• 31/08/2023
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A conta dos banquetes

 

Percival Puggina

         A lei das estatais foi um dos feitos do governo Michel Temer. O ambiente era favorável. Os escândalos do petrolão, revelados pela força-tarefa da Lava Jato, criaram o clima para a aprovação de uma lei que preservasse essas empresas das manipulações políticas. A corrupção era uma das várias consequências dessas manipulações. Outras se apresentavam sob a forma de prejuízos operacionais. Outras eram pendengas judiciais, perda de credibilidade e baixo valor de mercado. Por aí seguia o desastre que todos pudemos presenciar.

A curta memória nacional já esqueceu tudo isso. O tempo passou, a Lava Jato enfrentou seu destino no triturador de papéis da história. O PT voltou ao poder, a fome por cargos políticos bem remunerados, por dinheiro fácil prevaleceu, virou o jogo e deu no que já se vê. O STF viabilizou o retorno das nomeações políticas, permitindo a entrega de estatais a pessoas despreparadas.

Acabo de ler conteúdo enviado por Leandro Ruschel. Em certo trecho, ele relata:

Foi anunciada pela metalúrgica Tupy a entrada de dois novos membros no Conselho de administração da empresa: a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro da Previdência, o pedetista Carlos Lupi.

Além do salário como ministro de R$ 41.650,00 cada um receberá remuneração adicional de até R$ 51.411,00.

Qual é a experiência de Franco e Lupi no setor de metalurgia? Ou mesmo na administração de uma empresa? Aparentemente, nula. No currículo da ministra, apontado pela empresa, há destaque para sua formação em jornalismo e em inglês, além de mestrado em "relações étnico-raciais". Já Lupi foi sindicalista a vida toda, com o currículo recheado de indicações políticas, mas nenhuma experiência gerencial em empresas que precisam lucrar para sobreviver.

Isso tudo é demasiadamente típico da governança que temos e do que se pode descortinar no horizonte de nossa economia e de nossa política. No final da linha, é o que se pode esperar, também, para os setores mais carentes de nossa sociedade, que, com maior sofrimento, pagarão a conta comum desses banquetes.