• O Tempo
  • 25/05/2016
  • Compartilhe:

DIRCEU LEVOU R$ 2,8 MI EM PROPINA DE CONTRATOS DE TUBOS, DIZ PF

 

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), condenado 23 anos e três meses de prisão na semana passada por participação no esquema de corrupção em contratos da Petrobras, voltou a ser citado em nova fase da Operação Lava Jato suspeito de ter recebido um total de R$ 2,8 milhões de propina envolvendo empresas fornecedoras de tubulações para a estatal.

A 30ª fase, denominada Vício, foi deflagrada nesta terça-feira (24), com 25 mandados de busca e apreensão, nove conduções coercitivas cumpridas e a prisão preventiva de Eduardo Aparecido de Meira e Flavio Henrique de Oliveira Macedo.

Eles são sócios da Credencial Construtora Empreendimento e Representações, uma empresa de fachada, segundo os investigadores, que era usada para intermediar parte do pagamento de propinas.

A principal vertente da operação desta terça-feira envolve principalmente duas empresas fornecedoras de tubulações para a Petrobras, Confab Industrial e Apolo Tubulars, que juntas obtiveram contratos de R$ 5 bilhões com a estatal.

A força-tarefa apura um total aproximado de propina de R$ 40 milhões, incluindo parte do valor convertido de dólares, pagos a Dirceu e à Diretoria de Serviços da Petrobras, que era comandada por Renato Duque. A indicação de Duque ao cargo partiu do ex-ministro, segundo delatores da Lava Jato, o que o petista sempre negou em seus depoimentos.

Segundo o procurador Roberson Pozzobon, os pagamentos de propinas ocorreram pela Apolo e Confab "como forma de retribuição" aos envolvidos no esquema em razão da aquisição de contratos para a Petrobras.

Por indicação de Dirceu, segundo investigadores, a Apolo usou a empresa de fachada Credencial para fazer o repasse. A JD Consultoria, do ex-ministro e seu irmão Luiz Eduardo, recebeu R$ 1,675 milhão da Credencial, o equivalente a 25% do total de R$ 6,7 milhões pagos pela construtora falsa, repassados pela Apolo. Os 75% restantes foram destinados à Diretoria de Serviços, comandada por Duque.

A motivação de outros R$ 1,2 milhão recebidos pela JD Consultoria ainda é investigada pela força-tarefa da Lava Jato por suspeita de pagamento de vantagem indevida. Neste caso o caminho do dinheiro envolveu três meios até chegar a Dirceu. O recurso foi repassado à empresa do ex-ministro por meio de um escritório da advocacia a pedido da Interoil Representação Ltda., empresa utilizada na transação, por sua vez, pela V&M do Brasil S/A.

A Confab, por sua vez, fez o repasse da propina de US$ 9 milhões diretamente a Duque, por meio de contas no exterior, totalizando os aproximadamente R$ 40 milhões em propinas investigados nesta fase.

NAVIOS-SONDA
A 30ª fase da Lava Jato envolve, na prática, duas operações diferentes. Além da investigação sobre propinas pagas por fornecedoras de tubulações, a outra vertente previa a condução coercitiva de um ex-executivo da estatal Demarco José Epifânio por suspeita de envolvimento em corrupção em contratos de navio-sonda da Petrobras.

A medida não foi cumprida porque Epifânio, que era gerente da área de internacional da estatal, encontra-se na Rússia.

O criminalista Roberto Podval, que defende José Dirceu, disse que ainda está buscando informações sobre a operação desta terça para depois se manifestar.

Em nota, a Confab afirmou não ter evidências de que seus executivos tenham feito pagamentos ilegais para obter contratos com a Petrobras e que está colaborando com as investigações.

Procurada pela reportagem, a Apolo Tubulars ainda não comentou. A defesa dos sócios da Credencial presos nesta fase não foi localizada.