• Percival Puggina
  • 12/08/2022
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Jornalismo tóxico

Percival Puggina

 

         Quando o jornalismo assume as condutas a seguir descritas, acolhe, também, responsabilidade pelas consequências. Refiro-me às seguintes ações e omissões:

- silenciar, durante 43 meses sobre todas as ações abusivas, truculentas e inconstitucionais do STF e só prestar atenção aos malfeitos daquele poder quando os ministros encomendam lagostas ou aumentam os próprios vencimentos;

- isentar STF e TSE de sua total responsabilidade na atual crise política ao impor suas vontades, durante três anos, contra manifestações de rua por urnas com impressoras e auditoria nas apurações;

- desconhecer, ou quando conhece, desprezar, ridicularizar e adulterar os legítimos conteúdos das manifestações populares;

- nada dizer sobre o sinistro processo de dominação e imposição do pensamento único na Educação brasileira, nem sobre o amplo uso das universidades públicas para fins rigorosamente políticos e partidários;

- fazer de conta que não vê o imenso rol de privilégios financeiros e normativos autoconcedidos pelos congressistas na presente eleição em detrimento do desejo de renovação manifestado pela sociedade;

- perseguir de modo sistemático o presidente da República, que dispõe apenas de um ou outro programa de tevê e redes sociais para se fazer ouvir;

- repetir chavões contra o presidente e contra a maioria conservadora da sociedade como quem copia e cola de alguma cartilha oposicionista;

- avaliar o desempenho parlamentar contando projetos de lei e despesas de gabinete, sem se interessar pelo mais importante, que é clareza ou obscuridade das posições, a coerência ou incoerência das condutas e a efetiva contribuição para o bem (ou mal) do país;

- acolher centenas de milhares assinaturas à Carta da USP como sendo a mais legítima representação possível da sociedade e, por anos a fio, desprezar a voz de dezenas de milhões de cidadãos que vão às ruas sem serem ouvidos pelo Congresso e pelo STF;

- jamais escrever uma linha sequer sobre os gravíssimos motivos da poluída interação havida entre o Supremo e o Senado da República.

Poderia prosseguir, mas basta. A mais grave consequência da desinformação, da notícia transformada em retórica, da estratégia editorial persistente, é o agravamento da crise que diz combater; é fugir da solução e jogar a nação no colo do problema. Nosso país precisa resolver seus embaraços institucionais e eles não se solucionam com sofismas, cartilhas ideológicas, etiquetas e ocultações.

Não é dever da mídia tornar a nação mais sábia. É seu dever, porém, não intoxicar a democracia.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 

 

 


MARIA INÊS DE SOUZA MEDEIROS -   18/08/2022 14:01:58

Inimaginável a que ponto a mídia chegou. Mas a Direita deve fazer o mea culpa, pois calou-se anos vendo a esquerda doutrinar à vontade.

ARTUS JAMES LAMPERT DRESSLER -   15/08/2022 10:53:35

O SENADO FEDERAL, CONSTITUCIONALMENTE, CORREGEDOR DO STF, COM SUA AUSÊNCIA OPERACIONAL , CRIA E DESENVOLVE A PETULÂNCIA DO MESMO. ATÉ QUANDO?

Marilene Brandalise -   15/08/2022 10:29:19

É verdade! Dá um desespero acompanhar o massacre diuturno da mídia mainstrean contra um governo eleito democraticamente, honesto e competente. MAS... o povo está vendo o perigo no caminho que os vendilhões da Pátria estão tentando indicar. Nossa bandeira jamais será vermelha! Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil.

José Luiz -   15/08/2022 10:00:04

A estratégia de Gramsci deu certo. Jornalistas tornaram-se reféns da doutrinação da esquerda. Apesar de o jornalismo profissional ter sido atropelado pelas redes sociais, mesmo sabendo disso, os próprios jornalistas preferem permanecer na tolice do que perder a aceitação de seus grupinhos.

José Rui Sandim Benites -   14/08/2022 18:36:19

Meu nobre e ilustre Puggina, tenho informações da Joven pan, que no governo Lula gastaram 7 bilhões e no da Dilma 9 bilhões em propaganda. E no governo Bolsonaro 258 milhões. Tá explicado porque que a mídia tradicional, ataca o Bolsonaro e blinda os mal feitos de quem busca o bem da Nação. Infelizmente, a pecúnia é mais importante do que o rumo da Nação. A lei do Gerson, de ter vantagem em tudo, está mais viva do que nunca.

Menelau Santos -   13/08/2022 16:44:06

Impecável Professor. Pingos nos Is, da Jovem Pan, umas das pouquíssimos exceções.

Armando Andrade -   12/08/2022 18:21:35

Sabe, o jornalismo vai morrer em mim, mas "tópico moderno de crítica" nos remete ao passado com nomes de brasileiros, as idas à ABI, sindicatos e até 1964, a obediência ao bem servir e como eram "lemas/temas", no escrever com lealdade e não servir às causas dos imponderáveis. Triste, vivo e revendo a tonicidade, mau caratismo, imbróglio, facetas avermelhadas, no assédio, no manchar "ORDEM E PROGRESSO", libelo redivivo entre irmãos a jogar no visgo do socialismo ou .... Lamentável o joio e o trigo!

João Jesuino Demilio -   12/08/2022 11:57:32

A mídia brasileira MORREU!( com raríssimas exceções)......e uma democracia só morre quando sua mídia morreu primeiro!