• 12/07/2022
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Europa: A demografia governa a democracia

Giulio Meotti, em Gatestone Institute
Há uma substituição da civilização e a mídia sequer cobre o assunto.

Sept pas vers l'enfer ("Sete Passos Até o Inferno"), título do novo livro de Alain Chouet, antigo número dois da DGSE, o poderoso serviço de contrainteligência francês, é uma acusação às elites europeias. Chouet lembra:

"sou convidado todos os anos para proferir uma palestra sobre os problemas do mundo árabe em Molenbeek, subúrbio de Bruxelas. Um dia lá estava eu... quando Philippe Moureaux, prefeito socialista da cidade e chefão do Partido Socialista da Bélgica, ocupou a primeira fila ao lado de dois imponentes guarda-costas trajando jelabas (robes muçulmanos), de barbas e boinas brancas. Perante a plateia, Moureaux disse que eu não era a pessoa certa para me pronunciar sobre o mundo árabe, sendo eu de um país que torturou muçulmanos na Argélia. Sua forma de pensar é significativa no tocante à maneira, desde o final dos anos 1980, da esquerda europeia ter deixado se levar pelas sirenes do salafismo militante. A gestão de Molenbeek é exemplar neste sentido: autorizações facilmente concedidas, sem nenhum controle para a abertura de mesquitas, escolas islâmicas privadas, clubes culturais e desportivos generosamente subsidiados pela Arábia Saudita".

Dos 89 membros do Parlamento Regional de Bruxelas, 25 não são de origem europeia.

Chouet continua:

"eu acuso os líderes políticos de nunca se interessarem em entender a ascensão do Islã radical e de deliberadamente fazer vista grossa quanto a ele, por conta do eleitorado e da 'correção política'. Eu os acuso de permitirem que vários municípios incrementassem o radicalismo jihadista por anos a fio, a ponto de uma autoridade da bancada socialista dizer: 'temos ciência do problema de Molenbeek, mas você quer o que? É um eleitorado que não pode ser negligenciado'".

Agora é a vez da França. "o voto muçulmano é decisivo?" perguntou o escritor argelino Kamel Daoud no semanário francês Le Point.

A reeleição de Emmanuel Macron era previsível. O verdadeiro abalo da última eleição presidencial francesa foi o estrondoso salto da esquerda radical. O candidato Jean-Luc Mélenchon, do partido "La France Insoumise" ("França Rebelde"), pró-imigração, fez avanços dramáticos se comparados a 2017. Ele conquistou 22,2% dos votos, somente um ponto atrás de Marine Le Pen. Vale ressaltar que ele obteve 69% do voto muçulmano.

"Melenchon," salientou o filósofo francês Alain Finkielkraut em entrevista à tv francesa Europe 1 "está apostando na Grande Substituição para abocanhar mais poder". Finkielkraut também tinha mencionado a "Grande Substituição" em janeiro, quando ressaltou que a substituição dos povos europeus pelos africanos, asiáticos e os do Oriente Médio era "óbvia".

"Trata-se de fato de uma fragmentação e sim, o risco existe e, de qualquer maneira, acredito que a substituição demográfica da Europa é extremamente espetacular. Os que historicamente habitavam certos municípios e regiões estão virando minoria."

Os subúrbios e as grandes cidades da França com alto índice de imigração têm sido o coração do projeto político de Mélenchon, onde ele obteve 60% dos votos nas eleições.[1]

O que nos dizem esses números? Que muitos entraram na onda do Islã político e a sensação de solidariedade comunal produziu os resultados desejados. Mélenchon, que participou das "marchas contra a islamofobia" e comparou os muçulmanos de 2022 com os judeus de 1942, previu a "crioulização" da França: "em 2050, 50% da população francesa será mista".

*Tradução de Joseph Skilnik

**Leia mais em https://pt.gatestoneinstitute.org/18691/europa-demografia-democracia

Comento

            Essa é uma nova realidade demográfica, prenunciada há mais quando ocorreu o auge das migrações de refugiados provocadas pela guerra na Síria. E, sim, a demografia tem consequências políticas, mormente quando os europeus se afastam dos fundamentos cristãos de sua cultura e não querem mais se reproduzir. Os muçulmanos, por sua vez, são zelosos em relação à própria cultura e religião e se reproduzem aceleradamente.

O ambiente político se complica de parte a parte, com manifestações radicais eticamente desprezíveis, com o surgimento de preconceitos e ações terroristas, como já tivemos oportunidade de presenciar.

Quem estiver aí, observará as consequências dentro de duas ou três décadas. Uma coisa é o islamismo como religião, outra é o Islã político. O que ocorrerá quando essa peça do jogo assumir o poder dentro das regras do jogo democrático? Quem viver verá.