Artigos do Puggina
Percival Puggina
27/05/2022
Percival Puggina
No dia 5 de abril de 2020, alegando razões sanitárias, o STF formou maioria para aprovar decisão liminar do ministro Fachin determinando que, durante a pandemia, a PM do Rio de Janeiro só realizasse operações nas favelas em hipóteses absolutamente excepcionais. Como se policiais fossem aos morros a passeio! Deu no que se viu. O PSB destaca, em seu site, o fato de ser autor da iniciativa, compartilhada com a Defensoria Pública e entidades da sociedade civil (seja isso lá o que for). |A partir de então, toda operação seria precedida de comunicação e autorização do Ministério Público. Não, entre as condições não estavam incluídos aviso prévio com foguetes e toques de recolher...
As consequências se fizeram nítidas para a sociedade do Rio de Janeiro. Em tempos de trabalho por meio remoto, a atividade presencial da bandidagem se intensificou. É impossível medir a inteira extensão dos avanços logísticos do crime organizado durante esse período em que contou com uma espécie de passaporte diplomático.
Em operação ocorrida no último dia 24, foram mortas cerca de 22 pessoas. Informada da presença de lideranças do tráfico vindas de estados do nordeste, a PM entrou na Vila Cruzeiro e foi recebida a tiros. Seguiu-se a habitual gritaria da mídia e do mundo jurídico. Tudo foi visto como se a ação, para ser simétrica, devesse contabilizar vítimas em números equivalentes. No entanto, um lado arrisca a vida para defender a sociedade por um salário magro; outro defende os ganhos fabulosos de sua atividade criminosa contra a sociedade. Qual a simetria disso?
Diante da algazarra, o Secretário da PM do Rio disse que a decisão do STF inibindo as operações policiais durante longo período contribuiu para o agravamento da situação. Pôs o dedo na ferida aberta pela disparatada decisão de 2020. Ouriçou-se o STF na sessão da última quinta feira. Gilmar saiu-se com uma novidade que tem estado ausente em tantas decisões da Corte: “Nós devemos contribuir para superação das crises e não para apontar culpados e bodes expiatórios”. Fux, que foi voto vencido naquela reunião, tangenciou a questão afirmando que “a PM deve satisfações e estou aguardando as satisfações”. O ministro Fachin reverenciou a ética caseira – “mexeu com um mexeu com todos” – agradecendo as manifestações dos colegas e afirmando que “o STF está entre as instituições que procuram soluções”.
Só não ficou claro, por ser difícil de explicar, que espécie de solução veio da inusitada decisão que, em 2020, desguarneceu a sociedade, desestimulou a atividade policial e consolidou ainda mais o poder do crime nos morros do Rio de Janeiro. Pudera! Se é ruim de explicar, imagine a dificuldade para entender.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
24/05/2022
Percival Puggina
Eu precisaria não ter visto a senadora Simone Tebet, olhos postos na eleição presidencial, participar ativamente das ridicularias da CPI da Covid para querer vê-la longe do poder. Momentos como aqueles não fazem pessoas como Renan Calheiros, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues serem como são. Situações que extravasam perversidade só existem porque existem pessoas como Renan, Omar, Ranolfe e Simone (que voluntariamente aderiu ao grupo) para as quais o interesse próprio é a determinante superior das decisões e ações políticas.
É o que confere nocividade ao poder. É o que dá longa vida a um modelo como o nosso, onde a crise está no cardápio do dia ou está prevista para amanhã, só faltando decidir o modo de servi-la aos desapoderados cidadãos do país. Entre estes, caro leitor, sem saber seu nome, seu estado de origem ou o que você faz na vida, eu sei que você se inclui. Tem sido assim ao longo do meu tempo de vida. A crise, ou estamos nela ou é um prognóstico seguro.
Muitas pessoas me diziam, desde antes da eleição de 2018: “A vitória de Bolsonaro vai levar o país para uma crise sem fim porque aqueles que mandam não querem um presidente com essas características”. Era verdade, mas havia muitos outros motivos para tudo que sobreveio. O principal deles é um modelo político mal costurado, essencialmente inaproveitável. Muitas vezes, ao longo das últimas décadas, em palestras, eu o descrevi como trabalho de má alfaiataria institucional.
Nossos muitos constituintes republicanos criaram sucessivos modelos que não funcionam. A sociedade brasileira paga, no seu conjunto, o preço dos imensos desníveis econômicos, sociais e culturais que nela se manifestam.
“Os problemas da democracia se resolvem com mais democracia” ouvi muitas vezes ser dito numa época em que o ‘Orçamento participativo’ era recheio de discurso esquerdista e solução para as dificuldades do Rio Grande do Sul. Meninos, eu vi aquele orçamento, dito democrático, ser levado do Palácio Piratini para o Palácio Farroupilha (do governo ao parlamento), num comício petista, entre bandeiras vermelhas ao som de discursos de louvor e ladainhas revolucionárias.
Os problemas da democracia se resolvem com inteligência, com todos sujeitos às leis aprovadas (o que significa extinção de privilégios) e sob regras que tornem a ação virtuosa mais compensadora do que a ação viciosa, o que se traduz em prerrogativas dos membros do poder severamente contidas pela ordem política criada e pela atenção social.
Não, meus caros. Não vejo serventia política para pessoas que se deixam empolgar por qualquer ação originária do deplorável trio a que a senadora entusiasticamente serviu, a ponto de dizer que a CPI (leia-se G7) foi ensaio para uma grande convergência democrática... Aquele grupo foi, isto sim, uma aula sobre o fracasso institucional brasileiro e Simone Tebet fez questão de aparecer na foto.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
22/05/2022
Percival Puggina
É sabido que não crer em Deus exige um ato de fé muito mais difícil do que crer nÊle. Pessoalmente, como trato em meu livro Pombas e Gaviões, a ideia do Grande Nada criador de tudo me resulta tão incompreensível quanto inútil para as interrogações propostas pela existência humana.
Tenho certeza de que a natureza, o cosmo e o microcosmo, o que se vê com o telescópio e com o microscópio, revela incessantemente ao observador a diversidade das coisas e dos seres criados. A diversidade é parte indispensável da primeira aula sobre tudo que nos envolve. Quem pensa que descobriu a diversidade conversando sobre empoderamento e pautas políticas numa mesa de bar está confundindo o peixe com o anzol. A diversidade é criação de Deus!
Um velho e querido amigo, já falecido, costumava definir situações como a “descoberta da diversidade” como ninhos de égua e explicava: “Éguas existem, mas não surgem em ninhos”. No entanto, há partidos políticos que se dedicam a criar ninhos de égua, operando diversidades segundo bem lhes convêm.
Como essa escalada busca o “empoderamento”, as diversidades articuladas em seus mal arranjados ninhos mentais dispara inesgotável pauta de direitos a reivindicar contra algo ou alguém, cria inimigos a derrotar, contas a apresentar, devedores de quem cobrar e prerrogativas a conquistar. Como o objetivo final é a hegemonia da parte sobre o todo, a palavra “luta” é proteína de toda a célula, de todo o discurso e de todas as correspondentes ações no ambiente cultural e político.
Surpresa! Imposta a hegemonia, a primeira vítima é a própria diversidade, exatamente o nome dado à “égua de ninho”. Trancam-se as portas e passam-se os ferrolhos nos catequéticos espaços dos meios culturais. Toda divergência é condenada aos gulags do esquecimento nas bibliografias e bibliotecas, nas salas de aula, nos comitês acadêmicos, no jornalismo, nos tribunais.
Por isso – exatamente por isso! – um ministro do STF, em recente pronunciamento, fez o elogio da mesmice uníssona das opiniões na “mídia tradicional” e relegou ao sanatório dos imbecis, aqueles que de algum modo estão a gritar nas praças e redes sociais:
Ei, senhores! Povo é uma palavra singular, mas define algo essencialmente plural. É o exemplo maior e mais perfeito da diversidade e está ausente onde ela não se manifesta. Não por acaso, lembrem-se, esse povo é o soberano das democracias. Haverá outubro!
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Outros Autores
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Meus queridos alunos e ex alunos, nunca esqueçam do cavalheirismo! Vejam o exemplo de Tom Cruise e a Duquesa.
O superastro esteve recentemente em Londres, para a estreia da sequência Top Gun: Maverick.
Quando a Duquesa de Cambridge chegou, como de costume, todos os olhares se voltaram para futura rainha.
Kate optou por usar um vestido que trazia alguma dificuldade de movimento.
Para a surpresa de todos, quando ela foi subir as escadas, Cruise ofereceu-lhe a mão para apoio.
Numa época em que o cavalheirismo se tornou uma palavra desprezada – em que o feminismo se radicaliza (com “marcha das vadias”, mulheres empoderadas de sovaco cabeludo e outras coisas pitorescas) - é significativo recordar que o cavalheirismo é a cortesia, o zelo, a oportunidade de o homem expressar respeito pela mulher.
Não é “opressão”, “masculinidade tóxica”, “patriarcado” ou outras idiotices que dizem por aí.
A resposta da Duquesa, ao aceitar ajuda com um sorriso, foi escaneadora e também demonstra que o fato de receber um ato cavalheiresco não a torna fraca, mas digna de respeito.
Expressar gratidão é um ato de nobreza de espírito.
É sempre animador perceber que o cavalheirismo e a gratidão feminina ainda existem e podem inspirar.
22/05/2022
A FLORENSE, empresa de móveis de alto padrão, mundialmente conhecida e símbolo de qualidade da indústria gaúcha, completou ontem (18 de maio) 69 anos de fundação.
Essa data é sempre comemorada nas lojas que, mundo afora, representam a marca. O mesmo acontece na cidade serrana de Flores da Cunha, cuja população, majoritariamente de origem italiana, se identifica com o espírito de trabalho e empreendedorismo que marcou a vida da empresa.
Este ano, o aniversário da Florense foi comemorado também na CASA BRASIL, em Nova Iorque, onde a FLORENSE é uma das 64 empresas presentes na mostra que ocorre em promoção da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil).
O objetivo da CASA BRASIL é exibir o que levou nosso país a ocupar a 6ª posição no ranking mundial do setor e a continuar crescendo dentro dos elevados padrões de sustentabilidade, dos rígidos padrões ambientais do Código Florestal Brasileiro, diversidade de matérias primas e sofisticação. A exibição, iniciada no dia 11 já um sucesso, com previsão de vendas chegando perto dos US$ 20 milhões.
Na pessoa do CEO Mateus Corradi, envio meus parabéns à empresa, que honra este site com seu patrocínio, bem como a seus representantes e fornecedores.
Autor desconhecido
Nota do editor: Recebi por WhatsApp esta síntese do imperialismo russo e sua permanente belicosidade desde o século XVIII. Se alguém conhece o autor, por gentileza me informe para acrescentar a informação ao texto. Recebo como bons todos os dados porque os que cobrem meu período de observação, desde os anos pós-guerra, estão corretos.
Pax russa - historicamente indesmentível!
• Grande Guerra do Norte e Anexação da Estónia e da Letónia, 1700-1721
• Partilhas da Polónia, 1772-1795
• Anexação da Crimeia, 1783
• Supressão da Polónia, 1794-1795
• Guerra Finlandesa e Ocupação da Finlândia, 1808-1809
• Guerra Caucasiana e Genocídio dos Circassianos, 1817-1864
• Pogroms de 1821 (Império Russo)
• Guerra Russo-Persa de 1826–1828 e Anexação da Geórgia, Arménia e Azerbaijão
• Repressão da Polónia, 1830-1831
• Intervenção na Hungria, 1848-1849
• Guerra da Crimeia, 1853-1856
• Repressão da Polónia, 1863
• Pogroms de 1881–1884 (Império Russo)
• Pogroms anti-chineses do Amur (Império Russo), 1900
• Pogroms de 1903–1906 (Império Russo)
• Guerra Soviético-Ucraniana, 1917-1921
• Deskulakização (Rússia Bolchevique e União Soviética), 1917-1933
• Terror Vermelho (Rússia Bolchevique), 1918-1922
• Intervenção na Guerra Civil da Finlândia, 1918
• Guerra Russo-Lituana, 1918-1919
• Guerra da Independência da Estónia, 1918-1920
• Guerra da Independência da Letónia, 1918-1920
• Guerra Polaco-Russa, 1919-1921
• Anexação da Íngria Finlandesa, 1919–1920
• Invasão e Ocupação do Azerbaijão, 1920
• Invasão e Ocupação da Arménia, 1920
• Invasão e Ocupação da Geórgia, 1921
• Repressão da Karélia, 1921–1922
• Sistema do Gulag (União Soviética), 1923-1961
• Coletivização Forçada (União Soviética), 1927-1940
• Deportação dos Íngrios Finlandeses (União Soviética), 1929-1944
• Holodomor (Ucrânia), 1932-1933
• Grande Terror (União Soviética), 1936-1938
• Invasão e Ocupação Soviética da Polónia, 1939-1941
• Guerra de Inverno (tentativa de invasão da Finlândia), 1939-1940
• Massacre de Katyn (União Soviética), 1940
• Ordens de pilhagem de artefactos culturais e infraestrutura industrial durante a ocupação soviética da Polónia e da Alemanha Oriental, (1940-1947)
• Ocupação da Bessarábia e Bucovina do Norte, 1940-1941
• Ocupação dos Países Bálticos, 1940-1941
• Supressão da Insurgência da Tchetchénia, 1940-1944
• Deportações Forçadas da Bessarábia e Bucovina do Norte, 1940-1951
• Guerra da Continuação (Segunda Guerra Soviético-Finlandesa), 1941-1944
• Massacre dos Prisioneiros de Guerra pelo NKVD (União Soviética), 1941
• Deportação dos Gregos Pônticos (União Soviética), 1942-1949
• Deportação dos Calmucos (União Soviética), 1943
• Operação Lentil (limpeza étnica da Tchetchénia e da Inguchétia), 1944
• Deportação dos Tártaros da Crimeia (União Soviética), 1944
• Deportação dos Turcos Mesquécios (União Soviética), 1944
• Deportação dos Bálcaros (União Soviética), 1944
• Transferência Forçada das Populações Alemãs (1944–1950)
• Massacres de civis durante o Cerco de Budapeste (Hungria), 1944-1945
• Ocupação da Roménia, 1944-1958
• Campanha de Violações de Mulheres (Polónia e Alemanha), 1945
• Caça ao Homem de Augustów (Polónia), 1945
• Bloqueio de Berlim (Alemanha Ocupada), 1948-1949
• Oposição ao Plano Marshall, 1948-1951
• Divisão da Alemanha, 1949-1990
• Organização da Greve Geral contra o governo da Áustria, 1950
• Repressão de Berlim e Alemanha Oriental, 1953
• Massacre de 9 de Março (Geórgia), 1956
• Repressão dos Protestos de Poznan (Polónia), 1956
• Intervenção na Hungria, 1956
• Supressão dos Irmãos da Floresta (Países Bálticos), 1945–1956
• Muro de Berlim (Alemanha Oriental), 1961-1989
• Massacre de Novocherkassk (Rússia Soviética), 1962
• Repressão das Manifestações de Yerevan (Arménia), 1965
• Operação Danúbio (Invasão da Checoslováquia), 1968
• Repressão dos Protestos de Dezembro (Polónia), 1970
• Repressão da Sublevação da Lituânia, 1972
• Repressão dos Protestos de Junho (Polónia), 1976
• Repressão das Manifestações da Geórgia, 1978
• Invasão e Intervenção no Afeganistão, 1979-1989
• Lei Marcial na Polónia, 1981-1983
• Tragédia de 9 de Abril (Geórgia), 1989
• Tentativa de supressão da Revolução Romena, 1989
• Janeiro Negro (Azerbaijão), 1990
• Primeira Guerra da Tchetchénia, 1994-1996
• Segunda Guerra da Tchetchénia, 1999-2009
• Guerra do Daguestão, 1999
• Guerra Civil da Inguchétia, 2007-2015
• Invasão da Geórgia e Ocupação da Ossétia do Sul e da Abecásia, 2008-…
• Anexação da Crimeia, 2014-…
• Intervenção em Donetsk e Lugansk (Ucrânia), 2014-…
• Invasão da Ucrânia, 2014 e em 2022
Sempre, “bons rapazes”.
Considerações sobre o estado de inocência.
O desastre institucional que o lastimável jornalismo brasileiro faz questão de não ver está transformando o Estado em algoz da sociedade.
Com a Justiça agindo em autosserviço, a pena aplicada a Daniel Silveira só poderia atingir a absurda desproporção que adquiriu.
Dentre muitas, selecionei um pacote de vinte gravíssimas consequências que podem decorrer da omissão, em outubro, de eleitores que não sejam de esquerda.
A solução do desequilíbrio institucional brasileiro depende da intensa ação política dos cidadãos em relação aos pleitos de outubro.
Os que causaram esse desastre confessam a autoria ao defender Paulo Freire como seu patrono.