• Percival Puggina
  • 29/03/2023
  • Compartilhe:

A nova Lei do Impeachment e seus alvos

 

Percival Puggina

 

         Responda para si mesmo, estimado leitor: se você fosse elaborar um projeto de lei de impeachment, colocaria essa tarefa, de algum modo, nas mãos do senador Rodrigo Pacheco? Convidaria, como ele fez, o ministro Ricardo Lewandowski para conduzir o trabalho junto com doze apóstolos da justiça humana escolhidos por eles?

Ah, pois é! Eu também não cometeria um atentado ao bom senso com tão gigantescas proporções. Mas foi de tais mãos que nasceu, como produto de um coletivo de judas, a proposta de uma nova Lei do Impeachment que reduz o poder da sociedade.

São simples as razões deles para assim agir e as nossas para discordar. Vivemos sob a dura experiência de ter nossos direitos reprimidos por meia dúzia de donos da verdade. A inteira receita da proposta para o novo estatuto do impeachment foi confeccionada por uns poucos felizes e bem sucedidos concessionários desse extraordinário bem.

Aos olhos dos autores do projeto, nossa longa experiência na lida com as narrativas que a esquerda usa para adoçar suas falácias e mistificações nos torna incompetentes. Apesar de pagarmos a conta de todos os desastres e trazermos o lombo ardido pelo chicote da censura, nos veem como destituídos de discernimento para os benefícios do livre exercício da cidadania. Assim, nos tomam o poder que hoje nos é concedido pela Lei do Impeachment e pelo Regimento Interno da Câmara de “denunciar o presidente da República à Câmara dos Deputados”.

Essa tarefa, ao que pretendem os autores da nova lei, fica reservada a um “pugilo de bravos” onde – surpresa! – alguns deles se contam, carregando para o futuro, a exitosa experiência acumulada no manejo das instituições a seu gosto e favor. Afinal, é uma escola com 20 anos de atividade.

Por outro lado, enquanto a onisciência do grupo retira prerrogativas das mãos do povo, a lista dos crimes de responsabilidade se alonga contra tudo e todos que se interpuseram ou resistiram aos objetivos políticos da esquerda nos últimos seis anos. Lá estão, marcando os alvos, as subjetividades e o espalha-chumbo retórico e frenético das “fake news” e “atos antidemocráticos”. Você sabe o que isso significa, não sabe?

Do que é realmente imperioso para a cidadania, não se trata: reativação do funcionamento de freios e contrapesos. Atualmente um está sem freio e o contrapeso do outro estragou há muitos anos. Caiu no chão, não funciona e ninguém conserta.

O retrato dos autores do projeto da nova Lei do Impeachment fornece o retrato de seus alvos. Não é assim que se legisla e há que pressionar (especialmente a Câmara dos Deputados) para que não legitime esse aleijão proposto pelo Senado.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

  


RIVADAVIA ROSA -   01/04/2023 17:42:03

Excelente abordagem. Projeto seletivo, feito no modo e no tempo da ‘verdade sabida’ e d0 afastamento de Democrático de Direito, por uma seleta comissão de juristas, torna-se preocupante em razão requisitos “jurídico-formais da denúncia” e da “discricionariamente quanto à conveniência de seu prosseguimento”, que podem justamente por [in] conveniência serem relativizados. https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=9297683&ts=1679682250129&disposition=inline

Jorge Coelho -   01/04/2023 01:10:08

Tudo estranhamente errado desde o início. Este pária do Pacheco, infelizmente foi reconduzido por outros párias do Senado,sem o mínimo respeito ao povo brasileiro. O Sr. Lewandowski que junto com o outro pária Renan Calheiros, atropelaram a Constituição para manter os direitos políticos da incompetente ex-presidente Dilma, que hoje regozijasse no BRICKS as nossas custas, dispensa qualquer comentário.

Pedro Amaro Ramos Machado -   01/04/2023 01:06:32

Triste realidade, Professor! Não esperava viver este estado de coisas que estou vendo hoje aos meus mais de setenta anos de idade. Sempre acreditei nas nossas Instituições e, principalmente, numa delas. Mas, infelizmente, o mal venceu o BEM. Que o nosso MISERICORDIOSO nos ajude a sobrepujar este tempestade!

MARCO ANTONIO GEIB -   31/03/2023 14:41:49

PREZADO MESTRE ESTAMOS PERDIDOS...... O QUE FAZER ??? OU A QUEM RECORRER ???

VeUm projeto com destinara Lúcia Santos de Souza -   31/03/2023 14:31:23

Um projeto com destinatário certo. Mais uma vez,as raposas estão tomando conta do galinheiro

Margareth Miranda -   31/03/2023 13:26:26

É covarde e nojento, o nosso "poder" Legislativo.

Maristela Lopes Muller -   31/03/2023 13:23:04

Gostaria de agradecer ao senhor, por compartilhar conosco informações e uma visão limpa das mesmas. Tenho aprendido muito com suas matérias.

HELIO JORGE SPINELLA -   31/03/2023 12:42:26

Temos aí um declarado fisiologismo político ligado a um ativismo judicial que se manifesta fora dos autos, visando a permanência do status quo, como se fosse uma dinastia medieval.

Odilon Rocha -   31/03/2023 12:34:24

Triste e lastimável o que o senhor muito bem colocou. Se todas as mazelas previstas ( sim, planejadas, arquitetadas e o que mais quiserem usar como sinônimo) forem sendo implementadas, sem qualquer revés, folgo em dizer que não é tarde. Tarde já se foi.

verahelenasarro@hotmail.com -   31/03/2023 12:25:49

Mais um esclarecedor texto do senhor👏👏👏 Espero que essa gente com o coração cheio de fel não atinja seus objetivos. Que Deus seja conosco🙏

Alfredo Furtado -   31/03/2023 12:02:42

Concordo que tudo que venha de Rodrigo Pacheco e de Ricardo Lewandowski não merece mínima atenção da sociedade. Há uma só posição aceitável: ser contra.

ALEXANDRE ROBERTO FROEMMING -   30/03/2023 17:23:32

Legislativo brasileiro apequenou-se covardemente.

Menelau Santos -   30/03/2023 10:56:47

Texto maravilhoso, Professor. É o que o jornalista Augusto Nunes costuma dizer: é o faroeste à brasileira, ou seja, o bandido perseguindo o xerife.

MARIA DE LOURDES FERNANDES CAUDURO -   29/03/2023 16:00:09

Continuando o meu comentário: temos que formar líderes com os valores em que acreditamos! Sei que isso demanda tempo e $ , mas é o que o Olavo fazia. Temos material de sobra nos livros do Olavo e podemos nos organizar - profs. de Filo, de Sociologia, de História etc.