• Percival Puggina
  • 17/06/2021
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PAULO FREIRE E A RUÍNA DA EDUCAÇÃO

 

Percival Puggina

 

Tenho mencionado repetidas vezes em artigos, vídeos e palestras que, enquanto conservadores e liberais estão sempre dispersos e atomizados nacional e internacionalmente, os marxistas, comunistas, fabianos et alii,  formam e dispõem de uma quase secular rede de mútuo socorro em suas múltiplas organizações. O efeito disso se faz sentir ante qualquer necessidade em vários níveis da comunicação, da política dos povos e da política internacional, da cultura e das igrejas. Paulo Freire foi mercadoria bem iluminada nas vitrinas desses poderosos organismos.

Sua fama foi erguida sobre dois fundamentos: o livro “A pedagogia do oprimido” (1968) e a anterior experiência de Angicos (pequeno município potiguar), onde, com grande repercussão internacional, alfabetizou 300 pessoas em 40 horas (1963). Se você chutar uma pedra perto de um curso de pedagogia no Brasil, salta debaixo dela uma tese sobre Paulo Freire. Recentemente li uma. O texto revela o pouco interesse do mestrando pela alfabetização e o encanto que lhe suscitou a missão politizadora da educação. O paraíso desceria à terra porque a consciência daria forma à utopia.

Isso acontece na história dos povos. A “natureza” provê às sociedades indivíduos propensos às hecatombes, sempre com motivações palavrosas, aparentemente nobres. Tal é o trabalho de Freire e seus seguidores, muitos dos quais agem movidos pelo mimetismo comum no nosso meio acadêmico, sem uma real compreensão daquilo que fazem.

A geração de Paulo Freire é muito próxima à minha. Ele tinha 23 anos mais do que eu. Li a Pedagogia do oprimido com 25 anos e minha primeira constatação foi a de que se tratava de um livro muito mal escrito. A segunda: era um dos mais políticos que já lera. Voltando a ele, quase meio século mais tarde, para escrever um capítulo do livro “Desconstruindo Paulo Freire”, organizado pelo historiador Thomas Giulliano, confirmei inteiramente os dois conceitos então emitidos.

Parcela significativa da minha geração, politizada e ideologizada até a raiz dos cabelos por outras influências que não suas, quando chegou às cátedras passou a fritar o cérebro dos alunos em banha marxista. Foram esses professores, cujos mestres não eram ainda freireanos e, por isso aprenderam um pouco mais, que deram eco a Paulo Freire. Multidões abandonaram os conteúdos e partiram para a militância. Construíram a ignorância dos alunos, mas conseguiram seus objetivos políticos. Mentiram sobre história, abandonaram os clássicos, optaram pelas piores vertentes do pensamento e produziram uma geração onde só evoluíram aqueles que, voluntariamente, chutaram o balde e trataram de avançar por conta própria.

Hoje, essa orientação pedagógica cobra das novas gerações um preço descomunal. Muitos carregam o ônus da ignorância preservada, do talento contido na fonte e da futura mediocridade. Os números brasileiros do Pisa, entre 80 países, colocam-nos em lugares que variam entre 58º e 74º. Dois terços sabem menos do que o básico em matemática.

Nenhum desenvolvimento social sustentável pode advir da  degradação qualitativa de nossos recursos humanos. Somente o esforço conjunto de alunos, pais e bons mestres ainda remanescentes permite, a alguns, escapar das malhas da mediocridade. Eo resultado da "educação politizadora" se representa perfeitamente nos políticos que temos.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Adalgisa Cecilia Polari -   21/06/2021 19:44:02

Nunca me interessei por Paulo Freire e sua bazófia. Quando minha primeira filha começou sua alfabetização oficial, porque a caseira já havia iniciado desde os dois anos de idade, ao se interessar pelo nome das letras e, intuindo a sílaba, começou a perguntar "se juntar esta com esta o que é que faz"", ao ver as "cartilhas" à là Paulo Freire que em vez de ensinar a reconhecer o alfabeto começava a ensinar "Ti-jo-lo, en-xa-da, mar-te-lo", etc., imediatamente entendi o recado: Isso é comunismo!, bradei, mas não fui entendida... Hoje é o que se vê.

Lenice Monteiro Arruda -   20/06/2021 03:03:08

Há 40 anos , comprei um exemplar do "Pedagogia do Oprimido" , curiosa com o estardalhaço que lia nos jornais da época . Comecei a lê-lo , e após as primeiras páginas , desisti , pois me sentia uma idiota , incapaz de acompanhar a "genialidade" de seu método ... Pensei que deveria ser tão profundo , que eu não encontrava ONDE estava tudo aquilo que comentavam ! Sabe , com um livro sobre "física avançada" , ou "Alta Filosofia" , escrita em grego arcaico , rss, sei lá ... tenho hoje 76 anos , e há uns 10 anos tentei reler o tal livro , presumindo que teria maturidade intelectual pra entender sua "profundidade" e importância : Na 3ª ou 4ª página desisti , concluindo que o livro e seu conteúdo pedagógico é eram IDIOTAS , FÚTEIS E RASOS , E FIZ AS PAZES COM MEU COM MEU INTELECTO , EM RELAÇÃO `A FARSA ! KKK

Maria Sara de Mendonça Alves -   19/06/2021 06:37:30

MA RA VI LHO SO !!!!!!! EXCELENTE Texto..

FERNANDO A O PRIETO -   19/06/2021 05:36:54

Muito bom, como de costume. Além de perpetuar a ignorância, o ensino de hoje dá a muitos dos alunos a impressão (evidentemente, falsa) de que sabem mais que as gerações passadas, apenas pelo fato de saberem reconhecer os ícones do Windows e apertar botões, e de se preocuparem com o "social" (pelo jeito esta é um palavra mágica...). O primeiro requisito para aprendermos algo é reconhecer que não sabemos; falta a esses "professores" esta humildade intelectual...

Menelau Santos -   18/06/2021 13:32:51

Professor Puggina, o Sr. é um dos poucos que escancaram a verdade contra esse farsante. A esquerda, que tanto preza pelo "senso crítico", é a primeira a proibir qualquer questionamento sobre essa pedagogia, que na verdade, é apenas uma militância. É aquela famosa comparação: "a comida não é boa, mas o cozinheiro é excelente!"

Francisco Clayton Viana de Araujo -   18/06/2021 09:41:43

É isso, as escolas e universidades públicas estão cheias de militântes, passando a ignorância aos seus aprendizes.

Celeste Roiuk ROIUK -   18/06/2021 08:47:59

EXCELENTE...COMO SEMPRE , MUITO LÚCIDO EM SUAS COLOCAÇÕES.

Roberto Carlos da Cunha Machado -   18/06/2021 01:15:33

Exatamente !!!! Minha esposa começou a dar aulas depois de um bom tempo numa turma da 5" série e mais da metade não sabe ler !!!! Isso é o que deixaram para nós depois de 16 anos de pátria educadora

Valter de -   17/06/2021 22:28:10

Caro Puggina. No geral concordo com suas críticas. No particular penso que, na prática, não houve muita gente aplicando o método. Até por preguiça. Já quanto ao apoio ao pedagogo por parte de trabalhos engajados concordo plenamente. Transcrevo aqui o começo de um deles. É trabalho de Universidade estadual de Londrina: PEDAGOGIA CRÍTICA NO BRASIL: A PERSPECTIVA DE PAULO FREIRE RESUMO: A pesquisa tem como objetivo central apresentar a perspectiva crítica de educação no Brasil, representada pelo educador e filósofo Paulo Freire. Acreditamos que a pedagogia crítica, voltada à superação de ilusões confortadoras e das relações de poder e desigualdade econômica, poderá auxiliar educadores e educandos a tornarem-se sujeitos questionadores e reflexivos frente à sociedade dominadora em que estamos inseridos. No pensamento freiriano, a educação crítica busca a libertação dos indivíduos e os auxilia na luta pelos seus direitos enquanto cidadãos, para que haja uma sociedade mais justa e democrática. Paulo Freire e Henry Giroux são os principais referenciais utilizados para a constituição deste estudo. Palavras-chave: educação crítica; criticidade freiriana ;educação emancipadora. 1 INTRODUÇÃO A expressão educação crítica – ou pedagogia crítica, provém em grande parte do saber acadêmico de Henry Giroux, Ira Shor, Michel Apple, Paulo Freire, Antonio Gramsci, John Dewey, Michel Foucault, Pierre Bourdieu, entre outros. Estes teóricos envolveram-se em estudos relacionados às questões de poder, dominação, opressão, justiça, igualdade, identidade, conhecimento e cultura". Fica tudo muito claro, não é mesmo. Forte abraço.

Hilton Chesini -   17/06/2021 22:17:37

Perfeita abordagem, sr. Percival Puggina. Vou salvar seu ótimo artigo. Obrigado por nos contemplar com a clareza e racionalidade das suas visões.

Cid Silveira -   17/06/2021 20:43:53

Ponto de vista muito bem articulado. Método Paulo Freira pode funcionar como verdadeiramente é: uma ferramenta ou método para “ensinar”, ou encucar mentes; programar! E os esquerdistas extremos identificaram a eficiência do método e utilizaram para robotizar (não educar ou ensinar a pensar) gerações. Mas o ser humano tem uma capacidade fabulosa de adaptar-se, auto-perceber e mudar. Basta uma luz guia, e o brasileiro irá se recuperar em tempo record - aguardem depois que Bolsonaro for reeleito e a liberdade seguir se espalhando!

Marcia -   17/06/2021 20:20:10

PARABÉNS PELO TEXTO, SOU PROFESSORA CICLO I, APOSENTADA, TRABALHEI COMO ALFABETIZADORA E SEMPRE QUESTIONEI INÚMERAS E CANSATIVAS REUNIÕES A QUAL JÁ PERCEBIA AONDE QUERIAM CHEGAR …. PAULO FREIRE, MARILENA CHAUI… QUE BOM QUE HOJE POSSO COMPARTILHAR AS VERDADES AS QUAIS EU TINHA RAZÃO NA MINHA ÉPOCA …

Paulo Romão -   17/06/2021 15:59:49

Excelente, como sempre!

Waldo Adalberto da Silveira Jr. -   17/06/2021 15:19:49

Excelente ! Puggina escreve como poucos !

Eduardo -   17/06/2021 15:00:58

Prezado Mestre; pura e cruel verdade e realidade. Conheço dezenas de pedagogos e professores dessa vertente (???) e que optaram pelo menor esforço pessoal e profissional, preferindo "decorar", repetir e aplicar tudo do Freire como se mantra fosse. E o pior ou mais interessante: o que pregam e ensinam não permitem que seja usado contra eles próprios. Podemos perdoá-los como pessoas mas nunca como profissionais, pois se não sabem o que fazem; conhecem o prejuízo que causam.

ALBERTO CARDOSO -   17/06/2021 13:58:34

MUITO VERAZ E OBJETIVO, CARO PERCIVAL! NO REFERENTE A SEUS PRÓPRIOS PAÍSES-MATRIZES, NO ENTANTO, OS COMUNISTAS SE ESMERAM NA QUALIDADE E MASSIFICAÇÃO DA EDUCAÇÃO; LOGICAMENTE DOUTRINADORA. ENTÃO, DE REPENTE, SURGEM COMO POTÊNCIAS, COMO, AGORA, A CHINA.

Carlos Martins da Cunha -   17/06/2021 13:48:24

E lamentável, para não dizer que é uma catástrofe na formação educacional, (ensinar a pensar).