• Luciano Pires
  • 16/01/2009
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A PR?IMA BOMBA

No canal GNT foi ao ar algum tempo atr?um document?o sobre as crian? israelenses e palestinas, mostrando o ? que aprendem a nutrir entre si desde que nascem. Depois de uma extensa negocia?, no momento mais dram?co, o jornalista re?numa mesma sala os dois grupos inimigos. O clima ?esad?imo. A desconfian? o ? e o medo impregnam o ambiente. S?crian? normais, bonitas e divertidas. Os olhares s?curiosos, mas naquele instante elas s?o crian? na forma, nas fei?s. A express?dos olhares n?deixa d?as: o sentimento ?e medo e ? ao inimigo. Posso entender o medo no olhar de uma crian? Mas n?entendo o ?. Eu tamb?era crian?quando comecei a acompanhar a quest?Israel x Palestina. E como minha fonte de informa? prim?a ? imprensa, desconfio. Cada um conta a hist? com as cores que lhe interessam e neste caso recente dos ataques israelenses ?aixa de Gaza, a grande arma ?esmo a imprensa. Mais propriamente: as fotografias. Principalmente as fotografias das crian?. N?existe argumento que justifique uma imagem de crian? mortas, cena capaz de destruir nossa capacidade de discutir racionalmente as circunst?ias daquelas mortes. Crian? mortas s?uma ofensa ?umanidade. Ponto. N?interessam as raz? Elas est?mortas e isso ?naceit?l. Imagens t?uma for?genu? que muda a hist?. O general vietnamita dando um tiro na cabe?do prisioneiro algemado. A menina correndo nua com o corpo queimado pelo Napalm. O monge imolando-se em pra?p?ca... Foram imagens fortes que mudaram o destino da guerra do Vietnan, por exemplo. Mas imagens - quando na m?a - s?mais que a captura de um momento. S?editoriais. Opini?emitidas por quem tem um lado. Por isso desconfio. Desconfio do enquadramento. Da ilumina?. Do vermelho do sangue. Do choro da m? Dos olhos abertos da crian?morta. Do posicionamento da foto na p?na. Da sequ?ia com que s?publicadas. O terror da morte est???neg?l e indigno. Mas quem ?ue est?e passando a mensagem? Que inten? est?mbutida nela? Que valores est?presentes ou ausentes? Se eu fosse palestino, como reagiria a ela? E se eu fosse israelense? Em que contexto a imagem foi obtida? Que rea? pretendem que eu tenha diante dela? Indigna?? Contra quem? Estamos vivendo a guerra da propaganda, que extrapola o campo de batalha para tomar conta das televis? jornais e revistas do mundo todo. Sempre foi assim, mas agora est?ais r?do. Mais cru. Mais tendencioso. E com a internet, ent? mais manipul?l. E n?interessa se somos pr?raelenses ou pr?lestinos. Devemos ter o cuidado de ouvir todas as opini? conhecer n?s?contexto hist?o, mas principalmente as id?s, ideologias e valores de quem est?os transmitindo a informa?. Sobre quem est?entando nos convencer acerca do certo ou do errado. Crian? mortas ser?sempre um erro. Concluir sobre as responsabilidades ?uito mais complicado. E ent?acontece um momento m?co naquele document?o do GNT. O jornalista pergunta para as crian? sobre o que elas mais gostam e a resposta ?mediata e un?me entre palestinos e israelenses: futebol. E quando ele pergunta para quem elas torcem, abrem-se sorrisos e os olhares tornam-se c?ices: Brasil. O clima de horror desaparece. O ? transforma-se em sorrisos. Fica a paz, a satisfa?. O futebol brasileiro, naquele momento, torna-se mais importante que a guerra. E as crian? esquecem as diferen?, quebram as barreiras e transformam-se naquilo que realmente s? crian?. Pelo menos at? pr?a bomba.