• Percival Puggina
  • 16/10/2023
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O amor venceu o ódio?

 

Percival Puggina

      

         Confesso a vocês que nunca ouvi, nem li, nem assisti sob a égide da nova constituição, ações sistêmicas como as destes dias, dos quais se diz estarmos vivendo a vitória eleitoral do amor.

Há uma uniformidade, um equilíbrio de cadências entre os textos e opiniões do jornalismo militante e os de seus companheiros nas redes sociais. Os primeiros escrevem menos pior do que os segundos, não usam palavras de calão e essa é a única diferença. Em todos, porém, se percebe o mesmo ódio à divergência, à oposição política, à conservadores, a liberais, a religiosos, a patriotas, a pró vidas, a direitistas (categoria inexistente porque são sempre descritos como integrantes da extrema-direita). Assim também na voz e nos atos do governo.

As engrenagens da máquina estatal, rangem, ferro contra ferro, promovendo vinganças e punindo de modo exacerbado. Autoridades investidas de poder de Estado sequer percebem mais o ódio que exalam no falar. E como falam! E quanto falam! Os fundamentos da esperança de um povo que viu o exercício de sua liberdade ser objeto de ameaça e duríssimas punições são objeto de orgânica destruição. A Lava Jato – combatida, revertida, invectivada, desmontada, destruída – faz lembrar essas ruínas de bombardeio que nos são servidas na tela da TV. Nenhum mérito pode ser resgatado dos escombros enquanto os ladrões são apresentados como heróis e os heróis como ladrões.

Mas o amor, dizem, venceu o ódio.

Neste momento, recebem duas lições da História. Numa, veem com os próprios olhos o que é terrorismo, palavra que não pode ser vulgarizada como foi após a “vitória do amor”, em discursos políticos rasteiros e oportunismos retóricos. Noutra, os mesmos – não são todos (mas são tantos!) – apoiam as ações e/ou motivações do Hamas, enquanto aqui tentam impor o desarmamento da população civil, esquecendo os eloquentes conselhos em sentido oposto que nos vem do Oriente.

Eu posso abrir mão do direito de me defender; mas não posso abrir mão do dever de defender minha família. E esse não é um amor de cabaré que a ninguém convence, mas é amor de verdade!

Para encerrar estas considerações sobre a vitória do amor, trago palavras proferidas pelo ministro Gilmar Mendes, em Paris, num fórum promovido pelo Grupo Esfera Brasil dias 13 e 14 deste mês.

Disse ele, referindo-se aos episódios de 8 de janeiro:

Poderíamos estar “contando uma história de derrocada, mas estamos contando história de vitória do Judiciário e do TSE (aqui).

Disse mais:

“Muitos dos personagens que hoje estão aqui, de todos os quadrantes políticos, só estão porque o Supremo enfrentou a Lava Jato. Eles não estariam aqui. Inclusive o presidente da República, por isso é preciso compreender o papel que o Tribunal desempenhou” (aqui).

Disse ainda:

"Se a política voltou a ter autonomia, gostaria que se fizesse justiça, isso foi graças ao Supremo Tribunal Federal. Se hoje tivemos a eleição do presidente Lula, isso foi graças ao Supremo Tribunal Federal. Vamos travar a luta contra o poder absoluto, mas também a luta contra o esquecimento. Se a política deixou de ser judicializada e criminalizada, isso se deve ao Supremo Tribunal Federal" (aqui).

A parte dessa fala com a qual eu concordo, sempre reconheci, mas não poderia ser dita. Agora, até o ministro decano do STF proclama com o orgulho e a temperança que lhe são habituais.

O amor é lindo!

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


Manoel Luiz Candemil -   18/10/2023 17:36:39

Pura ilusão do ministro Gilmar! O aparente grande feito do Órgão Julgador somente aconteceu porque o parlamento, em especial o Senado, permitiu por interesse próprio! Está na Constituição Federal!

paulo assis valduga -   18/10/2023 09:43:40

admitir a canalhice, como admitiu o mendes, é glorificar, enaltecer a falta de caráter por parte desta horda preparada para destruir Pindorama .....

judson -   18/10/2023 06:35:48

I CORÍNTIOS 13 AMOR 1Co 13.1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. 1Co 13.2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. 1Co 13.3 E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. 1Co 13.4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, 1Co 13.5 não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; 1Co 13.6 não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; 1Co 13.7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1Co 13.8 O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; 1Co 13.9 porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; 1Co 13.10 mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. 1Co 13.11 Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. 1Co 13.12 Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido. 1Co 13.13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.

Ademar Pazzini -   17/10/2023 20:00:18

Parabéns pelo primoroso texto, preciso e conciso, uma verdadeira aula de informação, com semântica irretocável. Obrigado por nos proporcionar momentos de lucidez intelectual. A propósito, a velha e carcomida imprensa militante faz cara de paisagem para os incêndios na Amazônia, assim como o recorde de desmatamento no Pará e Amazônia.

maria elisa araujo zanella -   17/10/2023 19:26:10

Falta de vergonha. Cafajestes. Desisto de ter esperança, Puggina?

João Jesuino Demilio -   17/10/2023 18:53:14

Resumindo o Brasil de hoje: os CANALHAS perderam o medo..Os homens DIGNOS e HONESTOS perderam as esperanças.

ROSE MOREIRA -   17/10/2023 16:36:28

Corrupção, muita corrupção.

rogerio -   17/10/2023 15:09:39

acho que muita coisa que esta aflorando se compreende na carta de getulio vargas sobre forças ocultas ,agora naõ mais ocultas

MARCO ANTONIO GEIB -   17/10/2023 12:56:21

Mestre, não somos beligerantes, a paz, mesmo pouca é melhor que qualquer conflito armado. Mas lamentavelmente, triste, de um custo inimaginável de bens e vidas de inocentes e seres humanos, de consequências horríveis, mas de resultados definitivos, a ferro e fogo, Israel mostra ao HAMAS e ao mundo como o "amor vencerá o ódio" !!! Nós brasileiros podíamos vencer o ódio sem disparar um "traque sequer", mas por nossos desleixos e resiliências políticas...vamos ouvir por muito tempo esta cantilena do "Amor venceu o Ódio"....!!! Salvo Melhor Juízo, tomara que seja só isto....!!!

Afonso Pires Faria -   17/10/2023 10:59:49

Perderam toda a vergonha e os cuidados em dizer o que de fato eles são. Ocaram tanto a cabeça do povo que agora, tudo o que eles querem, cabe lá dentro.

Danubio Edon Franco -   17/10/2023 10:27:11

Até isso eles conseguiram fazer ou tentam fazê-lo - transformar ódio em amor. Volto a dizer, perderam o respeito pelo povo. Mentem e mudam descaradamente a realidade dos fatos e o significado das palavras. Veja, querem sacrificar Sérgio Moro, mas o STF, depois da admissão de sua atuação política, como braço do "Sistema", continua a fazê-lo. Agora, há poucos minutos, noticiou uma de nossas rádios, que o julgamento da correção do Fundo de Garantia, que estava aprazado para amanhã (quarta-feira), foi transferido para o início de novembro, depois que o Presidente do STF reuniu-se com a cúpula do Ministério da Fazenda. Alguém tem dúvida do que acontecerá no próximo julgamento? Não há mais biombo, escancarada a conspiração - hoje fato confessado -, o chute é...nas canelas mesmo (lembre o Analista de Bagé). Um pequeno adendo: a política internacional virou piada com o Putin se propondo a mediar a paz entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Logo ele!

PERCIVAL PUGGINA -   17/10/2023 08:45:27

Não, meu caro João. Não foi um lapso involuntário, foi uma ironia voluntária. Valeu! Abraço!

João -   17/10/2023 07:47:15

Não teria havido um lapsus literae, ao atribuir "temperança" a Gilmar?

Manoel Luiz Candemil -   16/10/2023 18:14:48

Os tribunais só conseguiram fazer o que fizeram porque o parlamento consentiu! Não é necessário comentar a razão pela qual houve consentimento!

Menelau Santos -   16/10/2023 18:02:58

"A Lava Jato – combatida, revertida, invectivada, desmontada, destruída – faz lembrar essas ruínas de bombardeio que nos são servidas na tela da TV". Triste, mas perfeita a descrição. Tal qual os corações das famílias dos injustiçados de 8 de janeiro.