• Fábio Lavinsky
  • 13/03/2016
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POR QUE ESTAREI NA RUA (13/03/2016)- UMA ANALOGIA COM A MEDICINA

(Publicado originalmente em http://lavafabio.tumblr.com/)


Gosto muito de utilizar premissas médicas/biológicas/cientificas para me posicionar frente a situações controversas e dilemas. O “senso comum” científico ajuda muito pois mesmo os fenômenos sociais e políticos muitas vezes se comportam de forma análoga aos fenômenos patológicos.

Muitos argumentam que ir amanhã é inócuo pois o que vivemos é uma crise total na classe política e na relação desta com o dinheiro público. Que a corrupção é sistêmica e que vivemos em um oceano de incompetência que transcende partidos e aflige municípios e estados tanto quanto a federação.

Concordo.

O Brasil sofre de uma neoplasia político-administrativa. Um câncer que vige há séculos após uma monarquia e um período colonial malfadado cujos paradigmas não se dissiparam com a Republica. A mentalidade de monarquia ibérica- espoliação, aristocracia, burocracia, foco na regulação e não na produção, aversão a competição e ao resultado, cultura de impostos brutais, corte mancomunada com coronéis e com a indústria mamando na classe média- continuam. O PT realmente não inventou.

O PT aprimorou de forma exponencial nossas mazelas estruturais e criou mecanismos de auto sobrevivência com políticas aparentemente positivas, mas que foram cabalmente utilizadas como cabresto e imortalização do poder. Ou seja, um câncer de crescimento lento se transformou em um câncer maligno e agressivo. E assim como o câncer maligno que ao focar na sua própria sobrevivência deixa o corpo astênico, gera metástases e acaba matando o indivíduo, o PT no governo Dilma adquiriu este tipo de atitude.

Mas então, por que ir se manifestar se o câncer de hoje é o mesmo daquele da época Tiradentes, por que só contra o PT?

A resposta é simples. O governo Dilma é um choque. Choque no sentido médico da palavra. O Brasil foi pra UTI com pressão arterial 0/0. Aqueles mecanismos que seguravam o organismo ,mesmo que cancerígeno, funcionante no governo Lula foram quebrados por uma hemorragia potencialmente fatal.

A hemorragia se dá com um PIB negativo mesmo com supersafra, com evasão de capitais pois todo o mundo enxerga o Brasil como uma loja de carros usados picareta, com deterioração de todos os indicadores econômicos e consequentemente de todos os indicadores sociais. Nos últimos 3 anos a nova classe C empobreceu e os parâmetros para classe média foram reduzidos a 50 dólares/mês (!!!).

O Brasil precisa de químio e radioterapia. Precisa revolucionar e reformar a política nos três poderes. Precisa acabar com esse federalismo onde Brasília é metrópole e os estados são as colônias. Precisa revolucionar as relações com os entes privados e encerrar a promiscuidade entre ente público e privado. Muitas vezes essa promiscuidade é fantasiada de vaca sagrada econômica gerando barreiras à competição e àquilo que parece público é fruto de uma paracutaca de cartas marcadas onde todos ganham.

O Brasil precisa de uma revolução na educação. Não só na alfabetização, mas também na mentalidade. As pessoas têm que saber empreender, criar, ser diferentes, aprimorar seus talentos. A educação que coloca todos na mesma panela e tira o MMC dos alunos é cômoda e politicamente correta. Mas ela cria uma massa de improdutivos e de analfabetos funcionais. E estes improdutivos e analfabetos são a massa de manobra mais fácil de cooptar e de alinharem a quadros onde a MILITANTOCRACIA é a métrica de sucesso.

O Brasil precisa de quimio e radioterapia. Porém o Brasil precisa sobreviver ao CHOQUE HIPOVOLÊMICO (perda de sangue) causado pelo governo Dilma. E para encerrar essa hemorragia deve se cauterizar a causadora dela- GOVERNO DILMA ROUSSEF. O pior governo da história do Brasil.

Em nome do pedido de renúncia de DILMA e do fim desta sangria desatada em nossas entranhas eu ESTAREI NA RUA AMANHÃ mesmo que discordando de muitas das bandeiras que serão levantadas lá.

Primeiro salvar a vida do paciente em morte iminente, depois tratar a patologia de base gravíssima. Simples assim.
 

* Médico