Artigos do Puggina
Percival Puggina
28/06/2022
Percival Puggina
Ano 2022. No Brasil, dois dos três poderes de Estado causam danos irreparáveis à segurança da sociedade contando com apoio da mídia militante – antiarma e antipolícia – e de um magote de teóricos marxistas das ciências humanas. Entre estes, contam-se articulados sabichões das carreiras jurídicas, filósofos, psicólogos, sociólogos, antropólogos palpiteiros em segurança pública e comunicadores sociais. Juntos dão suporte de silêncio ou apoio explícito ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional.
Há um preceito na Constituição segundo o qual “todos são iguais perante a lei”. Não ria, leitor! Não ria. Não faça troça. Que os debochados sejam apenas eles. Afinal, o preceito está no livrinho, no artigo 7º, acrescentando zelosamente que “[todos] sem distinção têm direito a igual proteção da lei”. Qualquer concurseiro sabe disso.
Se as instituições da República não dão bola para o preceito, aí estamos falando da vida fora das bolhas e da sociedade ao relento de qualquer proteção. Procurei no Google por “morre durante assalto”. Encontrei 36 mil referências. São policiais, padeiros, vigilantes, secretárias, professoras, “gente comum” cuja morte não chama a atenção, não é percebida na bolha dos poderosos. O registro da página policial sequer é lido nos festivos salões da cobertura do prédio da república. Nenhuma ONG pia ou chia. Manchete alguma noticia. Se for realmente cidadão comum, se não pertencer a qualquer minoria, nenhum partido intervém e nenhum ministro do STF se manifesta ou dá prazo.
A insegurança em que vivemos foi planejada e semeada, antes de ser colhida. A nata dos noticiários não faz mais do que recobrir dos olhos da multidão a realidade cotidiana de milhões de brasileiros. Suas principais vítimas são os policiais e a classe média, tão odiada pela esquerda em virtude de sua resistência à conhecida “revolução” dos progressistas. Revolução das mãos grandes e dedos ágeis.
Noutra ponta do sistema, temos um Congresso avesso à lei penal por constrangedoras razões individuais e coletivas. Lá estão os que precisam de seus mandatos para ficar sob resguardo do foro privilegiado, preservando os respectivos inquéritos e processos penais no confortável cativeiro das prateleiras do Supremo. No Congresso estão, também, os solidários com os colegas e companheiros em dificuldades com a lei. Lá estão os financiados por empresários de boa fortuna e má fama. Lá estão os muitos que dependem da benevolência de um partido malevolente para custeio de sua reeleição.
Você é capaz de imaginar quantos criminosos, em todo país, exercem influência sobre congressistas e quantos destes estão sob tais influências? Por isso, a prisão após condenação em 2ª instância foi derrubada no STF para viabilizar a candidatura de Lula. Ao menos até prova em contrário, por uma infinidade de razões análogas, o Congresso não vota PEC nesse sentido.
Para flagelo nacional, por aí se difunde o “não dá nada” e a impunidade transforma o crime no mais próspero negócio do país. Em outubro, não se omita. Os corruptos querem voltar.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
25/06/2022
Percival Puggina
“Eu gostaria muito de ter o direito de votar em alguém que corresponda à imagem que faço de um presidente”. (Opinião muito “fofa”, lida e ouvida por aí)
Sinto muito, senhor, mas seu catálogo de príncipes perfeitos não está disponível. O que a casa tem a oferecer está na mesa dos fatos. Aliás, saiba que o senhor não está só, infelizmente. O presidencialismo e semipresidencialismo têm produzido esse quadro ao longo das décadas mundo afora. Nos Estados Unidos, a eleição presidencial (onde os eleitores que decidem são os do colégio eleitoral) terminou com uma diferença de seis milhões de votos entre Biden e Trump. A abstenção chegou a 64 milhões!
Na Argentina, os ausentes, os nulos, os brancos, os aborrecidos e amuados somaram oito milhões de eleitores. Como resultado, o destruidor geral da nação Alberto Fernández venceu Macri por dois milhões de votos. No Chile, o comunista Gabriel Boric venceu a eleição por uma diferença de 6% sobre José Antônio Kast, com uma abstenção de 45%! No Peru, ausentaram-se oito milhões de eleitores e a esquerda venceu a eleição por 40 mil votos. Na Colômbia, 43% do eleitorado ficou no sofá e o guerrilheiro comunista Gustavo Petros, que vai dirigir o país, venceu o pleito por uma diferença de 3%.
A omissão não ensina, não protesta e nada muda. Não tira o omisso da lista de pagadores da conta. Subscreve, referenda e aceita, silenciosamente, o que outros decidiram. Na verdade, preserva ao omisso seu direito ao sofá de onde talvez nunca tenha saído.
Enquanto esse eleitor acalenta seu aborrecimento, todo o ativismo midiático, judicial, funcional, educacional, cultural, corrupto e do crime organizado se articula em torno do candidato que quer retornar à cena do crime.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
24/06/2022
Percival Puggina
Poucas coisas tão postiças quanto a sabedoria dos intelectos vaidosos. E poucos tão infelizes quanto os que pretendem fruir o poder com esse canudinho, no próprio copo, como refresco.
A vaidade corriqueira das celebridades fugazes que causa frenesis em auditórios de pouco juízo e a decorrente dos atributos físicos são menos maléficas que a dos enfatuados pelo próprio intelecto. Para estes, todo espelho é mágico e lhes atira beijos. Lambem seus títulos. Devoram as próprias palavras após pronunciá-las para que nada se perca de seu sabor. E vão engordando de lipídios um orgulho autógeno, encorpado pelas lisonjas alheias e pelas que generosamente dedicam a si mesmos.
De quem falo? Bem, pessoas assim estão por toda parte. Não posso dizer que formam um exército numeroso porque não há exército composto apenas por generais de quatro estrelas. Andam dispersos, portanto. Mas se há um lugar onde, por dever de ofício, se reúnem expoentes de tal conduta, esse lugar é o STF. Chega a ser divertido assisti-los desde a perspectiva pela qual eles mesmos se veem. Aferi-los pela infinita régua com que se medem. Apreciar o esforço que fazem para ostentar sabedoria. As frases lhes saem lustradas, polidas como corneta de desfile. Não que isso seja mau em si, mas chama atenção como parte da grande encenação das vaidades presentes. Imagino que por vezes se saúdem assim: "E sua vaidade como vai, excelência?". Ao que o outro retruca, cortesmente: "Bem, bem, recuperando-se do que li ontem no Twitter, mas as perspectivas são boas, obrigado ministro".
Nada mais próprio do que a palavra "corte" para designar aquele colegiado (cuja institucionalizada importância – esclareço porque não quero ser mal entendido – ergue-se a despeito dessas fragilidades humanas). É uma corte. É uma corte onde todos exercem, sobre o Direito a que estamos submetidos, uma soberania irrestrita, que flutua em rapapés e infla os egos à beira do ponto de ruptura.
Ali, cada um que fala se percebe como o Verbo. As palavras saem numa espécie de sopro divino, criador, forma verbal das cintilações de astro rei. Ante tal brilho só se chega usando óculos escuros e protetor solar.
Os membros de nossa Suprema Corte talvez se bastem com a própria vaidade. Mas a vaidade ou a fruição do poder como refresco sorvido nesse canudinho não são suficientes para os fins que pretendem. Há uma distinção que já era bem conhecida dos romanos. O poder (“potestas”) não se confunde com autoridade (“auctoritas”) aquele se pode dizer inerente ao cargo, esta porém depende de atributos com reconhecimento social, entre os quais não se inclui a vaidade.
Foi-lhes dado, senhores, o poder para decidir o que bem entendam, mas há uma Constituição. Decidam, mas instituir uma “religião” e verdades estatizadas como ferramenta do poder não gera autoridade reconhecida entre cidadãos livres.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Outros Autores
Percival Puggina
A tensão emocional entre prefeitos, governadores, presidentes e seus vices é clássica e farta em evidências históricas. Nos casos extremos, eles rompem relações e o vice conspira contra o titular; nos casos moderados, o vice acaba alijado. Muitas vezes, por não ser objeto de voto nominal, o vice é eleitoralmente desconsiderado.
Creio ser por isso que Bolsonaro ainda não informou quem será seu vice, embora muitos saibam que sua preferência vai para o general Braga Neto, habilitado à participar da eleição após exonerar-se do cargo de ministro da Defesa. No entanto, como bem registra a Gazeta de Povo, a deputada Tereza Cristina tem a preferência da base político-partidária do governo.
Bolsonaro talvez esteja dividido. Braga Neto tem sua estrita confiança, mas pouco agrega politicamente à chapa. Provavelmente nem em Minas Gerais, seu estado natal, o nome do general atraia votos significativos para o presidente. Tereza Cristina, por sua vez, agrega um perfil feminino e político à chapa presidencial. Também é competente e habilidosa, o que lhe viabilizou a proeza de ser ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Dilma (2011-2014) e de Bolsonaro (2019-2022). É uma unanimidade no Agro nacional.
O momento eleitoral aponta para a conveniência de uma composição que gere ganho político e Bolsonaro tem, na deputada por Mato Grosso do Sul, uma boa solução ao alcance da mão. Ademais, uma segunda chapa militar pura pode fornecer discurso à oposição.
Percival Puggina
Quase meio século depois, revertida decisão de 1973, os Estados norte-americanos podem votar leis restritivas ao “direito” de abortar. Espera-se que pelo menos 24 Estados adotem legislação nesse sentido.
Já em 1973 a questão dividia a opinião pública. De lá para cá, num verdadeiro genocídio, a cada ano, mais de um milhão de fetos foram dispensados como lixo humano nos EUA.
Enquanto isso, aqui no Brasil, uma menina de 11 anos abortou um bebê de 24 semanas, apesar de determinação em contrário da juíza do caso, com base no precipitado atendimento de uma recomendação do Ministério Público Federal.
Aqui como lá, a mídia tutora da opinião pública defende o aborto e reprova a juíza brasileira e os justices da Suprema Corte. Aqui como lá, os defensores do aborto confundem motivos pessoais com razões da razão sem perceber que motivos pessoais podem ser atenuantes ou agravantes de um homicídio, mas não são autorizações para matar. Nem criam para o Estado a obrigação de cometer o ato criminoso conveniente aos motivos da mãe.
Grupos humanos, em condições selvagens e primitivas de vida, têm o hábito cultural de matar seus bebês do sexo feminino ou portadores de anomalias. Veem essas condições como motivos para matar bebês, mas parece difícil encontrar em ambiente civilizado quem se disponha a “militar” em favor da preservação desse “direito”.
“Vivendo e aprendendo”, afirma antigo chavão. Vivendo, a gente aprende o quanto o interesse próprio é determinante de “argumentos” que não se sustentam perante princípios como o do direito à vida, ou à liberdade, ou à propriedade, que sequer seriam contestados em ausência do interesse próprio...
O presidente Biden qualificou a decisão da Suprema Corte como “erro terrível”, o que, por consequência, transforma um amontoado de fetos humanos, depositados em lata de descarte hospitalar, num esplêndido acerto.
Olhe um berçário de maternidade e uma lata dessas e me diga onde há algo muito errado.
Fernão Lara Mesquita, em O Vespeiro
O Brasil discute apaixonadamente a insegurança das urnas e tem boas razões para isso. Ninguém recheia pacientemente um supremo tribunal com militantes, anula irreversivelmente as três instâncias do Poder Judiciário abaixo dele resgatando um criminoso condenado para enfia-lo diretamente na eleição e mata a pau o Poder Legislativo inteiro ao derrubar três votações democráticas maciças dos representantes eleitos do povo mandando imprimir um comprovante do voto alegando razões futeis porque esteja bem intencionado. Tirar da eleição o caráter de argumento indiscutível da pacificação nacional que a transparência da contagem dos votos lhe confere em todas as democracias do mundo certamente não vale os caraminguás que se quer "economizar" negando ao eleitorado brasileiro um comprovante do voto que ele possa ler.
Mesmo assim, na merda em que estamos a questão da urna chove no encharcado!
A "fraude", quando "aparece", verdadeira ou "falsa", consiste na pessoa votar num nome e seu voto ser transferido para outro pela máquina. Mas o fato é que o otário do eleitor brasileiro vota numa pessoa e elege outra sem o concurso de qualquer hacker. No sistema do voto proporcional essa transferência fraudulenta já é operada PELA LEI. Só 15 a 20% da fauna que habita os legislativos brasileiros, conforme lembrou artigo publicado ontem por José Serra em O Estado de S. Paulo, foi eleita por votos em sua pessoa. 80 a 85% dela ganhou o poder de ditar-nos leis "de carona".
Hoje essa fraude sistematizada está delimitada ao interior de cada "partido político" criado e sustentado pelo Estado. Até 2020 rolava até entre partidos diferentes, desde que estivessem mancomunados numa mesma "coligação".
O resultado é esse que está aí. O eleitor não sabe quem elegeu e o eleito não deve lealdade a ninguém senão ao "dono" do partido em que se homiziou. E sua única missão na vida passa a ser a de defender o sistema sem o qual jamais se elegeria e reelegeria, os menos ruins para ter privilégios vitalícios e hereditários às custas do favelão nacional, os mais iguais à média para assaltá-lo impunemente.
E enquanto rasga-se assim, já não digo a nossa constituição drogada e prostituída, coitada, mas até a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos, a imprensa nacional das redações franqueadas aos "jornalistas" formados no "sistema educacional" criado pela fauna dos 15 a 85%, dança em frenesi a dança do "estado democrático de direito" em torno da fogueira da ignorância (e não só da ignorância) como um bando de anacrônicos pajés de uma tribo institucionalmente primitiva.
O resto da tragédia nacional é mera consequência.
Leia o restante do artigo aqui: https://vespeiro.com/2022/06/24/eleicoes-democraticas-x-eleicoes-brasileiras-2/
Como um erro não corrigido cobra silêncio e dá causa a outros.
Bolsonaro é mito para muitos de seus inimigos.
A maior parte de nossas decisões são tomadas com base em intuições. Desconsiderá-las costuma ser imprudente.
Considerações sobre a etapa final do emprego da diversidade como pauta política.
O silêncio da sociedade alimenta as tiranias.
Considerações sobre o estado de inocência.