• Cesar Maia
  • 14/04/2016
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A ORDEM DE VOTAÇÃO DO IMPEACHMENT! ANTECEDENTE!


Cesar Maia

1. A imprensa informa que a ordem de votação na Câmara de Deputados, relativa ao Impeachment de Dilma, será pelos Estados e de Sul em direção ao Nordeste. Segundo essas matérias, como os votos a favor do impeachment são maiores no Sul e assim por diante e menores no Nordeste, a votação avançaria com vantagem para os pró-impeachment. E assim criaria um ambiente favorável e estimulante para aqueles que ainda estiverem indecisos.

2. Um importante antecedente a respeito aconteceu na convenção do PSD de 10 de fevereiro de 1955 para a escolha do candidato a presidente. JK, governador de Minas Gerais, surgia como candidato. Mas o líder mineiro Benedito Valadares, ex-governador, espalhava ruído nos bastidores que não era o candidato ideal.

3. JK foi um governador muito próximo ao presidente Getúlio Vargas. Mesmo após o suicídio de Getúlio essa marca se mantinha. A polarização Getulistas x AntiGetulistas alcançou o auge em 1954, até seu suicídio. O nome de JK, colocado como pré-candidato a presidente, gerou reações dentro e fora do PSD.

4. O jornal O Globo publicou editoriais sistemáticos -de capa- assinados por seu controlador, tentando mostrar os riscos de uma candidatura de JK, pois esta seria a continuidade explícita de Getúlio Vargas.

5. O resultado futuro da Convenção do PSD continuava indefinido, mesmo com a Convenção muito próxima. O presidente do PSD –Amaral Peixoto- genro de Getúlio Vargas e íntimo deste, naturalmente assumiu a candidatura de JK. Mas a insegurança em relação aos VOTOS ABERTOS na Convenção era muito grande.

6. O fator decisivo era o voto de Benedito Valadares e dos delegados de Minas Gerais que o acompanhavam. Como os adversários de JK não eram de Minas Gerais, Amaral Peixoto adotou uma tática para levá-lo à vitória. Em vez da votação ser por Estado –que independente do sentido colocava Minas Gerais no meio da votação- Amaral Peixoto, com seu poder de presidente do PSD, abriu a sessão.

7. Ao definir as regras para a votação, surpreendeu e disse que a votação nominal seria delegado a delegado independente do Estado, e obedeceria a ordem alfabética. Dessa forma, Benedito Valadares seria dos primeiros a votar e não poderia votar contra o candidato de Minas Gerais. Fechou a cara e votou por JK. Isso levou todos os delegados mineiros a acompanhar seu voto. Não havia como realizar reuniões paralelas no meio da votação. Criou-se o ambiente de vitória para JK.

8. Venceu JK, que passou a ser candidato a presidente pelo PSD. Amaral Peixoto narra este episódio no livro Amaral Peixoto, editado pela FGV. A partir daí as regras da sequência dos votos nas Convenções e no Legislativo passaram a ser elemento significativo para o resultado de votações indefinidas.