• Percival Puggina
  • 18/04/2024
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Estamos perdendo a liberdade. E sabemos.

 

Percival Puggina

         O ministro Alexandre de Moraes afirmou ao Senado Federal, sorrindo como quem se diverte no que diz: “Antes das redes sociais, éramos felizes e não sabíamos”.

É desconhecido o motivo pelo qual coube ao ministro a tarefa de levar para o Legislativo o anteprojeto do novo Código Civil. Já escrevi antes que o STF se tornou uma esponja de prerrogativas e que o ministro faz o mesmo dentro do STF. Em seu pronunciamento, ele retomou sua ideia fixa e proferiu a frase que repercutiu sobre tudo mais que tenha dito na solenidade. Primeiro, porque o sorriso contraria o dito; segundo, porque ninguém se dedica tanto a um combate sem trégua se não apreciar o enfrentamento.  

O episódio me levou a avaliar meu próprio estado de espírito perante a pretensa infelicidade de Sua Excelência. Eu era feliz antes das redes sociais. Escrevi durante quatro décadas, como articulista de opinião, para os dois principais jornais do Rio Grande do Sul. Eu tinha esse privilégio de pertencer ao reduzido grupo dos influenciadores da opinião pública do meu estado. Nos últimos 10 anos desse período, como articulista dominical de Zero Hora, fui um singular sinal de “pluralismo” diante do esquerdismo das opiniões impressas.

Com o advento das redes sociais, vi a luz da liberdade de opinião chegar às multidões. Isso me tornou ainda mais feliz! A liberdade abriu suas asas sobre nós e um pluralismo sadio iluminou as consciências para a efetiva liberdade de escolha. O que era possibilidade de uns poucos se multiplicou em proporções inimagináveis e vivi a graça de desfrutar da verdadeira explosão de talentos até então ocultos pela hegemonia dos grandes e velhos meios de comunicação.

Somente alguém insensível ou aferrado às conveniências daquela hegemonia pode se opor a tal liberdade impondo-lhe freios e arreios. Somente a sede de poder explica o anseio por reitorar essa liberdade entregando a verdade a seus usufrutuários como prato feito, em serviço de delivery, sob pena de pesadas, automáticas e irrecorríveis sanções.

Pior do que isso. Não são apenas a nebulosa e arisca verdade e o controverso fato que correm o risco de ser proclamados por um definitivo oráculo burocrático. Há algo ainda pior que sai embrulhado na mesma dicção: a análise do fato, a crítica à verdade selada e carimbada e o desagrado com a atividade do oráculo.

Não estamos felizes perdendo a liberdade. E sabemos.

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


Rinaldo -   20/04/2024 14:19:34

Boa tarde dr Pugina, eu vou fazer uma observação aqui qui não é sobre o texto. Porquê vocês jornde direita e os que não concordam com com a esquerda, com advogados, deputados, senadores, profissionais liberais e o povo em geral, não se reúnem em frente ao senado pra protestar sobre essa ditadura que tá se instalando no país?? Só ficar no digital não resolve muita coisa! Pensem nisso!! E nem essas manifestações de um dia de Bolsonaro, não vai da em lugar nenhum! O que o senhor acha!?

Menelau Santos -   18/04/2024 14:50:36

Há na Bíblia uma passagem em que Jesus diz que ninguém acende uma lamparina para deixá-la embaixo da cama. Com o advento da Internet, muitas luzes foram expostas, como o Sr., O Prof. Olavo de Carvalho, O Prof. Angueth, O Padre Paulo Ricardo e tantos outros. Saudades do icônico "Midia Sem Máscara". Mas os partidários do "encardido" e das coisas ruins não gostam da Luz. Gostam da escuridão onde podem planejar suas maldades.