do poder corrupto, e nunca ter aspirado ao poder político, no fundo Martins acha que o PT das Lutas Sociais foi corrompido pelo sistema, como um ser angelical que foi desviado pelos vícios. Mas caros Ilustrados Uspianos o PT não é um santo decaído num bordel.
* Sociólogo
(Publicado originalmente em http://www.folhadelondrina.com.br/blogs/paulo-briguet)
Venho por meio desta informar-lhes que o Partido dos Trabalhadores faleceu neste domingo, 2 de outubro de 2016, após 36 anos de uma existência dedicada a fazer tudo que fosse necessário para chegar ao poder e conservá-lo indefinidamente. Morreu de morte matada, mas por legítima defesa. Os eleitores de todas as principais cidades do Brasil negaram-lhe sobrevida, com exceção de Rio Branco, capital do Acre, que assim reforça a lenda de que esse Estado da federação não existe.
Em Londrina, a morte política do PT foi nada menos do que acachapante. O candidato do partido recebeu 1% dos votos, numa cidade que já elegeu prefeitos petistas em três ocasiões e foi o berço político de algumas das principais lideranças petistas no País, tais como Gilberto Carvalho, Paulo Bernardo, Márcia Lopes e André Vargas. As linhas auxiliares do PSOL e da Rede também tiveram aqui votações humilhantes. Não foi apenas o PT que morreu em Londrina, foi a esquerda: nem um só vereador eleito pertence às hostes autodenominadas "progressistas".
O triste fim do PT de Londrina foi praticar "voto útil" no candidato Marcelo Belinati (PT), eleito em primeiro turno. Não foram um nem dois os petistas que resolveram votar em Belinati, cristianizando o pobre Odarlone; foram milhares. Mais um capítulo na história do belinato-petismo.
Winston Churchill dizia que a diferença entre a guerra e a política é que na guerra se morre uma vez só; na política, várias vezes. O PT está morto, mas pode renascer, inclusive sob outros nomes. É uma velha característica da esquerda, que não segue os critérios lógico-formais, mas histórico-dialéticos: diante das derrotas que parecem mais insuperáveis, ganham nomes, roupagens e discursos novos. Não era por acaso que Stálin possuía tantos codinomes (mais de 50).
Mas isso não é tudo. Escorraçados pelas urnas, golpeados pela vontade popular, os esquerdistas agora se dedicarão a uma das atividades em que são mais competentes: a luta clandestina, subterrânea, obscura. Utilizarão para tanto as suas amplas redes de militantes e simpatizantes na mídia, nas igrejas e principalmente nas escolas e universidades. Sindicatos, movimentos sociais, conselhos "populares" e ONGs serão também importantíssimas frentes de batalha na luta da esquerda para ressurgir mais forte e mais perigosa. Fiquem atentos, principalmente aos engenheiros sociais e militantes travestidos de professores que desejam cooptar nossos filhos para essa guerra suja.
Como eles gostam de dizer, a luta continua.
(Publicado originalmente no Estadão)
Despertam curiosidade popular as listas de bilionários. Gente que se deu bem, pelos muitos milhões que amealhou no caminho da vida, quer por talento excepcional no esporte, nas artes, nos negócios, nas ciências (aqui, raramente), ou por pura esperteza e, no limite, por banditismo em nível corporativo, como são exemplos "El Chapo" e seu mestre, Pablo Escobar. Santos ou pecadores, são indivíduos fazedores, com grande poder de realização e liderança. O ponto comum entre todos é a enorme capacidade de criar e acumular ativos. São "realizadores", para o bem ou para o mal.
Pouco se ouve falar, contudo, de outra lista, semelhante à primeira, só que com sinal trocado. Em vez de serem acumuladores de ativos, há também os acumuladores de passivos ?" referência aos indivíduos produtores de guerras, de moléstias ou, simplesmente, detonadores de riqueza, aqueles capazes de agir só para erodir, derrubar, solapar e deletar a riqueza e a capacidade de crescer de uma empresa, comunidade ou país. Alguns desses seres especiais têm custado caro à humanidade inteira. Outros, ao seu próprio país.
Em recente artigo, Monica de Bolle levantou a pergunta incômoda, mas necessária: quanto nos custou Dilma? E deu números ao debate: "? o Brasil perdeu R$ 300 bilhões de renda e de riqueza nos últimos quatro anos?". Economistas podem fazer essa conta de "prejuízo bruto" de várias maneiras, todas válidas. Monica optou por olhar pelo lado da poupança, parcialmente destruída no período Dilma Rousseff. A poupança de famílias e empresas teria recuado ?" como ocorreu de fato ?" do patamar de 20% para 15% de um produto interno bruto (PIB) anual de cerca de R$ 6 trilhões. Perdemos, assim, cinco pontos porcentuais do PIB. Daí a conta de uma dilapidação de riqueza da ordem de 5% de R$ 6 trilhões, igual a R$ 300 bilhões. Será mesmo?
Estou disposto a colocar Dilma no Livro Guinness dos Recordes. Acho que Monica fez cálculo conservador da contribuição da nossa presidente para a destruição da riqueza nacional. Dilma seria a senhora de um trilhão de reais! Negativos, é verdade, mas ninguém pode ameaçar-lhe o troféu.
E por que um trilhão?
Pensem no quanto o Brasil teria crescido, a mais, se Dilma não tivesse feito nada (grande contribuição já seria!). A poupança referida por Monica ficaria nos 20% desde 2011, acarretando correspondentes investimentos, palavra-chave sem a qual não criamos riqueza nova alguma. Com 20% do PIB aplicado em investimentos (quem se lembra do PAC?) o país teria exibido um crescimento mais próximo do seu potencial, com ou sem a tal "crise mundial". O "potencial" do PIB é conceito usado pelos economistas para calcular quanto um país é capaz de fazer, ano a ano. No Brasil, tal potencial já foi de 7% ao ano (que saudade!); caiu para 5% no fim dos anos 1970, depois para 3% nas décadas perdidas de 1980 e 1990; ameaçou pequena melhora para 3,5% com o milagreiro Lula e, finalmente, recuou para 2,5% na era Dilma. Se ela nada houvesse feito para atrapalhar, ainda assim o país do juro alto e da carga tributária de manicômio poderia ter crescido uns 2,5% ao ano.
Dilma conseguiu, no entanto, perpetrar um estrago sobre o qual falarão para sempre nossos livros de História. Estimando as perdas de PIB, ano a ano, desde que Dilma se aboletou na cadeira presidencial, e supondo que a ela seja concedido completar a façanha, teremos esbanjado uns 15% do PIB ao longo do octênio dilmista, que, em valores de hoje, correspondem à estonteante marca de um trilhão de reais!
Mas tem gente querendo impedir Dilma de atingir seu recorde. Quanta maldade!
Outra maneira de garantir o recorde é pelo método da acumulação de passivos. É aquela roubada coletiva que ocorre quando metem a mão grande no nosso bolso enquanto cantamos marchinhas carnavalescas sem ira nem birra. É preciso, às vezes, um rio inteiro de lama ?" no sentido literal ?" para despertar o raquítico instinto de interesse coletivo do nosso povo. Acumulação de prejuízos, entretanto, não figura no Direito brasileiro como responsabilidade direta de um mau gestor público. A imputação se atém a atos administrativos, como apontados no "Relatório Nardes" sobre as pedaladas de R$ 40 bilhões, que Dilma se apressou a "pagar".
Mas pagar o quê, se a perda de riqueza permaneceu, como bem mostrou Monica? A omissão do dever de bem administrar gerou acumulação de passivos também pelo lado financeiro, pelos juros anormais que o Brasil vem pagando, e que pagará, pelo despautério da gestão dilmista ?" outro modo de se chegar ao mesmo trilhão de reais.
É o governo que nos avisou, na semana passada, quanto custou o encargo de rolar a dívida pública de R$ 3,9 trilhões: a bagatela de R$ 502 bilhões, apenas em 2015, entre juros e prejuízos de câmbio, os famigerados swaps inventados para segurar o câmbio antes do pleito de 2014. Este ano, mesmo com o Banco Central mantendo a taxa Selic onde está, a absurda conta do juro deve se repetir. Então, pelo lado do custo financeiro, Dilma também é a senhora de um trilhão de reais.
Os encargos dantescos elevaram a dívida pública de 51% do PIB, em 2011, para 66% ao final do ano passado. Bingo! São 15 pontos porcentuais do PIB acrescidos ao nosso passivo financeiro, portanto, mais um trilhão de reais acumulado à dívida dos brasileiros, pedágio ruinoso que todos pagamos para o mercado continuar "confiando" nas autoridades econômicas.
Um trilhão, essa é a conta. Juros a mais, PIB a menos, empregos eliminados, capital evaporado, confiança desfeita, futuro destroçado. Para tal crime, espantosamente, não parece haver remédio legal em nosso Direito positivo. Por isso a década "esbanjada" será concluída com êxito! Ninguém, afinal, conseguirá roubar essa Olimpíada de Dilma.
JOSÉ AFONSO PINHEIRO
Ontem, enquanto lia na revista Veja a afirmação feita por José Afonso Pinheiro, porteiro-zelador do Edifício Solaris, no Guarujá, sustentando, com absoluta firmeza, que foi orientado a dizer que o ex-presidente Lula não era dono do Tríplex, me veio a lembrança a afirmação feita, em 2006, pelo caseiro Francenildo Santos Costa.
Para quem não lembra, Francenildo divulgou ter visto Antonio Palocci, então ministro da Fazenda do governo Lula, frequentando a mansão para reuniões de lobistas acusados de interferir em negócios de seu interesse para partilhar dinheiro e abrigar festas animadas por garotas de programa.
FRANCENILDO SANTOS COSTA
O escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo se deu na crise do Mensalão, quando Lula era presidente. No dia 27 de março de 2006, Antonio Palocci foi demitido (por Lula) do cargo de Ministro da Fazenda.
SILENCIADO
Lembro, também, que o depoimento de Francenildo Santos Costa, na CPI do Mensalão, foi silenciado por uma liminar expedida pelo STF. E quem fez o pedido, não por acaso, foi o então senador Tião Viana, obviamente do PT. Que tal?
NOVO SILÊNCIO DEVE SER REQUERIDO
Faço estes registros históricos, para que os leitores não se surpreendam caso os petistas resolvam partir para a desqualificação da afirmação feita pelo porteiro-zelador, José Afonso Pinheiro, que sabe, perfeitamente, quem visitou e quem trabalhou no Tríplex do Solaris.
Assim como o PT conseguiu junto ao STF silenciar Francenildo, não pode ser descartado que o mesmo venha a acontecer com José Afonso. Ainda mais hoje, onde o STF, na sua maioria, é sabidamente petista.
SÍTIO EM ATIBAIA
Caso o STF entenda que Lula não é MENTIROSO e, portanto nada tenha a ver com o Tríplex do Guarujá, o que seria lamentável, ainda assim vai precisar se pronunciar sobre o envolvimento do ex-presidente com o Sítio de Atibaia. Segundo documento revelado pela revista Época, Lula (e sua família) foi ao sítio 111 vezes e lá passou 283 noites. Mais: não raro o ex-presidente afirmou que era de sua propriedade.
NOJO DE MAR E SERRA
Diante da insistente negação, quanto à propriedade do Tríplex de Guarujá e do Sitio de Atibaia, Lula, por enquanto, só não disse que tem NOJO DE PRAIA E NÃO SUPORTA O AR DA SERRA. Entretanto, se não emplacarem os argumentos mentirosos que já utilizou, não descarto que o STF venha a apreciar esta eventual sugestão.
(Publicado originalmente em https://politicareformada.wordpress.com/)
Até o século 19, o socialismo era a utopia de pequenos grupos de “sonhadores” dentro das igrejas cristãs, muito minoritários, marginais e um tanto excêntricos na corrente principal do cristianismo, que até então sempre havia defendido o modelo bíblico e realista de governo limitado. Ser “socialista” era como ser um cristão meio pirado, ainda que simpático e de “bom coração”.
Porém, no século 19, a utopia socialista foi ganhando a adesão de líderes e da massa, dentro e fora do cristianismo. Começou a ser publicado na Inglaterra o periódico Christian Socialist (“Socialista cristão”), impulsionado por líderes anglicanos encantados com a pregação anterior do ex-sacerdote católico francês Robert Lamennais (1772-1854), precursor do “catolicismo social”, do também francês Charles Fourier (1772-1837), e do inglês Robert Owen (1771-1858), promotores de cooperativas (falanstérios) como alternativa ao capitalismo e à “luta de classes”. Apoiado pelo evolucionismo darwinista, que foi aceito por muitos cristãos, o socialismo se tornou respeitável, até mesmo “culto” em certos ambientes.
Marx e Engels fundaram a “Liga dos Comunistas”, em 1847, e publicaram seu “Manifesto Comunista” em 1848, expressão “científica” da esquerda “revolucionária”, com farta crítica ao “socialismo utópico”, e um programa “transicional” de dez pontos. Não recebeu eco em sua publicação, como teve a “Sociedade Fabiana” fundada em 1884. Esse nome foi tomado do general Quinto Fabio, militar romano que venceu Cartago com uma estratégia indireta. Os “fabianos” criam em mudanças e reformas graduais que levariam pouco a pouco ao socialismo. Em 1889 publicaram-se os “Ensaios Fabianos”, incluindo seu Programa, uma lista de medidas não muito diferente dos dez pontos marxistas de 1848.
Século 20
Até aqui o socialismo do século 19, que foi chamado de “século do capitalismo”. As coisas mudaram muito drasticamente no seguinte, que poderia chamar-se de “século do socialismo”. As revoluções na Rússia (1905 e 1917), no México (1910-1911), na China (1912 e 1949), e em quase toda a Europa (1917-1918) causaram forte impacto na opinião pública, e foram inclinando a balança ideológica em favor do socialismo e contra o capitalismo na imprensa, no rádio e no cinema, na política e nos partidos, nos parlamentos e em suas leis. Ao longo do século 20, as medidas coletivistas foram todas aplicadas, umas primeiro e outras depois, de um modo mais radical e com extrema violência em certos países, e em outros de maneira menos brutal e mais negociada.
Porém, se você fizer uma leitura detida das medidas do Manifesto Comunista e/ou dos Ensaios Fabianos, verá que em seu país, qualquer que seja, elas foram e são consideradas como “políticas públicas” normais e correntes. E desde há muitas décadas. Por isso todos os países do mundo são “socialistas” hoje em dia, com poucas exceções, muito relativas, e que nem chegam a ser completamente capitalistas.
E por isso todos os países têm muitas calamidades, que são mais graves quanto mais tenham “avançado” na fatídica rota em direção ao socialismo. E menos graves quanto menos tenham “progredido” nesse mau caminho, ou se conseguiram fazer reformas no caminho de retorno ao capitalismo, que tampouco puderam ser levadas a fundo ou muito longe, porque a grande massa da opinião ainda é socialista, conquanto muitos não o saibam.
Século 21
Cem anos e cem milhões de mortos depois (vide “O livro negro do comunismo, de 1997, editado por Stéphane Courtois), e após o fim do Muro de Berlim e do modelo soviético, o vírus ideológico fez outra “mutação” drástica: passamos ao “Socialismo do século 21”. Há sete mudanças notáveis e muitas delas nos lembram do socialismo do século 19; por isso em tais aspectos a mudança se apresenta como um enorme retrocesso civilizacional:
Começou a perceber, ou ainda não?
* Advogado e cientista político.
Tradução: Márcio Santana Sobrinho