• Percival Puggina
  • 20/06/2016
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ALÔ RIO! ALÓ BRASIL! A PRINCIPAL CALAMIDADE PÚBLICA É A IRRESPONSABILIDADE FISCAL

 

 Em recente artigo para a Folha, Bernardo Mello Franco desfila os atos de irresponsabilidade fiscal que levaram o Rio de Janeiro a uma crise sem precedentes. No texto, o articulista afirma que o decreto de calamidade pública assinado pelo governador em exercício Francisco Dornelles "é uma fraude porque a lei só prevê o estado de calamidade quando há uma “situação anormal, provocada por desastres”. O desastre do Rio, acrescenta, "foi ter um governo que gastou como se não houvesse amanhã, envolveu-se em escândalos bilionários e agora culpa a queda do preço do petróleo pelo rombo nas contas. Além de bancar loucuras como a demolição e reconstrução do Maracanã, o Estado abriu mão de arrecadar R$ 185 bilhões de 2007 a 2015, segundo relatório do Tribunal de Contas do Estado. A farra de isenções beneficiou boates, motéis e cabeleireiros".

 Com parcelas variáveis, essa é a história da crise do Rio de Janeiro, da maior parte dos Estados brasileiros e, por excelência, é a história da crise nas finanças nacionais, com seus desastrosos reflexos na economia como um todo, durante o governo petista.

 Desse infortúnio só sairemos quando a nação se der conta de que não existe uma coisa chamada "dinheiro do governo" porque todo dinheiro do governo é produto do suor do nosso rosto e o suor do nosso rosto não deve ser esbanjado em gastos inúteis, em campanhas eleitorais tão custosas quanto comprometedoras, nem roubado por quadrilhas instaladas no coração do poder. Em outras palavras, a crise não se resolverá enquanto a sociedade não perceber que:

• sua relação com o Estado é sempre perdedora,
• todo o peixe doado é uma pescaria perdida,
• o melhor governo é o que procura se fazer menos necessário,
• a soma das despesas tem que ser menor que a soma das receitas,
• o suor de seu rosto não pode bancar extravagâncias alheias,
• a meritocracia estimula a superação, ao passo que recusá-la estimula os efeitos cumulativos e crescentes da mediocridade.

 O que torna difícil tal compreensão é a força da publicidade no sentido contrário, transformando irresponsabilidade em mérito, o Estado em salva-vidas e gerente de falsas generosidades, e a recusa à meritocracia em serviço à Justiça.