DEPOIS DE DILMA FALAR QUE MUDARÁ EQUIPE ECONÔMICA NUM SEGUNDO MANDATO, MANTEGA DIZ QUE NÃO QUER MAIS FICAR NO GOVERNO
Economista Alfredo Marcolin Peringer
Nesse aspecto, a nossa presidenta tem o apoio dos economistas mais esclarecidos. Um ministro que não sabe que a inflação é um problema eminentemente monetário ou que pensa que a economia pode ser estimulada via incrementos da Demanda, principalmente advindos dos gastos governamentais, até pode ter uma profissão, menos a de economista.
Aliás, esse não é apenas o pensamento da maioria dos economistas brasileiros esclarecidos, como a de uma célebre Revista, a "The Economist". Há cerca de dois anos, escreveu nas suas páginas: "If she wants a second term, Dilma Rousseff should get a new economic team". Imagino que Dilma só não fez isso na época para não ser acusada de ter deixado uma revista estrangeira interferir nas lides econômicas brasileiras. Mas faz agora, mostrando que o antigo adágio, "antes tarde do que nunca", continua prevalecendo. Mas nem precisava: o Aécio deverá ganhar as eleições e, com absoluta certeza, contará com outra equipe econômica.
CAMPANHAS: FINANCIAMENTO PÚBLICO OU PRIVADO?
Sou inteiramente contrário ao financiamento público ainda maior (já existe um fundo partidário) para campanhas eleitorais. Os únicos que se manifestam a favor disso são os beneficiários dos recursos e os tolos que não sabem que são eles que irão pagar conta. E não adianta explicar. O brasileiro é o único pagador de impostos do mundo que não sabe que paga. Ele acredita que o governo faz o próprio dinheiro...
Ademais, em sã consciência, ninguém nascido neste país pode crer que instituído o financiamento público, deixará de haver financiamento privado. Nem quem está propondo pode levar isso a sério.
Obviamente, não existe fórmula perfeita. O que pode ser adotado são mecanismos para reduzir os custos das campanhas. Como? Reduzindo, por exemplo, o tamanho das circunscrições eleitorais, ou seja, o espaço geográfico onde cada candidato ao parlamento busca votos.
O que deveria ser proibido, no financiamento privado, é a doação de recursos para mais de um candidato ao mesmo cargo. Essa prática evidencia não uma adesão aos propósito do candidato financiado, mas a intenção de estabelecer influência sobre qualquer dos eleitos. Ou, nas eleições parlamentares, sobre muitos eleitos.
Nada há de errado em merecer apoio financeiro de uma empresa. Feio, muito feio, é tomar dinheiro do contribuinte (em nome de uma superior conduta moral) e, depois, ir buscar recursos nos cargos de governo, nas estatais e no achaque às empresas privadas. Se bem me faço entender.
PARECE QUE A BASE DO GOVERNO JÁ ANTECIPOU O "FINANCIAMENTO PÚBLICO" PARA SUAS CAMPANHAS
Outro dia disse alguém, tentando salvar a pele do governo, que delação é um ato despido de virtude. Que delação é falta de caráter. E que, portanto, a delação premiada concedida ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa vinha revestida pela indigência moral do delator.
Sim, e daí? Em que isso ajuda o governo? Se à delação corresponderem provas, é assim - e quase só assim - que se desvendam crimes nos quais quem tem provas destrói e quem sabe não conta. Se confirmadas as denúncias estaremos diante de um crime de natureza política atingindo personalidades de estatura superior às que foram condenadas no processo do Mensalão.
Quando estão sendo colhidas assinaturas para o plebiscito e projeto petista de reforma política que inclui financiamento público de campanhas, parece que alguns partidos e personalidades da cena política anteciparam o seu quinhão junto aos negócios da Petrobras.
E O GOVERNADOR GAÚCHO DIZ QUE O RIO GRANDE É O ESTADO QUE MAIS CRESCE NO PAÍS
Insistente e repetitivamente, como devem ser propagadas as lorotas, o governador Tarso Genro tem afirmado que o Rio Grande do Sul "é o Estado que mais cresce na Federação", ao que aduzia haver o Rio Grande crescido três vezes mais do que o Brasil. É pouco provável que algum gaúcho já não tenha ouvido isso, seja em entrevistas de Sua Excelência, seja durante os programas da coligação governista nos horários destinados à propaganda eleitoral gratuita.
Havia um evidente desencontro entre essa propaganda e os fatos conhecidos. O enunciado nas páginas de economia e o anunciado pelo governador jamais se encontravam. Pois eis que hoje, 5 de setembro, manchete de capa do jornal Zero Hora expõe em letras maiúsculas que "PIB gaúcho encolhe apesar da boa safra". A leitura da matéria informa que o crescimento do PIB gaúcho em 2014 deve ser igual ao crescimento do PIB nacional (que ficará na faixa do zero vírgula muito pouca coisa). No segundo trimestre deste ano, comparativamente com o segundo trimestre do ano passado, a agropecuária gaúcha decresceu 6,7%, a produção industrial regrediu 6,3% e o setor de serviços cresceu 0,1%. Alguns setores industriais simplesmente despencaram: veículos automotores (- 17,4%); metalurgia (-22,5%) e construção civil (-8,5%). Assim é a ilha de prosperidade em que vive e a respeito da qual discursa o governador gaúcho.
Pessoas como Roberto Campos deveriam receber, pela dedicação ao interesse público, pelo brilho e lucidez de suas inteligências, um crédito conversível em anos de vida, para melhor uso e fruto, para maior proveito de sua atividade intelectual ao longo do tempo.
Intelectuais com visão de estadista (ou estadistas que também sejam intelectuais), além de raros, costumam receber da história uma justiça demasiadamente tardia. Não foi diferente com Roberto Campos, vilipendiado como Bob Fields pelo que, ao seu tempo, havia de mais retrógrado e burro no Brasil. Impotentes para enfrentá-lo num debate, incapazes de alcançar o nível dos seus chinelos, esses seus aversários, militantes na esquerda brasileira, reservavam para ele a essência de seu mau humor.
A frase que escolhi para lhe prestar esta homenagem é um pitéu. Uma dessas pequenas joias que devem ser lidas com os olhos e saboreadas com o paladar, que é, sim, um atributo das inteligências educadas, dotadas da capacidade de apreciar, com a acuidade dos cinco sentidos, os feitos e confeitos da sabedoria alheia.
TOTALITARISMO E IDOLATRIA
Percival Puggina
Todos os totalitarismos necessitam de um líder máximo, de um tipo mítico para chamar de seu. As ruas se enchem de imagens desse sujeito, suas frases são repetidas incansavelmente até se transformarem em orações. Imensos outdoors e retratos no interior das residências fazem com que as pessoas submetidas a tais processos psicológicos não mais distingam o sujeito do objeto e tudo vira foco de reverência.
Sempre foi assim, no Ocidente e no Oriente, no Norte e no Sul. Já tivemos um pouco disso com Getúlio, ainda que em grau menor do que aconteceu na Argentina de Perón. Foi assim na Espanha com Franco. Na Itália com Mussolini. Na URSS com Lênin, Stalin e seus sucessores. Na China de Mao. Em Cuba de Fidel. Na Coreia do Norte de Kim Il-Sung. E por aí vai.
O culto da personalidade de algum líder máximo é indicativo do viés totalitário instalado em uma sociedade. Não foi diferente com a mitificação de Che Guevara para a propaganda comunista mundo afora. Não fez menos Chávez com sua imagem e não fazem menos os chavistas após sua morte. A "oração do delegado", à semelhança do Pai Nosso cristão, santifica o criador do comunismo bolivariano e o instala num trono de nuvens.
Fatos assim, evidências desse porte, põem a nu o caráter não democrático da esquerda brasileira que defende, apoia e financia, com dinheiro nosso, as loucuras de um regime que já jogou a economia venezuelana no fundo do poço e dividiu talvez irremediavelmente aquela nação vizinha.
* Na seção de vídeos deste site (www.puggina.org/videos) você pode assistir a recitação desse "pai nosso" chavista.