• 27/10/2014
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A HORA DOS ESQUELETOS - Uma avaliação da realidade do RS

Acabou o período ficcional de 2014. A criatividade, a fantasia, o maná que cairia sobre o deserto de ideias sai de cartaz e retornamos ao mundo real, onde não há mágicas nem bruxarias. Mas há esqueletos...
Nossas campanhas eleitorais para cargos executivos são assim: os que querem continuar no governo descrevem estupendas realizações que, ou não se veem, ou não são estupendas. Os que pretendem substituí-los tratam de mostrar que as coisas estão mal, mas se resolvem com robustas doses de um elixir chamado vontade política. Isso ocorre porque há pelo menos duas mensagens que o eleitor rejeitaria: a de que tudo está irremediavelmente mal e a de que a solução dos problemas exigirá sacrifícios. O eleitor não quer saber dessas coisas.
José Ivo Sartori navegou competentemente por tais águas. Transmitiu tranquilidade ao eleitor, sem, no entanto, deixar de mostrar que há dificuldades a serem enfrentadas. Venceu também por isso. A arrogância de Tarso Genro não lhe permitiu fazer qualquer concessão a quem expusesse problemas em sua gestão. Não, para Tarso, seu período de governo foi irretocável. Nada podia ter sido feito de outro jeito, nem melhor. O eleitor examinou a mercadoria e não comprou.
A eleição, porém, é apenas um episódio da política. É uma dessas estações multimodais com várias conexões. O Rio Grande do Sul decidiu mudar de trem, de direção, e vai em frente. Quando janeiro chegar, o governador eleito precisará fazer o que, por essas coisas da política e pelas idiossincrasias do eleitor, não se faz no período adequado da campanha eleitoral: abrir os armários em busca dos esqueletos. E são muitos.
A situação financeira do Rio Grande do Sul não permite que o Estado sequer minore seus males por conta própria. Esse é o maior esqueleto, ocupando a maior parte do armário. Haverá, portanto, inúmeras oportunidades para conhecermos a que e a quem servem nossos congressistas. Servem a si mesmos? Aos projetos políticos de seus partidos? Ao Rio Grande? As perguntas não são retóricas. Quem observa atentamente a política já presenciou inúmeros momentos em que bancadas gaúchas inteiras, atuando no Congresso Nacional, colocaram o interesse partidário acima do bem do Estado e de seus eleitores. O petismo é assim. Não disse José Dirceu, falando em Canoas (o vídeo está no YouTube), que o que importa é o partido e o projeto do partido?
Vejo tais condutas como moralmente injustificáveis, mas são fatos. Constrangedores fatos da nossa vida pública. Que eu espero não voltem a se repetir porque o Rio Grande do Sul precisa subir alguns degraus na qualidade do jogo político que aqui se desenrola.