• Dr. Jesus Rodriguez, MD
  • 07/09/2023
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Sem comentários

 

Dr. Jesus Rodriguez, MD

Nota do editor: Recebi este depoimento do Dr. Jesus Rodriguez, médico cubano que, por essas andanças da vida, acabou tendo três pátrias e, agora, contempla, em todas, a degradação causada pela má política.

Ultimamente alguns amigos me perguntaram por que não comento mais na net.

Durante vários anos fiz comentários políticos, principalmente sobre as minhas três Pátrias: Cuba, a América e Espanha, mas a verdade é que, nelas, a situação política e o debate político se tornaram tão tensos e rasos que é difícil fazê-lo, sem cair na polêmica de insultos e desqualificações.

Em Cuba, minha terra natal, uma ditadura de quase 66 anos levou a nação a níveis de pobreza nunca antes vistos; ao mesmo tempo, parece alienada, sem procurar soluções válidas para a situação de miséria a que submeteu a população. A resposta popular tem sido fugir a qualquer custo, a tal ponto que algumas pesquisas mostram que 78% dos cubanos estão em processo de emigração ou têm interesse em emigrar! A oposição atomizada carece de poder de convocação e a resposta popular tem-se limitado a proferir insultos cada vez mais grosseiros a cada dia, no meio da intolerância ou dos padrões duplos de muitos. Por sua vez, o exilado, cada dia menos influente, muitas vezes -principalmente- mostra mais preocupação com a atitude de um artista, do que em resolver os graves problemas da ilha.

A América, a minha pátria adotiva, passa por uma polarização, talvez nunca vista desde a Guerra Civil, enquanto o prestígio das instituições é posto em causa e “teorias da conspiração” fervilham nas redes. Talvez o mais doloroso seja que a Presidência da nação mais poderosa do planeta, com 331,0 milhões de habitantes (2021), parece ser novamente disputada por dois octogenários, envolvidos em graves crimes.

Na Espanha, um Presidente do Governo mentiroso, irresponsável e sem escrúpulos tenta manter-se no poder a todo o custo, fazendo concessões sem precedentes aos nacionalistas, pró-independência e terroristas, enquanto o seu homólogo, depois de graves erros que mediaram a sua vitória eleitoral, agora flerta com seu adversário e segue alguns de seus maus passos.

Diante desse cenário, é melhor recorrer à frase popular: “Sem comentários”.