• Percival Puggina
  • 16/03/2024
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Dia inesquecível, brasileiros!

 

Percival Puggina     

       Vivas! Pararatimbum bum-bum! Parará bum! Parará bum! Aplausos, foguetes! Dia inesquecível, brasileiros. Dia 15 de março, a nação conheceu o primeiro inocente do dia 8 de janeiro. Momentos de comoção nacional.

O futuro está em suas mãos, Geraldo Filipe. Num país de tantos culpados e milhões de suspeitos, você é um brasileiro inocente! O PT deveria convidá-lo para integrar seu Diretório. Pessoas com tais méritos são sempre necessárias nesses colegiados. Nas presentes circunstâncias da Justiça em nosso país, você é um ícone. Perdeu meses de vida, mas não se aborreça, pois isso é nada frente ao valor desse documento fornecido por 11 ministros do Supremo, sonho de consumo para tantos brasileiros.

Saibam os leitores destas alegres linhas. Ele se chama Geraldo Filipe da Silva e era morador de rua até ser transferido para a Papuda. Ali, foi indiciado por coisas gravíssimas como “abolição violenta do Estado Democrático de Direito” e desfrutou da imensa honra de ser julgado pelo topo do Poder Judiciário brasileiro. Geraldo teve mais sorte que o Clezão. Teve mais sorte que centenas de outros.

Por muito tempo, Geraldo Filipe será um símbolo em matéria de inocência. Virado do avesso não pinga um vintém. Recentemente, o Brasil produziu, é verdade, uma extensa lista de “inocentes” que nada devem à Justiça, como diria a Globo, mas eram todos endinheirados. Não eram moradores de rua. Receberam seu alvará no coletivo, quase anônimos no interior de imenso pacote envolto por laço de fita bordado onde se lia “Morte à Lava Jato!”. 

Geraldo, não. Ele é inocente na pessoa física. Conseguiu, mesmo assim, na simplicidade de morador de rua, ultrapassar a fila e subir para as manchetes. Foi necessário um ano e pouco de sua vida para sair da repulsiva e gravíssima condição de morador de rua golpista para o brilhante placar de 11 a zero no STF. Há luminares do Grupo Prerrô que dariam, se não um braço, ao menos a manga de seu Armani por algo assim.

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


Menelau Santos -   17/03/2024 18:36:35

Professor, o Brasil é uma fábrica de bizarrices. Mas essa de ser convidado pelo PT pra fazer parte deles foi ótima. Realmente, agora que ele é inocente, que não me abra a boca pra dizer que vai votar no Mito e nem se atreva a usar camisa verde amarela, senão volta pra cadeia na hora. Ainda bem que temos nosso querido STF pra nos proteger desses perigosos golpistas. E nem precisa usar tornozeleira eletrônica. É muita benevolência dos nossos deuses togados.

Luiz R. Vilela -   16/03/2024 11:17:03

Antes da inocência, vem a presunção da inocência. O indivíduo presumivelmente é um inocente até ser julgado. dai pode ser considerado culpado ou inocente. Se culpado, ele ainda pode recorrer a outras instâncias do poder que o julga, até receber a sentença definitiva. Assim é a teoria, assim se procede onde a civilização existe. Mas quando o indivíduo é acusado e contra si é usada uma inexistente "presunção de culpa", e este indivíduo é sumariamente encarcerado, como poderemos chamar a atitude do poder que o constrange, justiça ou justiçamento? Difícil, ainda mais que o procedimento é feito onde a decisão é definitiva, não há mais a quem recorrer, é aceitar e pronto. Deus não teria destruído Sodoma e Gomorra, se entre suas populações tivesse apenas dez justos, e parece que não tinha. Agora entre esta massa de acusados, julgados e encarcerados, só apareceu até agora um único justo? É inacreditável. Será que um dia se descobrirá que houve um clamoroso erro judiciário? Penso que este dia chegará tarde demais. Ah! Rui Barbosa, quanta falta você faz a este Brasil.

celso Ladislau Kassick -   16/03/2024 11:14:47

Fosse na SUPREMA sala de Cirurgia médica; - Todos seriam punidos com o rigor previsto, na MAGNA CARTA NACIONAL!