• Percival Puggina
  • 31/07/2016
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DEPUTADO RODRIGO MAIA LANÇA TEMER PARA 2018 E VAI DE CAMINHÃO PARA CIMA DO BOM SENSO


O Diário do Poder publica matéria cujo primeiro parágrafo informa o seguinte:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente em exercício Michel Temer podem disputar o segundo turno da eleição presidencial de 2018 – e Temer vencerá. A previsão, ou premonição, a ver, é do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que amanhã reabre os trabalhos depois de duas semanas de recesso. “Se o Michel for confirmado presidente, e o governo chegar a 50% de ótimo e bom, ele é que será o candidato do nosso campo, quer queira, quer não”, disse. “Nesse caso, há uma forte tendência de ir para o segundo turno e ganhar de Lula.”

A inoportuna declaração expressa uma das maldições do presidencialismo, com suas eleições em data marcada, sempre antecipando condutas, campanhas prévias, práticas sorrateiras de angariar votos mediante o uso das estruturas do governo, do Estado e da administração pública. Num sistema político com maior racionalidade, em que essas funções são separadas e onde apenas o governo é uma competência partidária, isso não acontece. Mandatos parlamentares têm prazo máximo (quatro ou cinco anos, na maioria dos casos), mas não tem prazo mínimo, podendo ser convocadas eleições quando a necessidade política o imponha. A maioria parlamentar governa e o governo que perde a maioria parlamentar cai pois tem mandato de prazo incerto. Simples como isso, sem estardalhaço, nem "golpe", nem mergulho no poço sem fundo das crises. 

Por outro lado, quando prognostica uma disputa, ainda por cima acirrada, contra Lula, Rodrigo Maia transmite a ideia de que, dentro de dois anos, Lula andará por aí, livre, leve e solto, recauchutado por João Santana, banho tomado e perfumado, como se a vida estivesse começando num patamar superior. Nos poupe desse terrorismo, deputado.

Antecipar candidaturas para o próximo pleito quando transcorreu apenas um ano e meio do atual mandato é vício de um sistema político e de uma prática na qual só o que importa é a eleição maior, a eleição presidencial, pois "the winner takes it all". O vencedor leva tudo e essa é uma a vitória pela qual tudo se sacrifica, principalmente a gestão. Era isso que Rodrigo Maia tinha em mente ao profetizar para 2018. Deveria ter ficado mais tempo sentado nos últimos bancos, seguindo conselho de seu pai, conforme narrou em seu discurso de posse. Ou atentado para melhores professores.