• Percival Puggina
  • 30/10/2023
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O pior efeito das fake news

 

Percival Puggina

         O confronto entre o terrorismo do Hamas e o poderoso sistema de defesa militar de Israel acabou me trazendo uma informação nova e terrível sobre o que está acontecendo com a comunicação social.

Meus leitores habituais sabem a importância que atribuo à preservação de nossas raízes culturais e à seiva que trazem ao tempo presente. Tenho consciência de que os princípios e valores que preservamos nos protegem de muitos males. Sei quanto bem nos produz o conhecimento herdado sobre o bem, o belo, o justo e o verdadeiro.

Há uma guerra cultural em curso e seu alvo é o Ocidente. É evidente que sua destruição ou submissão a qualquer outra Cultura ou à avidez de alguma forma de totalitarismo precisa derrubar seus pilares. Os filósofos do revolucionarismo os conhecem e atacam: a tradição religiosa judaico-cristã, o bom Direito que herdamos de Roma e a sã Filosofia legada pela Grécia.

Esse enfrentamento se dá no tempo presente e segue a cadência dos acontecimentos, conforme os conhecemos no noticioso noturno, nas manchetes matinais, nas “narrativas” que mudam a cor do céu e da grama. O escrutínio das manchetes é das tarefas que mais surpresas revelam a quem estiver apto a identificar suas maliciosas construções.

A mentira é arma de todas as guerras e não seria diferente na guerra cultural, supostamente mais humanitária, na qual parece não correr um único fio de sangue. Surge, então, o fenômeno moderno da fake news, tarefa assumida por desmiolados de parte a parte. “Se eles fazem, vamos fazer nós também”. Que estrago, senhores! Cada dia nos chega com sua carga de dejetos produzidos por camarões humanos que têm os intestinos no lugar do cérebro.

Sempre é bom lembrar que há atividade mais danosa que a dos propagadores de fake news. Refiro-me aos autores de fake analysis quando, não respeitando sua titulação, torturam os fatos e a ciência ante as câmeras das conveniências políticas.

Uma nuvem negra avulta, agora, no horizonte do Ocidente acossado pela guerra cultural. Ela surge como consequência do trabalho abestado dos propagadores de fake news. O fato nu e cru desaparece de toda conversa levando consigo nossa capacidade de conhecer o que não transcorreu sob nossos olhos! Basta que alguém invoque o estigma verbal gritando “Fake news!” para que o fato, suas causas e consequências percam sentido e se dissipem no ar.

Assim, num verdadeiro crime de laboratório intelectual, a verdade – não a mentira – está a morrer diante de nossos olhos enquanto as pessoas só acreditam no que serve para suas cabeças como os sapatos que usam servem para seus pés. Não há mais realidade nem compreensão da realidade.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


Cezar Augusto Damiani -   31/10/2023 18:36:46

Cultura e conhecimento nao se origina de: NOTICIAS DE JORNAIS, nem TELE JORNAIS!

Aloysio Accioly Alves da Silva -   31/10/2023 17:15:54

https://www.linkedin.com/pulse/os-riscos-da-p%C3%B3s-verdade-com-m%C3%BAltiplas-fontes-de-aloysio-accioly?utm_source=share&utm_medium=member_android&utm_campaign=share_via

Danubio Edon Franco -   31/10/2023 17:00:57

Estamos perdendo essa guerra de lavada, mas não podemos desistir nem apelar para o métodos baixos que utilizam e onde a mentira é uma constante. Inventam fatos e situações ou seja mentiras bem alinhavadas, com ar de credibilidade, cujo objetivo é destruir nossos valores judaicos -cristãos. Isso não é de hoje; isso vem de longe e começou com a desestruturação de núcleo familiar, a base de tudo. Chegamos ao ponto em que os pais, rigorosamente, perderam a autoridade sobre os filhos. E razão disso está na ideia central do comunismo de que os filhos não são dos pais, mas do Estado. Não chegaram ao ponto de tomá-los dos pais e criá-los sob a orientação do Estado, mas enfraqueceram, para não dizer liquidaram, o núcleo familiar em suas estruturas ética e moral. Não obstante isso, se acreditamos nos valores que defendemos, não podemos nos rebaixar e utilizar os mesmos instrumentos desonestos da esquerda para defender nossa verdade, mas como disse Olavo de Carvalho, temos de reagir com firmeza, pois "Moderação na defesa da verdade é serviço prestado à mentira".

marisa van de putte -   31/10/2023 12:39:26

Gostei muito do seu artigo. Tenho lido muito sobre o assunto, e parece-me que e um topico bem serio e que esta sendo estudado pelo mundo da psiquiatria. Acreditamos naquilo que queremos acreditar. Aqui e tratado como "confirmation bias," ou seja vies de confirmacao. Cremos que nossas opinioes sao resultado de pesquisa e observacao. O perigo maior esta nas escolas, maquiavelicos espertos infiltram-se , e conseguem fazer um bom trabalho entre os "sabem tudo."

Eloy Severo -   31/10/2023 09:57:04

A mais pura verdade.

Afonso Pires Faria -   31/10/2023 09:35:41

Perfeito professor. Ótima análise sobre o fato de nós, do bem, estamos eventualmente, caindo no mesmo estratagema deles. Temos que ter cuidado para não agirmos como eles.

felipe luiz ribeiro daiello -   31/10/2023 08:44:09

Precisamos reagir.

Gerson Carvalho Novaes -   31/10/2023 08:10:32

Gostei da expressão ‘os intestinos no lugar do cérebro’. Define tudo…