• Percival Puggina
  • 05/11/2023
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“Filme queimado” e vídeo proibido

 

Percival Puggina

         A história de vida do candidato Lula foi apagada. Seus ditos e feitos não eram mais mencionáveis. Perguntas inconvenientes foram proibidas. De um lado, instalou-se a censura; de outro, privacidades foram devassadas. As instituições introduzidas ao panteão das sacralidades. Comunicadores souberam-se silenciados. Vidas entraram em stand-by na perenidade dos processos do fim do mundo.

Tem mais. As imagens do general G. Dias convivendo com os invasores e depredadores do dia 8 de janeiro só vieram a público porque “vazaram”. As imagens do Ministério da Justiça foram apagadas. O governo vandalizou a CMPI.

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Agora, é o vídeo do aeroporto de Roma que está com divulgação proibida. As poucas imagens levadas ao conhecimento da sociedade são estáticos “frames” de uma “cena de crime” cuja compreensão exige os movimentos colhidos pelas câmeras. Convenhamos, em quadrinhos cortados de um filme, carinho afetuoso na bochecha e “bolacha” no rosto ficam muito parecidos.

O relatório da Polícia Federal sobre a ocorrência não é conclusivo. Diz que Roberto Mantovani parece ter batido as costas da mão direita no rosto de Alexandre Barci. A Associação dos Peritos Criminais Federais põe em dúvida o documento encaminhado à Procuradoria Geral de Justiça, feito por um policial federal sem competência para procedimentos periciais. Hein?

 O relatório da polícia italiana é ainda menos incisivo quanto ao cometimento de algum crime: diz que a mão do empresário encostou levemente nos óculos do rapaz.

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É exigir demais da sociedade pretender que não aponte um problema de imagem em meio a tantos problemas com imagens. Ele é consequência das excepcionalidades que se acumulam ao arrepio da publicidade desejável em questões de elevado interesse público.

Embora o que realmente importa não seja como a gente se vê, nem como os outros veem a gente, mas como a gente realmente é, as imagens das autoridades se refletem na imagem do Estado. Transcendem, portanto, às pessoas dos detentores de poder.

Outro dia escrevi que nenhuma agência de publicidade convidaria o ministro Alexandre de Moraes para participar de uma campanha contra o discurso de ódio. Embora ele tanto fale sobre o assunto, o modo como fala contrasta com a mensagem. É uma questão de imagem. O ministro pode ser sereno como água de poço, mas a imagem pública não é essa.

Por outro lado, se a agressão ocorreu na forma da denúncia, que fique clara minha convicção: isso não se faz. Não foi o que aprendi e não é o que ensino. Quem quer mudança tem tarefas mais úteis: faça política para valer, organize núcleos conservadores e/ou liberais, ocupe espaços na vida social, interaja com os congressistas, com os partidos de sua cidade, com as lideranças locais e estaduais. Vá aos órgãos de comunicação de sua comunidade. Escreva, fale, participe de modo qualificado e útil. Não consinta nem silencie. Não seja omisso como um Pacheco da vida. Use as redes sociais, seja um bom cidadão, identifique e estude os males de nosso modelo institucional. Principalmente, saia do sofá! O Brasil seria outro se houvesse maior e mais útil participação de seus cidadãos; já seria outro há mais tempo, também, se nas grandes manifestações dos anos anteriores, para cada eleitor que a elas compareceu outros 96 não tivessem ficado em casa.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


Gilmar Quintino de Oliveira -   08/11/2023 17:33:57

Algumas vezes lendo e relendo textos, tenho dó......, dá pena, ver combatentes tão relevantes, tão sabedores das receitas que funcionam, dos males que afligem serem vencidos pela ignorância, pelos descasos ou até mesmo daqueles mais afortunados que apregoam: "deixe tudo como está, para ver como é que fica!" - pior dos males, fica muito ruim! fica exasperador, ficam pesadelos diários que vão se transformando em realidades visíveis, risíveis se trágico não fosse. Minha geração pelo menos viu a transformação do AGRO, erámos Jecas, assim protagonizava o inesquecível Mazzaropi, mas tínhamos um certo charme, do caboclo loquaz, aquele esperto que esgrimia com erros, causos e acontecimentos que provocavam profundas simpatias. Esse AGRO de agora super profissional, rentável, dinâmico nos enche de orgulhos e satisfações, melhor ainda, transforma o interior em potências, mostra o lado bom para servir de exemplos. Sim ! - Afinal jogar sementes boas em alguns terrenos secos, duvidosos de fertilidades, em alguns casos, para muitos parece coisa de tolos. O melhor FATO que fica......, enquanto eles dormem, as plantas crescem em busca das suas melhores produções e safras.

Paulo Antônio Tïetê da Silva -   08/11/2023 12:48:06

Isto tudo, só conduz a conclusão de que, como sempre, os governos esquerdistas não têm nunhum escrúpulos e utilizam a Constituição e as leis, ao lado do vaso sanitário dos banheiros.

DANÚBIO EDON FRANCO -   06/11/2023 19:10:00

Esse é o melhor caminho. Não precisamos fazer guerra nem revolução, mas temos de agir com os meios ao nosso alcance. Precisamos tornar público nosso pensamento de apoio ou de repúdio, mas temos que demonstrá-lo; foi assim que eles começaram e assim os enfrentaremos. O silêncio e apatia não ajudarão.

Marco Dangui Pinheiro -   06/11/2023 09:39:52

Bom dia, Professor. Perfeita abordagem e parabéns pelo seu comprometimento. É exemplo para todos. Dangui

Gerson Carvalho Novaes -   06/11/2023 09:33:57

Bem, antes de tudo, exalto a Magnífica Instituição que é o Exército Brasileiro. A propalada existência de ‘generais 🍉’ é, simplesmente inconcebível… A cerne de sua doutrina é anticomunista ferrenha! Eu, Oficial R2 de Artilharia, sei disso. Foi isso que me ensinaram. General não sabe? Não aprendeu? Sei, pela história, de um capitão traidor, mas general??? Discordo do nobre professor quanto à violência - eu acho que moleques cafajestes caras-de-pau merecem uma surra, daquelas de arrancar o couro…

Afonso Pires Faria -   06/11/2023 09:31:01

Pura verdade professor. Kafka e Orwell estão se revirando no caixão. Seu conselho, acho ser um pouco arriscado de ser utilizado agora. Se falarmos a mais pura verdade, seremos punidos por isso. Quanto mais verdadeiro maior a pena.