• 25/11/2015
  • Compartilhe:

INIMIGOS DO UBER, AMIGOS DE QUEM?
Percival Puggina

 É surpreendente a atitude dos gestores municipais de Porto Alegre - especialmente da EPTC - em relação ao Uber. E isso é surpreendente porque, salvo desvio de objetivo, a prioridade de todo gestor deve convergir ao interesse da comunidade a que serve. Sim, o verbo que deve estar cotidianamente conduzindo ações da administração pública é o verbo servir. Em hipótese alguma elas podem ser orientadas por rompantes de autoritarismo ou por susceptibilidades, como está acontecendo.

 O serviço de taxis de Porto Alegre é precário. A quantidade de veículos é insuficiente, a tarifa é cara, parte significativa da frota está aos pedaços (basta compará-los com os que atendem o aeroporto Salgado Filho). Muitos motoristas têm problemas de conduta e esse fato é reconhecido por outros tantos bons profissionais da categoria. Falta climatização a grande parte dos veículos. Fora de qualquer dúvida, os usuários reprovariam a qualidade do serviços de taxi da capital gaúcha se um dia a administração se preocupasse em consultá-los.

 Nesse contexto, barrar peremptoriamente o Uber é, em primeiro lugar, uma desconsideração para com a população; em segundo lugar, uma atitude protecionista e antimercado. Quem tem que decidir se quer ou não contar com esse serviço é o mercado e não a autoridade pública. No mínimo, mandaria a prudência que a administração concedesse ao serviço um prazo de experimentação pelos usuários. E se o serviço funcionasse a contento, que se mantivesse a mínima regulamentação que se julgasse imprescindível. E digo mínima, mesmo, porque ninguém fiscalizaria melhor esse serviço alternativo do que o próprio usuário.

Dizem os defensores do estatismo, os adversários da liberdade de mercado, que o mercado não resolve tudo e usam esse refrão para impedi-lo de resolver tudo que pode, inclusive uma questão banal como essa.

Até prova em contrário, os inimigos do Uber têm amizades suspeitas.