• Ricardo Gustavo Garcia de Mello
  • 18/03/2016
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INTELECTUAIS NUM ATO DE SERVIDÃO VOLUNTÁRIA

 

O evento em forma de ato-show organizado pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto da Faculdade de Direito da PUC- SP em parceria com o Fórum 21 reuniu no dia 16 de março de 2016 ativistas, militantes, movimentos sociais, artistas e Intelectuais não num “Ato pela Legalidade Democrática”, mas num ato intelectual de servidão voluntária em pró da beatificação do Lula como um Ser acima do Lei e para além do bem e do mal.

Isto demonstra que os intelectuais não são apenas apóstolos de um profeta mundano que tem por função difundir suas ideias políticas e institucionalizar de modo à consagrar estas ideias em instituições de “ensino” como se fossem um quadro de funcionários do chefe político. Eles, os intelectuais, são ao mesmo tempo os funcionários e os empreendedores do aparelhamento ideológico da cultura e da sociedade civil. E este evento é prova disto, porque mesmo diante da perda da força política do líder Lula ele, os intelectuais, prestaram-lhe solidariedade, num ato de idolatria.

Tal culto ao Lulopetismo poder ser visto pelo Link : https://www.youtube.com/watch?v=r4iqkM_bJkU
O termo idolatria não se refere apenas ao culto do paganismo, mas ao culto dos falsos ídolos em gerais, ao ato do homem prestar honras e venerações a criaturas mundanas endeusando-as. Por exemplo, o ato de endeusar o poder, a raça, o prazer, os antepassados, a classe, o Estado, o dinheiro e, no caso, endeusar Lula. Talvez leve algum tempo para que os idolatras de Lula resolvam deixar de fazer oferenda ao falso ídolo.

Tal ato-show deve a presença de Guilherme Boulos (líder do MTST), Gregório Duvivier (comediante), Maria Rita Kehl (psicanalista e ensaísta) e da Marilena Chauí (filósofa) e etc. E o que mais se evidência neste ato de servidão voluntária é a postura desses intelectuais, que são considerados pela academia como referências obrigatórias do notável saber, expressarem de modo factual o que é a alienação ideológica lulopetista.

Um dos principais traços da ideologia lulopetista é o messianismo político, a escatologia política e o fideísmo. O messianismo político é a crença na entronização de um líder, movimento político, ou sistema ideológico, como messias predestinado a efetuar a redenção mundana do gênero humano. Já a escatologia é um conjunto de ideias que revela como deve ser o fim da história, uma doutrina que toma o fim das misérias sociais a partir da Luta entre lulopetistas e esquerdistas contra os coxinhas, tendo por fim a vitória do esquerdismo e do Lulopetismo. Está escatologia política prega que uma era de destruição virá seguida por outra era de paz, sob a liderança deste salvador celestial, o Lula.

E o elemento principal da alienação ideológica Lulopetista é o fideísmo político, esta declaração da existência de verdades absolutas, fundamentadas exclusivamente no absurdo, desprezando a razão, que se resume na devoção cega à figura de Lula.

A caraterística fundamental das ideologias por mais esdrúxulas que sejam, como é o caso do lulopetismo, é a de pretender ser uma forma superior de Lei universal que se inspira nas próprias fontes e dispensa bases de referência legais e éticas, se colocando assim acima das Leis e para além do bem e do mal.

A ideologia dispensa qualquer parâmetro legal e ético porque ela tem os seus próprios parâmetros para determinar a escala de valores da sociedade, ela pretende ser a régua que vai conferir a medida de todas as coisas.

Para o ideólogo tudo é permitido porque para ele as instituições, as organizações sociais, o rito democrático, a Constituição e mesmo as pessoas não passam de recursos, instrumentos ou de meios de ação utilizados de acordo com a situação e conveniência para alcançar os seus fins.

Não apenas os aventureiros e criminosos vivem da exploração da ignorância em busca de grandes fortunas. Ela pode ser explorada mais a fundo e em maior escala pelos políticos e intelectuais, e as ideologias, por ex.. O lulopetismo, é uma prova viva disso.

Nossa intelectualidade acadêmica e não o povo brasileiro que é a expressão viva do retrato da tristeza Brasileira, que nas palavras de Paulo Prado (1869-1943) se resume na filosofia da Senzala:
“Na promiscuidade do convivio, verificava-se que a escravidão foi sempre a imoralidade, a preguiça, o desprezo da dignidade humana, a incultura, o vício protegido pela lei, o desleixo nos costumes, o desperdício, a imprevidência, a subserviência ao chicote, o beija-mão ao poderoso — todas as falhas que constituíram o que um publicista chamou a filosofia da senzala, em maior ou menor escala latente nas profundezas inconfessáveis do carácter nacional.” [PRADO, 2006, p.109]

Os nossos intelectuais acadêmicos são a prova inconfessável dessa filosofia da Senzala ao praticarem o culto da ideologia e do vício em detrimento da verdade e da virtude, como bem expressa o ato de servidão voluntária em defesa ao Comandante Lula.

Se as palavras não estão claras vale a pena observar abaixo o retrato da nossa intelectualidade que luta pela idolatria e corrobora com a nossa miséria intelectual e moral.

El aquelarre de Francisco de Goya (1746 -1828)