• Adriano Alves-Marreiros
  • 16/12/2022
  • Compartilhe:

Democracia x fascismo segundo o “progressismo”

Adriano Alves-Marreiros

O bom cabrito não berra... (Ditado impopular)

         Hoje li um artigo do Paulo Briguet sobre o Muro da Vergonha, digo,  sobre o indefectível MURO DE PROTEÇÃO ANTIFASCISTA.  Falava de uma foto em que aparecia seu nome em alemão e em que comemoravam seu jubileu 3  anos antes de sua queda.  Hoje vivemos sob as mesmas definições de democracia e fascismo defendidas pelos mesmos criadores da República Democrática  Alemã, a chamada Alemanha Oriental: de  onde tantos tentavam fugir pulando o muro e eram... protegidos  por guardas que os matavam, se preciso, só para não caírem nos intensos sofrimentos causados pelo... fascismo do lado ocidental do muro.  E acreditam que os ingratos  que ainda estavam vivos correram justo para o lado ocidental quando o muro caiu?!

Mais tarde, um novo  Muro de Proteção  antifascista se  ergueu, por meio de editores e profissionais ideológicos de revistas, jornais e programas de rádio e TV.  Mantendo a Sociedade protegida de qualquer  idéia não “progressista”.  E mais uma vez ele veio abaixo com as redes sociais e, em nova ingratidão, demonstrando a necessidade de tutela constante, a Sociedade criticou muito o... salvador “progressismo”.

Não podia ficar assim, era necessário não só dar uma lição aos ingratos, mas que houvesse “Editores da Sociedade” para que esta fosse protegida dos perigos da Verdade e da Liberdade, evitando a desordem... a “desordem informacional”.  Um novo muro precisava ser levantado...

Deixe-me  mudar de assunto, ou não...

Depois que constatei que quase ninguém liga pro que escrevo, tinha decidido parar, mas resolvi escrever ao menos mais esta crônica em homenagem aos meus 17 leitores que, talvez sejam os mesmos do Agamenon, talvez não sejam tantos. Se você não é originalmente um deles, talvez agora eu tenha 18 como na dedicatória do tal livro, cujas palavras faço minhas[1].

E quanto menos leitores eu tiver, melhor... Ontem eu soube que quanto mais leitores eu  tiver, mais provável é que me prendam por um crime(?!) cujos autores são escolhidos, digo, definidos, depois  de cometerem o crime: sim, segundo critérios pós-definidos.  Depois que eu publicar é que algum julgador ou left-checker vai decidir se ele acha que tenho leitores o bastante, se o que eu disse deve ser considerado sério ou mero recurso retórico ou se é  feiquinius ou verdade  inconveniente.  Até mesmo o que eu quis dizer será decidido depois.  Aí vão decidir se o que foi dito atinge algum grupo protegível ou não.  Na prática, decidirão se eu também faço parte dos protegedores ou protegíveis: se eu fizer, independente dos critérios, eu terei meio que um salvo conduto enquanto mantiver fidelidade ideológica.  E deixarei de ser preso e cancelado por condutas que gerariam prisões e cancelamentos dos improtegíveis e dos protegíveis infiéis (que deixam de ser do grupo dos protegíveis).  Assim, sempre se poderá ponderar que cada caso é um caso e que, por  isso, é sempre justo o duplipensar.  Viu?  Um método perfeito, bem científico e que não tira sua Liberdade de Expressão: basta não falar o que for anteriormente ou posteriormente proibido.  Na dúvida: cale-se.  Afinal, você tem liberdade: MAS.  Nunca esqueça que sempre pode haver mais (com i) mas (sem i). 

Voltando  ao assunto (ou seria prosseguindo?), e em resumo: um muro!  Um novo muro que protegerá as pessoas das opiniões nocivas  e mais: protegê-las-á de emitirem  opiniões  que depois sejam consideradas retroativamente nocivas.  É perfeito!  E a um preço irrisório: custará apenas  as suas Liberdades...

É mais eficiente que o ferro e concreto dividindo Berlim, mais eficiente que fronteiras, mais eficiente que o Oceano que nos separa dos outros continentes e mais: em breve cercará o mundo todo, cercará cada um de nós, protegendo-nos, para sempre, de nós mesmos: afinal de contas, se não pudermos nos expressar, não poderemos cometer condutas que nos levem à prisão e seremos LIVRES!!!

Eu sou free

Sempre free

E sofri demais

(Banda Sempre Livre)

 

(...) a  chegada  dos  “fascistas”  abriria caminho  para  a  libertação  dos  presos  comuns  (o  que  incluía estupradores,  assaltantes  e  traficantes  e  até  mesmo  desertores), anistiados por Stalin.

Mas  quem  eram  os  fascistas,  afinal?  Eram  os  presos políticos  enquadrados  no  artigo  58  do  Código  Penal  de  1926.

Segundo  observou  Soljenítsin,  não  havia  debaixo  da  cúpula celeste  conduta,  desígnio,  ação  ou  inação  que  não  pudesse  ser punido  pela  mão  pesada  do  art.  58.  De  seus  catorze  parágrafos nenhum  era  interpretado  “de  maneira  tão  ampla  e  com  tão ardente   consciência   revolucionária   como   o   décimo

– A propaganda    ou    agitação    que    contenham    um    apelo ao derrubamento  ou  enfraquecimento  do  Poder  Soviético...

Diego Pessi

 

Adriano Alves-Marreiros

Que também correria pro Ocidente... 

P.S.1: Compre o livro de crônicas aqui: < https://editoraarmada.com.br/produto/2020-d-c-esquerdistas-culposos-e-outras-assombracoes-colecao-tribuna-diaria-vol-iii/ >

P.S.2:  Agora o livro 2020 D.C. Esquerdistas Culposos e outras assombrações tem uma trilha sonora com canções e músicas de filmes citados: < https://open.spotify.com/playlist/49FDRIqsJdf4oxjnM2cpc3?si=SSCu339_T5afOSWjMkk9wA&utm_source=whatsapp >