• Olavo de Carvalho
  • 28/01/2009
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EDUCA?O AO CONTRRIO - Di?o do Com?io

Clicando no Google a palavra “Educa?” seguida da express?“direito de todos”, encontrei 671 mil refer?ias. S? artigos acad?cos a respeito, 5.120. “Educa? inclusiva” d?62 mil respostas. Experimente clicar agora “Educar-se ?ever de cada um”: nenhum resultado. “Educar-se ?ever de todos”: nenhum resultado. “Educar-se ?ever do cidad?: nenhum resultado. Isso basta para explicar por que os estudantes brasileiros tiram sempre os ?mos lugares nos testes internacionais. A id? de que educar-se seja um dever jamais parece ter ocorrido ?mentes iluminadas que orientam (ou desorientam) a forma? (ou deforma?) das mentes das nossas crian?. Eis tamb?a raz?pela qual, quando meus filhos me perguntavam por que tinham de ir para a escola, eu s?nseguia lhes responder que se n?fizessem isso eu iria para a cadeia; que, portanto, deveriam submeter-se ?ele ritual absurdo por amor ao seu velho pai. Jamais consegui encontrar outra justificativa. Tamb?lhes recomendei que s? esfor?sem o bastante para tirar as notas m?mas, sem perder mais tempo com aquela bobagem. Se quisessem adquirir cultura, que estudassem em casa, sob a minha orienta?. Tenho oito filhos. Nenhum deles ?nculto. Mas o mais erudito de todos, n?por coincid?ia, ?quele que freq?ou escola por menos tempo. A id? de que a educa? ?m direito ?ma das mais esquisitas que j?assaram pela mente humana. ?s?repeti? obsessiva que lhe d?lguma credibilidade. Que ?m direito, afinal? ?uma obriga? que algu?tem para com voc?Amputado da obriga? que imp? um terceiro, o direito n?tem subst?ia nenhuma. ?como dizer que as crian? t?direito ?limenta? sem que ningu?tenha a obriga? de aliment?as. A palavra “direito” ?penas um modo eufem?ico de designar a obriga? dos outros. Os outros, no caso, s?as pessoas e institui?s nominalmente incumbidas de “dar” educa? aos brasileiros: professores, pedagogos, ministros, intelectuais e uma multid?de burocratas. Quando essas criaturas dizem que voc?em direito ?duca?, est?apenas enunciando uma obriga? que incumbe a elas pr?as. Por que, ent? fazem disso uma campanha publicit?a? Por que publicam an?os que logicamente s?vem ser lidos por elas mesmas? Ser?ue at?ara se convencer das suas pr?as obriga?s elas t?de gastar dinheiro do governo? Ou s?t?pregui?as que precisam incitar a popula? para que as pressione a cumprir seu dever? Cada tost?gasto em campanhas desse tipo ?m absurdo e um crime. Mais ainda, a experi?ia universal dos educadores genu?s prova que o sujeito ativo do processo educacional ? estudante, n?o professor, o diretor da escola ou toda a burocracia estatal reunida. Ningu?pode “dar” educa? a ningu? Educa? ?ma conquista pessoal, e s? obt?quando o impulso para ela ?incero, vem do fundo da alma e n?de uma obriga? imposta de fora. Ningu?se educa contra a sua pr?a vontade, no m?mo porque estudar requer concentra?, e press?de fora ? contr?o da concentra?. O m?mo que um estudante pode receber de fora s?os meios e a oportunidade de educar-se. Mas isso n?servir?ara nada se ele n?estiver motivado a buscar conhecimento. Gritar no ouvido dele que a educa? ?m direito seu s?impele a cobrar tudo dos outros – do Estado, da sociedade – e nada de si mesmo. Se h?ma coisa ?a na cultura brasileira, ? desprezo pelo conhecimento e a concomitante venera? pelos t?los e diplomas que d?acesso aos bons empregos. Isso ?ma constante que vem do tempo do Imp?o e j?oi abundantemente documentada na nossa literatura. Nessas condi?s, campanhas publicit?as que enfatizem a educa? como um direito a ser cobrado e n?como uma obriga? a ser cumprida pelo pr?o destinat?o da campanha t?um efeito corruptor quase t?grave quanto o do tr?co de drogas. Elas incitam as pessoas a esperar que o governo lhes d? ferramenta m?ca para subir na vida sem que isto implique, da parte delas, nenhum amor aos estudos, e sim apenas o desejo do diploma.