• Tibiriçá Ramaglio
  • 16/02/2009
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M?IA CANTA PARAB?S PARA DARWIN - Enviado pelo autor

Na semana do bicenten?o do nascimento de Charles Darwin, o debate sobre evolucionismo e criacionismo foi apresentado de modo reducionista pela m?a de um modo geral. Procurou-se contrapor as evid?ias emp?cas que sustentam a teoria ?parente ingenuidade do mito b?ico, particularmente entre os que fazem uma leitura literal do texto das Sagradas Escrituras. A inten? era incensar Darwin, em detrimento dAquele que, de fato merece ser incensado. Ora, para um debate s?o, n?se deveria contrapor a narrativa b?ica ?evid?ias cient?cas que alicer? a teoria evolucionista, mas discutir se o Universo e o homem t?uma origem de car?r natural e casual ou sobrenatural e intencional (que as Escrituras apresentam em linguagem mito-po?ca, embora possam ser apreendidas de outro modo pela ci?ia). Esse ? X da quest? Por outro lado, tamb??educionismo colocar ci?ia e religi?em campos opostos e excludentes, como fizeram quase todas as reportagens, ?uisa de concess?aos leitores religiosos. Conv?lembrar, por exemplo, que o geopaleont?o, fil?o e padre jesu? Teillhard de Chardin formulou uma teoria racional e plaus?l em que a evolu? ? express?de uma Intelig?ia divina. Al?disso, ?nticient?co dogmatizar a teoria da evolu?, considerando-a um fato inquestion?l. Segundo o postulado de Karl Popper, a possibilidade de uma teoria ser refutada (falseabilidade) constitui a pr?a ess?ia do saber cient?co. Assim, a teoria da evolu? s?ci?ia enquanto pass?l de refuta? e atualiza?. Apesar de se tratar do bicenten?o de nascimento de Darwin, as comemora?s tamb?n?deveriam ter sido manique?as a ponto de esquecer que o pr?o darwinismo se sujeitou a uma leitura fundamentalista: o darwinismo social est?a base da doutrina racial nazista e da concep? de eugenia, que os avan? da gen?ca tornam uma irresist?l tenta? j?a atualidade. O texto mais interessante que li, no entanto, foi o do bi?o Fernando Reinach, em O Estado de S. Paulo de 12 de fevereiro. ?o mais interessante por ser o mais ambicioso e, baseando-se num racioc?o equivocado, pretende demonstrar, com pressupostos evolucionistas, por que o c?bro animal n?acredita em Darwin. Segundo Reinach, as ideias de Darwin e Galileu sofrem da dificuldade do c?bro humano em aceitar conceitos abstratos que se chocam com as observa?s diretas dos sentidos. Por isso, apesar de sabermos, a partir de Galileu, que a Terra gira ao redor do Sol, o que vemos ? Sol se deslocar no c? do nascente ao poente. Isso se d?orque o sistema visual considera o corpo que habita como ponto de refer?ia. Para essa parte de nosso c?bro, somos o centro do universo. Ainda seguindo as premissas do bi?o, com a teoria da evolu? de Darwin ocorre fen?o semelhante. Desde que os c?bros e os sistemas visuais surgiram, eles t?observados outros seres vivos. E o que os olhos observam ?ue os seres vivos se comportam como se fossem guiados por uma vontade interna ou por um plano de a? com objetivos definidos. As plantas crescem em dire? ao Sol, as ra?s buscam ?a. [...] Nosso sistema visual nos informa que todo ser vivo segue um plano e que cada parte desse plano parece ser um dos elementos de um projeto maior. ?f?l imaginar como nosso c?bro criou o conceito de um ser superior. Antes de mais nada, em seu materialismo rasteiro, Reinach n?faz a necess?a distin? entre c?bro e mente, o que contradiz as mais recentes formula?s da neuroci?ia e da psiquiatria. Mas, ainda que se deixe isso de lado, seu racioc?o continua capenga pois o que ocorre quando vemos o sol deslocar-se no c??implesmente uma impress? J?uando vemos uma planta crescer em dire? ao sol nosso sistema visual n?nos informa que cada ser vivo tem um plano que, por sua vez, parece ser um dos elementos de um projeto maior. N?s?nossos sentidos que nos informam sobre relac?de causa e efeito. Isso ?ntu? ou deduzido pela mente a partir de opera?s racionais. Vejo a planta crescer em dire? ao Sol e deduzo que h?ma rela? entre o crescimento da planta e a luz do sol. Ou seja, entre as duas situa?s, o deslocamento do Sol no c?e o crescimento da planta, h?ma diferen?fundamental: a primeira trata da apreens?imediata da realidade pelos sentidos, a outra da apreens?da realidade mediada pelo racioc?o. Compar?as para deduzir a partir disso que ??l imaginar como nosso c?bro criou o conceito de um ser superior ?ma especula? que nada tem de cient?co, ao contr?o do que pretende o bi?o Reinach. N?foi o c?bro que criou o conceito de sum ser superior. O c?bro n?cria conceitos. ?a mente que cria. Quanto ao conceito de um ser superior, sim, a mente humana pode t?o intu? pois ?sso que nos fazem supor os estudos antropol?os e arqueol?os. Mas n?existe nenhuma obje? incontest?l de que esse conceito tenha sido apreendido de outra maneira: pela gra?da revela? divina. http://observatoriodepiratininga.blogspot.com