• Ednaldo Bezerra
  • 01/05/2022
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Futebol e o desabafo do deputado

Ednaldo Bezerra

 

No inicio dos anos 70, saímos de Bacaxeri e fomos morar no centro de Curitiba. Eu ainda era um garoto novo, mas sempre acompanhava meu pai aos jogos de futebol.  Morando no centro da cidade, as idas ao estádio tornaram-se mais frequente. Íamos caminhando. Naquele tempo, tínhamos liberdade e segurança para andar sem ser incomodado por bandidos. Atravessávamos o Passeio Público e logo chegávamos ao  Belfort Duarte, o campo do Coritiba. Eram espetáculos vibrantes, inesquecíveis, bandeiras e camisas verdes e brancas enchiam os nossos olhos.

Assisti com meu pai a muitos jogos, sentávamos geralmente na arquibancada da torcida do Coritiba. Lembro-me bem dos clássicos do Coritiba contra o Atlético e contra o Colorado, porque eram os mais barulhentos. Nessas partidas, Tião Abatiá, goleador do Coritiba, era bastante aplaudido, e os árbitros sempre xingados, bastava uma falta não marcada, para os coitados serem massacrados: filho da puta! Ladrão! Vai morrer! Vá tomar... O coro da torcida coxa-branca era implacável e ensurdecedor. É claro que esses xingamentos e ameaças eram reflexos do “roubo” do juiz, principalmente quando o lance não deixava nenhuma dúvida para nós, torcedores. No entanto, tudo isso ficava ali, no estádio; tratava-se apenas do desabafo da torcida no calor do momento. Era uma maneira de descarregar a raiva, um aspecto muito natural do comportamento humano, sobretudo quando se está em grupo. Aliás, tal desabafo alivia, de certa maneira, também as tensões do dia a dia. Porque saímos leves do estádio, principalmente quando o nosso time vence. Quem vai aos estádios sabe da sensação a que me refiro.

Pois bem, creio que, talvez, o que  ocorreu com o deputado Daniel Silveira tenha sido algo semelhante; ou seja, a atitude de fazer um vídeo descarregando a sua raiva e a sua indignação foi um reflexo do comportamento autoritário e parcial dos ministros do Supremo Tribunal Federal. E, de fato, a gente percebe que são dois pesos e duas medidas; para um lado é permitido quase tudo; para o outro, qualquer coisa que contrarie o ponto de vista da esquerda é considerado “fake news” e é censurado. Por que intimidar, com ameaça de processos, o brasileiro que apoia o presidente? Que democracia é essa? O deputado, tendo um temperamento nitidamente impetuoso, pavio-curto, por assim dizer, se emputeceu, aloprou, chegou ao seu limite de tolerância e esbravejou, movido pela raiva da ocasião, bravatas e nada mais. Para mim, isso está claríssimo, o vídeo objeto do suposto crime chega a ser cômico, e considerá-lo uma ameaça à democracia é coisa absurda.

Cabe acrescentar que qualquer um, em dado momento, perde a paciência! Todo mundo sabe disso. Mas vejo que as pessoas estão hipócritas e muito ruins, só pensam em suas ideologias mesquinhas; não têm empatia, não se colocam no lugar do próximo; esquecem-se de que o deputado tem família, mulher e uma filha pra criar. Então, como bater palmas para uma condenação de quase nove anos devido a uma baboseira dessas? Meu Deus do Céu! As pessoas perderam a noção das coisas e do senso de proporção.

Felizmente Bolsonaro teve a sensatez de não deixar essa aberração prosperar, fez justiça, e livrou um inocente de uma condenação completamente indevida; mostrando seu apreço pela democracia e seguindo à risca a Constituição Federal, apesar de ser atacado diariamente e de ser constantemente atrapalhado de governar como gostaria, implantando projetos importantes para o Brasil.

*       Ednaldo Bezerra é um brasileiro indignado.