• Percival Puggina
  • 17/01/2016
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CELSO DANIEL MORREU, MAS O CASO AINDA VIVE.

No Brasil do jeitinho, do jeitinho criminoso por ação e omissão, por culpa e dolo, certas investigações morrem de inanição, perdidas nos arquivos, entre traças e baratas. Há, aqui, uma anistia de luxo, proporcionada pela indiferença e consolidada pelo esquecimento. Assim foi possível enterrar Celso Daniel e sepultar seu caso numa cova ao lado. Muitas pessoas morreram para que isso acontecesse. E tudo foi levado à vala comum onde jaz o corpo de delito de um caso no qual não convém mexer.

 Apesar de toda essa longa e pouco honorável tradição, em Curitiba, como diria o moleiro de Sans Souci, há um juiz, promotores e policiais federais. Há menos de dois meses, em meio à imensa meada de fios da investigação, ganhou luz do dia a notícia de que lá atrás, em 2012, na esteira de sua condenação, Marcos Valério fez importante denúncia ao MPF. O bem informado e mal orientado publicitário relatou que um empréstimo concedido pelo Banco Schahin ao empresário José Carlos Bumlai, nos idos de 2004, teve como finalidade pagar uma extorsão a que eram submetidos Lula e o ex-ministro Gilberto Carvalho. Marcos Valério pretendia delação premiada, mas o prêmio saiu para os suspeitos. Por alguma razão, o dito ficou pelo não dito.

Agora, passados três anos, porque há um juiz em Curitiba, o caso retorna. O pedido de prisão de José Carlos Bumlai menciona aquela denúncia entre os possíveis destinos dados a um empréstimo de R$ 12 milhões concedidos ao PT pelo Banco Schahin. Posteriormente, esse valor virou pixuleco e foi "perdoado" em troca de um contrato com a Petrobrás. E nós, simples cidadãos, ficamos divididos. De um lado, alegra-nos saber que o caso está sendo exumado. De outro, somos acometidos de pesar e a indignação ante o que fizeram com nosso país.