• Percival Puggina
  • 15/06/2023
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Só há uma explicação para certos acontecimentos.

 

Percival Puggina

         Certos acontecimentos nacionais só tem uma explicação racional. Felizmente, para bem de minha saúde pessoal e familiar, eu não tenho prova alguma do que penso saber que sei, exceto a inexistência de outra explicação. Assim, não posso verbalizar. Calo-me e sobrevivo.

Estamos em meio a um fervor punitivo massificado. O Brasil que sonhava com bandido na cadeia se depara com a sanha de prender e arrebentar adversários políticos. Não é a mesma coisa. É o que a casa oferece enquanto devolve cocaína e meios de transporte para traficantes. Muitos transformaram a persecução de índole política em meio pessoal de recreação. Quem conhece a história do Volksgerichtshof (Tribunal do Povo, na Alemanha do III Reich) sabe que seu presidente Roland Freisner encontrava certo sentido lúdico no que fazia.   

Nessas circunstâncias, morar no campo, sem internet e longe de quaisquer meios de comunicação pode se tornar opção para a vida saudável, obtida com o distanciamento das próprias razões para não perder a razão.

Estas advertências me ocorrem ao saber, por exemplo, que a deputada Dani Cunha conseguiu emplacar um projeto em que criminaliza a negativa de abertura ou manutenção de conta e concessão de crédito a pessoas politicamente expostas como ela mesma... A congressista é autora do projeto que criminaliza a mera crítica a tais personagens. Lembrei-me da resposta de meu pai, deputado estadual nos anos 60 e 70 aqui no Rio Grande do Sul, quando lhe perguntei como votaria projeto de aumento dos subsídios parlamentares: “Não votarei matéria em benefício próprio, meu filho”.  Lembrei-me de Castelo Branco mandando o irmão devolver o carro com que colegas o haviam presenteado. Lembrei-me de Peracchi Barcellos doando à Santa Casa um apartamento com que amigos o presentearam ao deixar o governo gaúcho. Lembrei-me de que já fomos assim.

Não irei, mas até que morar no campo não é má ideia, numa fria e chuvosa tarde de inverno, neste ano de trevas e temores de 2023.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Reynaldo Farah -   21/06/2023 13:33:13

Em menos de seis meses saímos de aspirantes ao primeiro mundo a uma república bananeira corrupta comunista.

Décio Antônio Damin -   17/06/2023 13:37:56

Não é um saudosismo desprovido de motivação...!As mudanças geracionais sempre ocorrem e dizer que"no meu tempo era melhor" faz parte., porém agora está fugindo-pelo menos por aqui- do ritmo normal e esperado de transformações...E o pior é que não dá para escapar, fugir e fechar os olhos... Somos apenas "mariscos inteligentes", mas a onda vai nos pegar...!!!

Ademar Pazzini -   16/06/2023 20:02:12

Caro Prof. Puggina, sim, vivemos tempos de trevas e enganações generalizadas para desinformar e confundir. A propósito, esse seu artigo ratifica um recente que aponta a real origem de todos os absurdos que vivemos. Entendo que tudo de mal que o País vive tem sua origem no Congresso Nacional e sim, as cortes superiores são meros reflexos daquela casa de tolerância que se transformou a outrora "casa do povo".

Lucila -   16/06/2023 12:04:43

Sabe, aos meus quase 73 anos, 42 deles morei em uma fazenda. Vendemos, por motivos alheios a nossa vontade. Mas, penso, diante de tanta barbaridade, em voltar a ter um pedaço de chão, longe desse nosso insensato mundo. Um abraço.

Gerson Novaes -   16/06/2023 10:27:04

Soltar bandidos é uma das estratégias comunistas. Proteger corruptos também. Pessoas tomadas por espírito comunista são obcecadas por poder e dinheiro. Resultado: elite governante rica e poderosa; povo pobre e obediente. Como as nossas instituições são muito fortes, conclui-se que uma hora essa bomba vai explodir. Fácil entender o quadro.

ARNALDO DUARTE DA CUNHA -   16/06/2023 10:11:38

Prezado Puggina, Bom dia!!! Sabes que não sou de desistir. Porém contra um mar enfurecido, o melhor é ficar em erra firme. O Mar Revolto é o nome do momento que estamos vivendo. Veja, a iniquidade governa o país. Não somos mais ouvido para sequer dizer: olhe o buraco na frente.... Todos nós cairemos juntos neste buraco. Buraco da miséria absoluta, da contravenção, da marginalidade, do obscurantismo, da degradação humana, etc. Esta Lei da filha do Cunha, e não é meu parente, é só um toque a mais de crueldade que os representantes eleitos pelo voto estão praticando em Brasília. E nosso povo tudo aceita, e tudo acata. Percival Puggina, acho que vou pescar... (risos sem graça) Fraternalmente, Arnaldo Duarte.

Roberto Corvello -   16/06/2023 09:58:30

😢

Jose Luiz Monteiro -   16/06/2023 09:39:29

Que quinada deu o Brasil, quando tudo parecia punir políticos corruptos, a coisa virou. A minha esperança é que o próprio mal auto se destruirá. Vivemos num Estado aloprado. A razão perdeu sentido e ocupantes do poder são verdadeiro psicopatas.

Beatriz Cherubini Alves -   16/06/2023 09:33:01

Bom dia! Fico pensando que esta solução é a melhor e mais inteligente de todas. Morar afastado de tudo sem internete e sem comunicação. Estamos vivendo um 2023 muito triste.Minha preocupação é com meus filhos e netos neste momento.Aonde vamos parar.! Concordo 100% com tua publicação. Abrção

Sonia von Homrich -   16/06/2023 09:05:54

Com fogão de lenha, lareira, paredes recobertas de madeira tipo meio tronco, sauna, laguinho com peixes, piscina...

Paulo Eduardo Paim Fernandes -   16/06/2023 08:55:37

Bom dia. Teu artigo sintetiza bem a sanha punitivo-cleptocrática desta malfadada república. Não sei para onde iremos e onde vai acabar esta psicopatia política , certamente não dará boa coisa. Aguardemos e , enquanto isto, vamos estocar comida. Grande abraço

Ricardo Sierban -   16/06/2023 08:09:50

Olá sr. Puggina , O difícil é compartilhar um texto excelente como este e no caminho, encontrar pessoas (muitas vezes da família) que o máximo que compreendem é um vídeo do Tic Toc. O Brasil não precisa melhorar, é preciso criar outro Brasil. Obrigado pelo conteúdo.