• Percival Puggina
  • 17/07/2021
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O QUE CUBANOS E BRASILEIROS TEMOS EM COMUM

 

Percival Puggina

 

Nestes últimos dias, olhamos para a ilha de Cuba com sentimento de solidariedade em relação aos padecimentos a que estão submetidas sucessivas gerações de cubanos, desarmados e impotentes, perante a brutalidade do Estado totalitário, de partido único. Alegramos-nos com as manifestações de rua pedindo liberdade e democracia. Vimos a reação do Estado e ouvimos a proclamação de  Diaz Canel convocando os comunistas “a salir à la calle” porque as ruas são dos comunistas, são da “revolución”.

Como previ, foram momentos excepcionais na longa história destes últimos 62 anos naquele país. Mas não havia como levar a algo dada a disparidade de recursos existente entre a máquina dissuasora do regime e o povo, pobre e desnutrido, que começa a se conscientizar sobre as reais causas de suas descomunais carências.

O que custei a perceber foram as semelhanças entre a situação dos cubanos e a nossa, neste momento peculiar de nossa própria história.

Como eles, temos uma imprensa que vê com um olho só e pensa com um lado só do cérebro, a serviço de uma única causa. Lá, para manter o governo; aqui para derrubar o governo.

Como eles, saímos às ruas. Nossas manifestações, porém, têm levado a nenhum resultado desde 2018. Pregamos no deserto, clamamos aos ventos, protestamos contra poderes que não nos escutam. Como os cubanos, estamos reduzidos à impotência.

Como eles, estamos sob uma ditadura. Enquanto a deles é real, aqui a democracia é uma farsa que nos impõe a ditadura conjunta do STF e do Congresso Nacional. Os dois poderes desprezam a opinião pública e tudo fazem para se preservar sem precisar do povo, sem ouvi-lo, submetendo-o ao tacão de seu querer e de suas próprias conveniências.

Claro, nosso presente é bem melhor do que o deles e nossas perspectivas também. Mas seria imprudente desconhecer que há, aqui, um caminho que leva àquela outra realidade.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Aureo Ramos de Souza -   19/07/2021 20:30:19

Infelizmente não sabemos eleger um representante, vamos por uma maioria e através de pesquisas pagas. As passeatas são pagas e não é de hoje que os mesmos representantes continuam e vai e volta sem que alguém entenda. Trabalhei anos na Câmara Municipal do Recife como Diretor do Dpto. de Emissão de empenho e vi cada absurdo. É como diz um amigo : Deixa para lá.

Antonio Carlos Breder -   19/07/2021 19:49:17

Um texto maravilhoso.Me fez lembrar o frase do agente cubano a serviço do FORO DE SÃO PAULO José Dirceu.Disse ele:"Nós vamos tomar o poder o que é diferente de ganhar uma eleição".Ato contínuo tornam o Lula elegível e preparam o terreno para fraudar o próximo pleito com a conivência do STF e apoio incondicional de 90% da mídia falada e escrita.Josefh Stalin é sua célebre frase nos mostra o caminho por onde eles querem seguir."Não me interessa em quem votam.O importante e crucial é quem conta os votos".Ou muda o processo de apuração ou teremos cubanos,venezuelanos,bolivianos,equatorianos e outros mais participando ativamente das eleições em 2022.A eleição de Bolsonaro em 2018 foi uma surpresa para o STABLIMENSH ESQUERDOPATA e na próxima é questão de sobrevivência para a os partidos de esquerda em toda AMÉRICA LATINA.Mais 4 anos de governo Bolsonaro e com o país nos trilhos abre-se espaço para visualizarmos mais 8 anos de um governo Tarcísio Gomes de Freitas.Não por acaso a esquerda está em polvorosa.Acaba o sonho da URSAL[UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS DA AMÉRICA LATINA] e do Brasil com o pomposo nome de Pátria Grande.Saudações de DIREITISTA "JURAMENTADO" como dizia o genial ODORICO PARAGUAÇU.

PERCIVAL PUGGINA -   19/07/2021 13:16:09

Bom dia, Damin. Tenho observado tua persistência em expor, de modo reiterado, tua divergência em relação ao que escrevo. Já te respondi diretamente, já escrevi artigos em que contesto opiniões e posições como as tuas, oriundas de pessoas que afirmam terem votado em Bolsonaro e não serem petistas. Já expliquei, reiteradamente o mal que causam e o caminho para onde, sem querer, levam o Brasil. São pessoas que após a eleição apitam o jogo e se desinteressam pelo resultado ali adiante. Nunca apresentam uma linha sobre a conduta da oposição. Nunca têm uma palavra a respeito daqueles que votam contra o interesse nacional por desejo de retornar ao poder com o insucesso do presidente. Nada dizem nem escrevem sobre a campanha sistemática, obcecada da dita grande imprensa (antes, criticam quem a critica), depositam uma fé religiosa na Rede Globo, que tanto mal faz ao país, sua cultura e seus valores. Posicionam-se como se o STF não fizesse o que faz. Nada disseram enquanto o Congresso, durante dois anos jogou no lixo (e continua jogando) os anseios sociais manifestados nas urnas de 2018. Mas se veem como cidadãos notáveis, que observam a realidade e tiram conclusões num nível superior... Bandeirinhas que só marcam impedimento do mesmo time! Casualmente, ontem, gravei um vídeo sobre esse assunto. Ele está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=vQ2FjcdGgdw O título é: EM POLÍTICA, A INGENUIDADE NÃO É SANTA. Não pretendo voltar a este assunto contigo.

Armando Micelli -   19/07/2021 11:00:48

"Como eles, temos uma imprensa que vê com um olho só e pensa com um lado só do cérebro, a serviço de uma única causa. Lá, para manter o governo; aqui para derrubar o governo." Que beleza de comparação. Muito bem colocado. Parabéns Puggina.

Décio Antônio Damin -   19/07/2021 10:37:16

Quando alguém recrimina o Presidente, por algo que tenha dito ou praticado, logo é acusado de estar querendo restabelecer o petismo que existia anteriormente! Não é verdade...! Discordar de Bolsonaro não é ser lulista! As barbaridades que são ditas à respeito da pandemia, as falas filmadas e gravadas e, logo após, desmentidas não podem ser ignoradas, a menos que se sofra de uma cegueira seletiva! Há muitas coisas, em diversos níveis, a serem explicadas e que, obviamente, têm uma explicação. A tentativa de se estabelecer no poder, criando fraudes imaginárias nas futuras eleições, não pode ser deixada de lado, como se fosse real e baseada em provas! Isto, para mim, é uma tentativa de cubanização que espero não surta o efeito procurado. Se for escolhido, como já foi anteriormente, pelo voto, muito bem! É democrático... Forçar a barra e ameaçar não é democrático! Não somos Cuba, e nem nela nos transformaremos...! Desculpe Professor, eu o admiro muito mas, no caso, não posso concordar. (Anti-petista, votei em Bolsonaro na última eleição, no segundo turno.)

MARIA SAADI -   19/07/2021 10:04:41

Sim, o perigo de cairmos no totalitarismo é real, mas, na minha opinião, não dá nem para comparar a situação de Cuba com a do Brasil. Além do mais, como participante ativa das manifestações populares que iniciaram-se no ano de 2013/2014, suponho que a parte mobilizada do povo brasileiro tenha conseguido importantes vitórias, bem concretas, como, por exemplo, a vitória da oposição ao governo socialista/comunista de FHC e LULA/Dilma, de Bolsonaro. Esta vitória foi só o começo da luta, pois para que as mudanças sejam mais profundas, será preciso mais tempo e mais esforço da parte consciente e preparada da população brasileira. Sou otimista, embora perceba o grande desafio que temos pela frente. Abraço a todos!

Luiz R. Vilela -   17/07/2021 18:44:30

Em Cuba o argumento para a adesão a revolução, foi EL PAREDON. Dizem que Fidel Castro patrocinou a morte de pelo menos cem mil cubanos, façanha digna dos grandes genocidas da humanidade, porém a esquerda brasileira acha o fato irrelevante, pois o ditador cubano foi um benfeitor do seu povo. Promoveu a igualdade de todos, na pobreza. Genocida é o Bolsonaro que nunca matou ninguém, mas quase morreu por conta de um louco psolista, inconformado com seu desempenho político. Assim são eles, o fanatismo ideológico os leva a idolatrar um assassino, e desejar assassinar um compatriota, só porque tem pensamento diferente dos deles. Mas os radicais e totalitários são os outros, eles são democratas. O povo cubano foi dissuadido de reclamar, por conta de fuzilamentos sumários, onde a defesa do acusado, era manga de colete. E tem gente por este mundo afora que acha isto normal e bom. São uns otários anencéfalos, que vivem como massa de manobra de espertalhões, que buscam o poder a todo custo. Que Cuba derrube o regime caduco e se reconstrua, recuperando-se dos 62 anos de atraso e maluquice.

Menelau Santos -   17/07/2021 18:22:18

Análise irretocável, Professor. Obrigado